FMI: dívida mundial subiu para 256% do PIB em 2020

Agência Lusa , DCT
15 dez 2021, 16:11
Sede do FMI em Washington

Segundo o FMI, a contração de dívida pelos Estados "contabilizou pouco mais de metade do aumento, à medida que a dívida pública global 'saltou' para um recorde de 99% do PIB"

A dívida mundial subiu 28 pontos percentuais (p.p.) para 256% do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2020, de acordo com a última atualização da base de dados da Dívida Mundial do Fundo Monetário Internacional, foi esta quarta-feira divulgado.

"A dívida mundial cresceu 28 pontos percentuais para 256% do PIB, em 2020, de acordo com a última atualização da Base de Dados da Dívida Mundial do FMI", pode ler-se numa publicação no blogue da instituição sediada em Washington.

De acordo com o texto, coassinado pelo diretor de Assuntos Orçamentais do fundo, o ex-ministro das Finanças português Vítor Gaspar, bem como pelos economistas Paulo Medas e Roberto Perrelli, em 2020 observou-se "a maior subida anual de dívida desde a II Guerra Mundial, com a dívida mundial a atingir os 226 biliões de dólares", cerca de 200 biliões de euros.

"A dívida já era elevada à entrada para a crise, mas agora os governos têm de navegar num mundo de níveis recorde de dívida pública e privada, novas mutações do vírus [SARS-CoV-2, que causa covid-19] e o aumento da inflação", referem os economistas.

Segundo o FMI, a contração de dívida pelos Estados "contabilizou pouco mais de metade do aumento, à medida que a dívida pública global 'saltou' para um recorde de 99% do PIB".

"A dívida privada de empresas não financeiras e das famílias também atingiu novos máximos", segundo a instituição liderada por Kristalina Georgieva.

O fundo destaca ainda que os aumentos de dívida são "particularmente fortes nas economias avançadas, onde a dívida pública cresceu de cerca de 70% do PIB, em 2007, para 124% do PIB, em 2020".

Já a dívida privada, "por outro lado, cresceu a um ritmo mais moderado, de 164% para 178% do PIB no mesmo período".

"A dívida pública representa agora quase 40% do total da dívida mundial, a maior percentagem desde meados dos anos 1960. A acumulação de dívida pública desde 2007 é sobretudo atribuível às duas principais crises económicas que os governos tiveram de enfrentar: primeiro a crise financeira mundial e depois a pandemia de covid-19", pode ler-se no texto.

Nas economias avançadas, a dívida pública cresceu 19 pontos percentuais do PIB

O FMI assinala ainda que as economias avançadas e a China contraíram "mais de 90% do aumento de 28 biliões de dólares [cerca de 24,9 biliões de euros] de dívida em 2020".

"Estes países puderam expandir a sua dívida pública e privada durante a pandemia graças às baixas taxas de juro, às ações dos bancos centrais (incluindo grandes compras de dívida pública), e mercados financeiros bem desenvolvidos", nota o FMI.

Nas economias avançadas a dívida pública cresceu 19 pontos percentuais do PIB em 2020, semelhante ao aumento "durante a crise financeira mundial, em dois anos: 2008 e 2009".

Já nos mercados emergentes e países de baixos rendimentos e em desenvolvimento, excluindo a China, representaram "pequenas percentagens do aumento na dívida mundial, cerca de 1 a 1,2 biliões de dólares (cerca de 887 mil milhões de euros a 1,06 biliões de euros), sobretudo devido a maior dívida pública".

"O grande aumento na dívida foi justificado pela necessidade de proteger as vidas das pessoas, preservar empregos e evitar uma onda de bancarrotas. Se os governos não tivessem atuado, as consequências sociais e económicas teriam sido devastadoras", assinala o FMI.

No entanto, o fundo adverte que a subida da dívida "amplifica as vulnerabilidades, especialmente à medida que as condições de financiamento apertarem".

A instituição sediada em Washington considera que o "desafio crucial" é conjugar a política orçamental e monetária "num ambiente de dívida elevada e aumento da inflação".

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