Renata Bastos sempre se questionou se iria encontrar o amor na Disneyland.
“Por um lado, parece quase impossível e surreal. Por outro, faz todo o sentido. Onde mais haveria de conhecer o amor da minha vida, se não fosse na Disney?”, disse Renata à CNN Travel.
Para Renata, a Disneyland, na Califórnia, é uma segunda casa. Ela cresceu a cerca de 20 minutos do bairro Anaheim Resort. Quando era miúda, ela passava muitos fins de semana soalheiros, na companhia da família, no local mágico. Em adolescente, passou longos sábados a deambular pelo parque com os amigos da escola.
Em 2012, Renata, de 20 anos, estava numa encruzilhada. Tinha acabado de regressar aos EUA, após ter passado um período de férias no seu país de origem, o Brasil. Restabelecer a ligação com a cultura brasileira e a família foi regenerante e revelador.
Renata decidiu focar-se em si própria, e a família e os amigos foram fundamentais nesta etapa da sua vida. As relações amorosas não eram uma opção.
Com isso em mente, Renata organizou uma grande viagem à Disneyland com o seu grupo alargado de amigos, uma oportunidade para pôr a conversa em dia, após ter passado aquele tempo ausente.
Na manhã de sexta-feira, dia 13 de janeiro de 2012, Renata e os amigos entraram pelos portões da Disney e passaram grande parte da manhã a observar a zona temática Main Street U.S.A., a rir e a gritar enquanto andavam nas montanhas-russas do parque.
A meio da tarde, Renata e os amigos dividiram-se em pequenos grupos para satisfazer os interesses de todos, mas planearam juntar-se no Jungle Cruise, a diversão aquática na Adventureland. Os amigos acharam que tinham o número suficiente de pessoas para ocupar um barco inteiro, para maximizar a diversão.
Quando o grupo se juntou no Jungle Cruise, estava maior. Uma das amigas de Renata começara a falar com uns rapazes que conhecia vagamente enquanto esperava para andar na diversão “Piratas das Caraíbas” e convidou-os para se juntarem a eles na diversão.
Entre eles estava Brian Mehl.
Brian crescera numa família que gostava muito da Disney e, tal como Renata, passou grande parte do tempo livre, em criança e em adolescente, na Disneyland.
Na verdade, Renata e Brian cresceram na mesma cidade. Mas como Brian é um pouco mais velho e não frequentaram o mesmo secundário, os dois nunca se tinham cruzado.
Tal como Renata, Brian encontrava-se numa encruzilhada em janeiro de 2012. Ele tinha-se demitido do emprego e questionava-se quanto ao que viria a seguir.
Enquanto aguardavam na fila para andar na diversão, os dois grupos de amigos começaram a falar com um terceiro grupo, o elenco de uma produção local de “The Rocky Horror Picture Show”. No final, os três grupos entraram no barco em simultâneo.
“Conseguimos ter a nossa viagem privada no Jungle Cruise com apenas o nosso enorme grupo de amigos,” relembra Renata.
Arrebatada pela diversão do passeio e pela empolgação de conhecer pessoas novas e com interesses semelhantes, Renata só reparou em Brian quando o grupo saiu do barco.
“Eu pensei: ‘Espera lá, eu tinha decidido que não queria namorar, mas ele é giro. Vou falar com ele’,” disse ela.
Mas havia tantas pessoas no grupo e tanta agitação que os seus esforços não foram bem-sucedidos.
“Ele não me ligava nenhuma, ele estava completamente indiferente. Não resultou, de forma alguma,” disse Renata, a rir.
Brian insiste que não é verdade. Ele lembra-se de ter conhecido a Renata naquele dia. Ele disse que a achou uma pessoa risonha e divertida.
O dia estava a chegar ao fim e o grupo fazia planos para ver os novos amigos no “Rocky Horror” na noite seguinte.
Renata aproveitou a oportunidade para organizar uma festa na casa dela antes da diversão, na esperança de que Brian aparecesse.
Mas no dia seguinte, enquanto Renata se preparava para a noite e escolhia o seu visual – um corpete prateado, calças de ganga e orelhas de gato – começou a ter dúvidas.
“Ele não vai aparecer na casa de uma perfeita desconhecida”, lembra-se ela de ter pensado isso.
Mas ele apareceu.
Romance no “Rocky Horror”
“Decidi ir porque me pareceu que seria divertido”, disse Brian. “Conhecer novas pessoas é sempre divertido.”
Renata estava radiante.
“Fiquei chocada quando o vi. Só acreditei que ele realmente iria quando o vi chegar,” disse ela. “Só nesse momento pensei que talvez tivesse alguma hipótese com ele.”
“Fomos ao ‘Rocky’ e, mais uma vez, fiz as coisas de maneira a ficar sentada ao lado dele.”
Entre a interação estridente do público em “Rocky”, Renata e Brian namoriscaram. Com o passar da noite, era evidente que não era só a Renata que tinha interesse.
“Havia, definitivamente, uma ligação física,” recorda ela.
“Para ser sincera, não houve muita conversa. Dançámos um pouco e beijámo-nos. Ele ficou com o meu número e, no dia seguinte, começou a enviar-me mensagens.”
Foi através das mensagens que os dois se deram conta de que tinham muita coisa em comum. Começaram a trocar mensagens e nunca mais pararam.
“Acho que foi isso que deu início à nossa grande ligação, começámos a falar constantemente logo após ‘Rocky’,” disse Brian. “Acho que nunca tinha tido alguém que comunicasse tanto comigo todos os dias.”
Para além da paixão mútua pela Disney, tanto Renata como Brian partilhavam o gosto por desportos de inverno. Através de mensagens, Brian contou a Renata que estava a tentar juntar um grupo para irem às montanhas no fim de semana seguinte. Ele convidou Renata.
Como mais ninguém quis ir e acabaram por ser apenas a Renata e o Brian, ambos estavam secretamente contentes.
“Fizemos muitas coisas típicas do primeiro encontro, conhecer os gostos de cada um, mas em vez de termos essas conversas a uma mesa, fizemo-lo num teleférico,” relembra Renata.
“Foi um primeiro encontro muito divertido. Lembro-me de falar imenso,” disse Brian.
Depois de terem passado o dia a praticar desportos de inverno, Renata e Brian fizeram planos para irem ver novamente “Rocky Horror”. Desta vez, iam só os dois. Depois disso, conviveram a noite toda.
“Para mim, foi naquele momento,” disse Renata. “Passámos a noite toda a falar, e foi aí que criámos um elo e percebemos que tínhamos os mesmos objetivos na vida, os mesmos interesses.”
“Foi mesmo assim,” disse Brian, que afirma que o encontro com a Renata lhe deu uma sensação de certeza e clareza que nunca havia sentido.
Renata diz que sentiu o mesmo. E a relação só foi cimentada quando apresentaram os pais na Disneyland, claro.
“Foi confortável e natural”, disse Brian. “Não era trabalho.”
O pedido de casamento na Disney
O primeiro teste à relação de Brian e Renata surgiu dois anos depois, quando Renata aceitou o seu papel de sonho no Programa Disney College. O trabalho obrigava-a a mudar-se para a Florida para trabalhar durante seis meses no Walt Disney World.
“Estes seis meses separados vão ser o derradeiro teste”, lembra-se Renata de ter pensado. “Se não resultar, é porque não é suposto resultar, tudo bem e cada qual segue a sua vida, e ainda bem que descobrimos agora do que investir na relação mais três anos.”
Brian ajudou-a na mudança, e o casal transformou a viagem pelo país num passeio de duas semanas, fazendo paragens em pontos turísticos e aproveitando ao máximo o tempo juntos.
“Mas se resultar, se ao fim de seis meses separados, chegarmos à conclusão de que ainda queremos estar juntos, então é sério, encontrámos a pessoa certa e, partir daí, a nossa relação terá um tom muito mais sério,” lembra-se Renata de ter pensado.
Durante a separação de seis meses, os dois estiveram embrenhados no trabalho.
“A vida decorria e deixámo-nos ir,” disse Brian.
Quando Renata regressou, a relação mudou. O casal decidiu ir viver juntos, e Brian começou a criar planos para um pedido de casamento memorável.
O local era evidente: a Disneyland, claro. Os dois conheceram-se no parque californiano, que também era um local especial para as respetivas famílias.
Renata havia dito a Brian que lhe agradava a ideia de um pedido de casamento grandioso, com a presença de todos os seus entes queridos. Portanto, quando a família alargada de Renata, vinda do Brasil, estava na cidade foi a oportunidade perfeita.
O grupo fez reservas no Grand Californian Hotel, na Disney, para um “pequeno-almoço com as personagens”, onde os clientes comem acompanhados por atores vestidos como as suas adoradas personagens da Disney.
Brian recorreu à ajuda da irmã de Renata, e ambos fizeram uma pesquisa. Ficaram a saber que, se o pedido de casamento fosse feito na Disneyland, as personagens teriam indicações para posarem em todas as fotografias.
Brian conhecia Renata melhor do que ninguém e sabia que ela iria adorar que as suas personagens favoritas fizessem parte do momento. Brian e a irmã de Renata engendraram uma ideia: Brian faria um cartaz a dizer “casa comigo” enquanto Renata tirava uma foto com as suas personagens favoritas da Disney, os esquilos dos desenhos animados, Chip e Dale, e Brian seguraria no cartaz no fundo.
No momento, foi difícil lidar com esta logística. A Renata não se apercebeu do cartaz e só percebeu o que se passava quando Brian se ajoelhou com o anel.
Contudo, quando ela juntou as peças, ficou encantada.
“Foi muito giro,” disse Renata. “E, depois, fomos todos para a Disneyland.”
Dois anos depois, Renata e Brian regressaram ao Grand Californian Hotel, na Disneyland, para casar.
Foi um sonho tornado realidade para a Renata.
“Desde pequena que eu dizia que ia casar na Disneyland,” disse ela.
O pai dela costumava salientar que ela devia casar com alguém que gostasse tanto da Disney como ela.
“Se ele não quiser casar na Disney, não é a pessoa certa,” respondia Renata na altura.
Agora, aqui estava ela, tinha encontrado a pessoa certa, ia casar com alguém que gostava tanto da Disneyland como ela. E foi na Disneyland que o romance teve início.
“Era tudo perfeito,” disse Renata, que adotou o apelido de Brian, passando a chamar-se Renata Mehl.
“Foi sensacional,” concorda Brian.
No casamento, os dois tiveram várias figuras da Disney presentes, o Rato Mickey e a Minnie, bem como as preferidas de Renata, Chip e Dale.
Posteriormente, o casal tirou partido do desconto de funcionária da Disney de Renata para irem ao Walt Disney Florida e passarem a lua de mel no Grand Floridian Hotel, no parque.
Eles desfrutaram de um passeio matinal de comboio antes de o parque abrir, um cruzeiro de fogos de artifício e jantar no interior do Castelo da Cinderela.
Dez anos depois
Este ano, Renata e Brian celebram dez anos desde que se conheceram na Disneyland. Cresceram juntos durante esse período, apoiando-se mutuamente enquanto descobriam o seu caminho.
Eles continuam a gostar de ir ao teatro e fazer passeios na Natureza. Recentemente começaram a praticar paddleboarding e fizeram uma caminhada até ao Grand Canyon.
E continuam a gostar muito da Disney. O casal ainda vive perto da Disneyland, Califórnia, e diz que nunca se cansa de ir lá.
Renata regista as aventuras deles na Disney na sua conta do Instagram, @MagicallyRenata. O objetivo é visitar todos os parques da Disney do mundo inteiro, sendo que a Disney de Tóquio e de Paris estão no topo da lista.
Renata e Brian esperam ser pais, um dia, e gostariam que a Disneyland fizesse parte da vida dos seus futuros filhos como faz parte da deles.
“Para mim, no que respeita à Disney, sinto uma grande nostalgia,” afirma Renata. “Cresci nela. Fui muito afortunada por ter podido ir à Disneyland desde muito nova. Sempre que vou lá, há muita coisa que me faz recordar a infância. E sinto um grande respeito pelo parque enquanto adulta.”
Brian concorda, sugerindo que a magia da Disneyland é o facto de se tratar de um espaço onde os adultos podem satisfazer a sua criança interior.
Dito isto, os dois admitem que poderão ser um pouco tendenciosos. É verdade que a Disneyland era especial para eles antes de 2012, mas depois tornou-se o local onde o romance deles começou e passou a ter outro significado.
Apesar de Renata dizer que “estar no sítio certo à hora certa” teve um papel fundamental no seu encontro, ela também é uma apaixonada pela Disney, portanto, os finais à contos de fada são a sua predileção. Ela gosta de pensar que não se tratou apenas de uma coincidência.
“Penso que nos teríamos conhecido na mesma, creio que é obra do destino”, diz ela. “Estava mesmo destinado. De uma forma ou de outra, iríamos acabar por nos cruzar.”
*artigo originalmente inserido a 16 de julho de 2022