Donald Trump avisa Israel de que perderá apoio dos EUA se anexar a Cisjordânia

Agência Lusa , MP
23 out, 20:23
Donald Trump Benjamin Netanyahu Knesset Parlamento Israel (Evan Vucci/AP)

Trump garante que anexação da Cisjordânia ocupada "não vai acontecer", mesmo depois de o parlamento israelita ter aprovado um projeto de lei que prevê a anexação israelita

O Presidente norte-americano, Donald Trump, advertiu esta quinta-feira que Israel perderá o apoio dos Estados Unidos se tomar a decisão de anexar a Cisjordânia, indicando que deu a sua palavra aos países árabes de que tal não aconteceria.

“Isso não vai acontecer”, repetiu Donald Trump três vezes numa entrevista à revista Time publicada esta quinta-feira, um dia depois de o parlamento israelita ter aprovado, em primeira leitura, um projeto de lei para a anexação da Cisjordânia.

“Isso não pode ser feito agora”, acrescentou o governante.

Na mesma entrevista, Donald Trump afirmou que pretende visitar Gaza “em breve” e adiantou que prevê um relançamento iminente das relações de Israel com o mundo árabe, cujas lideranças pressionou a aceitar o seu plano de paz para a Faixa de Gaza.

“Bibi não podes lutar contra o mundo. Podes travar batalhas individuais, mas o mundo está contra ti”, recordou Trump nas declarações à Time, citando as palavras com que procurou convencer o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a apoiar a proposta norte-americana para o fim do conflito na Faixa de Gaza, no final de um “monólogo repleto de impropérios”.

O Presidente norte-americano chegou a sugerir que, caso Netanyahu não aceitasse o plano e o cessar-fogo com o Hamas, a aliança histórica entre ambos terminaria. 

“Foi uma declaração muito direta e contundente a Bibi”, confirmou o enviado especial de Trump para o Médio Oriente, Steve Witkoff, testemunha da conversa.

Trump relatou também como o ataque de Israel aos negociadores do Hamas no Qatar, no início de setembro, dificultou os esforços para negociar o fim do conflito no enclave palestiniano e como esse episódio o deixou enfurecido.

O líder norte-americano classificou o bombardeamento em Doha como “terrível” e considerou a decisão de Netanyahu um “erro tático” que violou a soberania do Qatar, aliado dos Estados Unidos (EUA) e mediador, juntamente com Washington, nas conversações de paz para Gaza.

Contudo, para o líder norte-americano, o incidente também representou uma oportunidade para demonstrar aos países árabes que a guerra em Gaza poderia transformar-se num conflito regional e assim reforçar o apoio ao seu plano de paz.

A intenção de visitar em breve o enclave palestiniano visa impulsionar os esforços de reconstrução e desenvolvimento da devastada Faixa de Gaza. 

Trump sugeriu ainda que pondera pedir a Israel a libertação do líder palestiniano Marwan Barghouti, considerado uma figura unificadora que poderia substituir Mahmoud Abbas à frente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP).

Após o forte apoio ao seu plano para a Faixa de Gaza, Trump espera alcançar, até ao final do ano, o objetivo de expandir os Acordos de Abraão, lançados durante o seu primeiro mandato presidencial e destinados a normalizar as relações entre Israel e os países árabes vizinhos, com especial enfoque em assegurar a adesão da Arábia Saudita, ator central na região.

Segundo a Time, a “visão otimista” do Presidente dos Estados Unidos traduz-se numa maior integração económica entre israelitas e países árabes, incluindo acordos de comércio livre, uma rede energética em Israel e linhas ferroviárias que liguem o Mediterrâneo ao Golfo Pérsico, com Trump como figura essencial para a concretização dos projetos.

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