Kremlin diz que guerra vai durar "muito, muito tempo"

29 mar 2023, 13:35
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin (AP)

Rússia culpa o Ocidente pela "guerra híbrida" em curso

A "operação especial militar" da Rússia na Ucrânia vai durar "muito, muito tempo", garantiu o Kremlin, nesta quarta-feira. A afirmação foi feita quando Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, foi questionado sobre quanto tempo poderia durar a guerra e se esta poderia terminar ainda este ano.

"Se se está a referir a uma guerra num contexto mais amplo - trata-se de um confronto com Estados hostis, com países hostis, uma guerra híbrida que desencadearam contra o nosso país - então vai durar muito, muito tempo. E aqui precisamos de firmeza, confiança em nós próprios, determinação e unidade em torno do presidente", afirmou Dmitry Peskov durante a conferência de imprensa.

O esclarecimento surge depois de o jornal "The Guardian" ter avançado, citando duas fontes próximas do presidente russo, que durante um jantar com Peskov, no final de dezembro, este terá anunciado que "as coisas iam ficar muito mais difíceis".

"Suponho que estão à espera que eu diga alguma coisa. As coisas vão ficar muito mais difíceis. Isto vai demorar muito, muito tempo", terá afirmado o porta-voz do Kremlin durante um brinde.

Ao "The Guardian", uma das fontes afirma que "foi desconfortável ouvir o seu discurso", uma vez que "ficou claro" que Peskov estava a "avisar que a guerra iria continuar e que nos devemos preparar para um longo caminho".

No discurso ao Estado da nação, em fevereiro, Vladimir Putin culpou a Ucrânia, os Estados Unidos, a Europa e as elites russas pela guerra, dizendo mesmo que a culpa recai acima de tudo sobre o Ocidente que em 1939 "abriu a porta aos neonazis da Alemanha" que hoje fazem do povo ucraniano “reféns das questões ocidentais”. 

Por isso, garantiu na altura, “a Rússia vai responder a quaisquer desafios que enfrentar”. “Porque somos um país individual. Somos um povo unido. Estamos confiantes no nosso poder. A verdade está no nosso lado.”

A invasão russa iniciada em 24 de fevereiro de 2022 – justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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