Quase metade das famílias portuguesas tem dívidas. Saiba como evitar entrar numa espiral de endividamento

15 nov 2022, 19:00
Dinheiro (Getty Images)

Cortar com o cartão de crédito e planear um orçamento mensal são os primeiros passos para deixar de viver com aflição financeira todos os meses. Saiba como evitar uma aflição financeira

Em Portugal, cerca de 45% das famílias têm dívidas. Segundo os resultados do último Inquérito à Situação Financeira das Famílias (ISFF) publicado pelo Banco de Portugal, a percentagem de famílias com dívidas aumenta com a idade até ao grupo etário 35-44 anos e reduz-se nos grupos etários seguintes.

Viver sem dívidas parece uma verdadeira utopia para a maioria dos portugueses. Pelo menos de acordo com os dados do Banco de Portugal, que revelam um grau de endividamento das famílias equivalente a 83,7% do seu rendimento disponível no final do segundo trimestre deste ano. Apesar de elevado, são valores bem abaixo dos registados no período de 2007 a 2013, quando o rácio de endividamento das famílias estava acima dos 110% do rendimento disponível.

Fonte: Banco de Portugal

Para esta queda do nível de endividamento das famílias muito contribuiu a descida das taxas de juro desde 2013. Porém, essa tendência mudou muito no último ano, com a agressiva política monetária do Banco Central Europeu que, em menos de seis meses, elevou a taxa de juro do euro de 0% para os atuais 2% e com isso provocou uma escalada das taxas Euribor (que servem de referência aos créditos) para perto dos 3%, quando há menos de um ano estava a cotar a valores negativos.

Para que não venha a entrar em incumprimento ou a enfrentar uma situação de maior aflição financeira, comece já hoje a tomar medidas para bem das suas finanças pessoais:

  1. Faça um planeamento em família
    Um orçamento mensal bem planeado é meio caminho para uma vida financeira saudável. Mas para isso suceder é preciso a colaboração de toda a família. Comece por juntar toda a família à volta da mesa de jantar. De seguida, peça para cada membro elaborar uma lista de 20 despesas que ache fundamental para toda a família. Por fim, pegue numa lapiseira e aponte numa folha de papel as 15 despesas mais repetidas. De uma forma simples, acabou por eliminar 5 faturas das quais a família não sentirá muita falta e o seu orçamento agradecerá de bom agrado.
  2. Pague o cartão de crédito a 100%
    O cartão de crédito é o inimigo número um da maioria das famílias. O plafond do cartão desperta em muitos consumidores um sentimento de posse exagerada que os leva a acreditar que podem comprar mais do que aquilo que podem pagar. Porém, quando utilizado de forma sensata revela-se num instrumento bastante útil para fazer face a uma situação de emergência. Por essa razão, se já tem um cartão de crédito não o destrua. Guarde-o antes numa gaveta bem longe do seu campo de visão e quando o utilizar lembre-se de pagar a dívida sempre a 100%, evitando que haja lugar à cobrança de juros. Se não tiver qualquer cartão de crédito, continue assim ou então procure um que não cobre anuidades e ofereça descontos pela sua utilização.
  3. Rejeite o crédito fácil
    Não é raro receber um sms ou um telefonema do seu banco ou de um qualquer outro intermediário financeiro a oferecer-lhe um crédito pré-aprovado ou um cartão de crédito. Por trás das facilidades de obtenção de um crédito escondem-se taxas de juro elevadas e um mar de comissões. Tome cuidado com as “oferendas”.
  4. Não se deixe convencer pelas “suaves prestações”
    Se lhe venderem um crédito com o princípio de que permitirá pagar em “suaves prestações mensais” desconfie. O pagamento da dívida será tudo menos suave. No caso do crédito pessoal sem finalidade específica, por exemplo, a “suavidade” do pagamento pode traduzir-se numa taxa de juro até 13,3%.

(texto adaptado do editorial da newsletter de finanças pessoais “Portefólio Perfeito” enviada esta segunda-feira de manhã aos subscritores. Para passar a recebê-la só tem de fazer o seu registo aqui.)

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