Apanhados dois militares por agressões brutais a quatro polícias em Lisboa

Henrique Machado , (atualizada às 16:29)
20 mar 2022, 13:20

Fuzileiros retidos em instalações da Marinha. Preparavam-se para partir numa missão das Nações Unidas

Dois dos três suspeitos das brutais agressões a quatro polícias à porta da discoteca MOME, em Lisboa, que deixaram uma das vítimas em estado crítico, já foram apanhados e estão retidos em instalações da Marinha, apurou a CNN Portugal/TVI, enquanto não são formalmente detidos pela Polícia Judiciária. 

São fuzileiros que se preparavam para partir numa missão das Nações Unidas no estrangeiro nos próximos dias. As detenções deverão ser formalizadas nas próximas horas, por ordem do Ministério Público, e os suspeitos serão presentes a um juiz de instrução entre segunda e terça-feira, provavelmente indiciados por crimes de homicídio na forma tentada.

Um terceiro suspeito é neste momento ainda procurado pela PJ e poderá ser detido a qualquer momento.

Militares de elite

Conforme a CNN Portugal/TVI tinha adiantado já este domingo, os suspeitos das agressões aos agentes da PSP estão ligados à prática de boxe num clube da margem Sul do Tejo, além de serem militares de elite das Forças Armadas. 

A informação recolhida junto de testemunhas e através e de imagens de vídeovigilância foi determinante para a produção de prova. 

Os quatro agentes da PSP foram agredidos na madrugada de sábado e internados no Hospital de S. José. Três tiveram alta ainda no sábado à tarde. Um dos polícias ficou em coma devido às agressões na cabeça.

Em comunicado enviado às redações, a PSP informou que os quatro polícias fora de serviço "imediatamente intervieram", como era sua obrigação legal, quando confrontados com uma "alteração da ordem pública, com agressões mútuas entre vários cidadãos" à porta da discoteca MOME.

"De imediato, um dos grupos, com cerca de 10 pessoas, atacou os polícias, agredindo-os violentamente", refere a declaração, que acrescenta que um dos agentes "foi empurrado e caiu ao chão, onde continuou a ser agredido com diversos pontapés, enquanto os restantes polícias continuavam também a defender-se das agressões". 

A PSP revelou ainda que a Polícia Judiciária já fora informada "por os atos praticados poderem configurar a prática de crime de homicídio, na forma tentada". 

"Estão em curso todas as diligências, em coordenação com a Polícia Judiciária, para a identificação dos autores das agressões", referia ainda a declaração, que assinalava que a PSP disponibilizou acompanhamento psicológico aos polícias envolvidos e seus familiares. 

Em comunicado, a discoteca MOME lamentou as agressões, reiterando que ocorreram na via pública e que nenhum colaborador do estabelecimento de diversão noturna esteve envolvido.

“Vimos lamentar, desde já, o sucedido. Reiteramos que nenhum colaborador da discoteca esteve envolvido na ocorrência e que estamos, naturalmente, a colaborar com as autoridades no sentido de apurar e identificar os responsáveis”, lia-se na declaração.

Marinha diz estar "disponível" para cooperar com entidade policial

Durante a tarde deste domingo, a Marinha divulgou um comunicado no qual diz estar "disponível para cooperar no que for necessário" parar apurar "todos os factos", garantindo que "não tolerará que nenhum militar seu tenha quaisquer comportamentos que violem a ética e os deveres militares".

"A Marinha mandou os dois militares apresentarem-se na respetiva unidade, onde se encontram a responder a um inquérito interno e à disposição das autoridades policiais para as devidas investigações. Estes militares ainda não foram notificados por nenhuma entidade policial", lê-se em comunicado.

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