Comissão que investiga ataque ao Capitólio pede acusação de dois ex-assessores de Trump e evoca Ucrânia

Agência Lusa , CM
29 mar 2022, 07:43

Vice-presidente da Comissão comparou o trabalho do painel aos cidadãos ucranianos que lutam pela liberdade face a uma invasão russa. "Enquanto nos encontramos aqui esta noite, Vladimir Putin continua a sua brutalidade contra a Ucrânia, matando inocentes, lembrando-nos o que acontece quando autoritários governam", disse Liz Cheney

A comissão da Câmara dos Representantes que investiga o ataque ao Capitólio decidiu acusar dois antigos assessores do ex-presidente Donald Trump de desrespeito ao Congresso.

A decisão foi tomada na noite de segunda-feira numa votação unânime. A Comissão argumentou que Peter Navarro, conselheiro para o comércio de Donald Trump, e Dan Scavino, ex-assessor de comunicação do republicano na Casa Branca, recusaram-se a cumprir intimações e não cooperaram na investigação do Congresso e, como resultado, devem ser encaminhados ao Departamento de Justiça por desrespeito.

“Eles não estão a conseguir enganar ninguém. Eles são obrigados a submeter-se à nossa investigação. Eles recusaram-se a fazê-lo e isso é um crime”, disse o deputado do Mississippi Bennie Thompson, presidente democrata da comissão, no discurso de abertura.

A recomendação de acusações criminais segue agora para o plenário da Câmara, onde provavelmente será aprovada pela maioria democrata. A eventual aprovação será depois enviada para o Departamento de Justiça, que tem a palavra final sobre a acusação.

A vice-presidente da Comissão, a deputada republicana Liz Cheney, de Wyoming, comparou o trabalho do painel aos cidadãos ucranianos que lutam pela liberdade face a uma invasão russa.

"Enquanto nos encontramos aqui esta noite, Vladimir Putin continua a sua brutalidade contra a Ucrânia, matando inocentes, lembrando-nos o que acontece quando autoritários governam", disse Liz Cheney, citada pela imprensa local, traçando um paralelo direto entre o trabalho da Comissão para responsabilizar Trump e a invasão russa da Ucrânia.

O privilégio executivo que Biden negou

Navarro tinha sido intimado, no início de fevereiro, para depor perante a comissão de investigação sobre as falsas alegações de fraude eleitoral nas presidenciais de 2020, conquistadas pelo democrata Joe Biden.

Embora o ex-conselheiro para o comércio de Trump tenha procurado utilizar o privilégio executivo para evitar cooperar com o painel, o governo de Biden negou este mês esta pretensão de Navarro, bem como a de outro ex-assessor, o antigo conselheiro de segurança nacional Michael Flynn.

Peter Navarro considerou esta votação da comissão de investigação um “ataque partidário sem precedentes ao privilégio executivo”.

“O painel sabe muito bem que o presidente Trump invocou o privilégio executivo e não é um privilégio renunciar", sustentou.

Para o antigo conselheiro para o comércio, é “prematuro a comissão avançar com acusações criminais contra um alto funcionário da Casa Branca a quem o privilégio executivo inegavelmente se aplica”.

Navarro acrescentou também que a discórdia parece estar “inevitavelmente” a cargo do Supremo Tribunal e defendeu que, até que haja uma resolução, a comissão da Câmara dos Representantes deve “cessar as suas táticas de assédio e intimidação".

Este painel da Câmara dos Representantes pretende apurar não apenas a conduta de Trump em 6 de janeiro de 2021, quando este apelou à multidão para “lutar incessantemente” contra o resultado eleitoral, mas também os esforços do republicano, e da sua equipa, meses antes, na contestação da derrota eleitoral ou na obstrução a uma transição pacífica de poder.

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