Depois de avaliação injusta à casa, casal finge que proprietário é branco e consegue mais meio milhão

MCP
12 mar 2023, 17:00
Austins (foto: facebook)

Um casal negro processa imobiliária por descriminação racial

Um casal negro processou uma imobiliária por discriminação racial, depois de a sua casa ter sido reavaliada meio milhão de dólares acima do preço que lhes tinha sido dado inicialmente, quando um amigo branco se fez passar por dono.

Tenisha Tate-Austin e Paul-Austin compraram a sua casa, em Marin City, a cerca de 18 km de São Francisco, nos Estados Unidos, em dezembro de 2016, por cerca de 550 mil euros. 

Segundo o jornal Los Angeles Times, em 2020, depois de várias renovações, o casal recorreu à imobiliária Miller and Perotti Real Estate para perceber o valor que poderiam ganhar ao vender a habitação. O avaliador estimou uma venda de 995.000 [932 mil euros] - muito mais baixo do que calcularam.

Semanas depois, o casal pediu a um amigo branco que se fizesse passar pelo proprietário da casa. Retiraram-se as peças que remetiam para a cultura africana, fotos de família e substituíram-nas por pertences do amigo.

A casa passou a valer 1.482,500 milhões de dólares (mais 450 mil euros que o valor dado ao casal), de acordo com o processo que deu entrada no tribunal.

“Ter de apagar a nossa identidade para ter uma melhor avaliação foi uma experiência dolorosa”, diz Tenisha em comunicado. “A contínua desvalorização de casas de pessoas negras perpetua a diferença de riqueza entre famílias negras e brancas”, defende.

O casal processou a imobiliária por violar a Fair Housing Act, uma lei que condena a discriminação na habitação.

Depois disto, o caso dos Austins ganhou notoriedade em vários jornais e chamou a atenção para a discriminação habitacional ainda enfrentada por minorias.

“O caso dos Austin foi um exemplo dramático de como uma avaliação injustamente baixa pode afetar a capacidade de uma família em ter acesso a um empréstimo com bons termos e construir riqueza. Infelizmente, a experiência deles não é única”, afirmou a diretora executiva da Fair Housing Advocates of Northern Carlifornia, Caroline Peattie. 

Segundo um comunicado divulgado, o casal chegou a acordo com a imobiliária, por um valor não revelado. Os avaliadores também terão de participar numa formação sobre segregação e discriminação imobiliária e assistir ao documentário “Our america: Lowballed”, que conta histórias idênticas à dos Austin.

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