"Picado" e com "champanhe", Rio fez dos obstáculos um caminho para São Bento

28 nov 2021, 01:11

Não ganhou contra tudo e contra todos, como Carlos Moedas, mas fez das pedras no seu caminho uma ponte para São Bento. Rui Rio é o presidente do PSD há mais tempo em funções sem ser primeiro-ministro

Picado e com champanhe, Rui Rio brindou à vitória. Depois de ter ganho esta corrida à liderança do PSD, é provável que guarde a segunda garrafa de champanhe para daqui a pouco mais de dois meses, nas legislativas de 30 de janeiro. 

Foi um dia decisivo para a direita e um dia histórico na carreira política de Rui Rio que, com esta terceira eleição interna, pode vir a juntar-se a Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho no grupo dos líderes mais duradouros à frente do PSD. Foi eleito pela primeira vez em 2018, com 54% dos votos, contra Santana Lopes.

Talvez o advogado e antigo fundador do PSD, Miguel Veiga, tivesse alguma razão quando disse que o atual presidente trabalha melhor "picado". Rui Rio foi picado em 2020 e foi reeleito com 53% dos votos numa inédita segunda volta contra Luís Montenegro. Foi novamente picado este ano e, sem debates nem campanha, ganhou contra o eurodeputado Paulo Rangel, com 52%.

Estas picadas, o bom resultado nas eleições autárquicas, a dissolução do Parlamento e a sondagem que o colocava como o melhor candidato do PSD para enfrentar António Costa nas legislativas, foram o cocktail perfeito para o resultado desta noite. 

Não ganhou contra tudo e contra todos, como Carlos Moedas, mas fez das pedras no seu caminho uma ponte de entrada para São Bento. Rui Rio é o presidente do PSD há mais tempo em funções sem ser primeiro-ministro.

A vida pessoal e política 

Nasceu a 6 de agosto de 1957, no Porto. É adepto do Boavista, estudou no Colégio Alemão e licenciou-se em Economia pela Universidade do Porto. Já com uma passo na esfera política, foi eleito pela primeira vez presidente da Associação de Estudantes da faculdade em 1981.

A entrada oficial na vida política fez-se através da Juventude Social-Democrata (JSD) e, mais tarde, tornou-se militante do PSD em 1975, com 18 anos. Foi vice-presidente da Comissão Política Nacional da JSD entre 1982 e 1984 e entre 1996 e 1997 foi secretário-geral do PSD, quando era presidente do partido o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acabando por deixar o cargo em 1997 na sequência de divergências relacionadas com o processo de refiliação.

Manteve-se como vice-presidente do partido com três líderes diferentes: de 2002 a 2005, com Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, e mais tarde, entre 2008 e 2010, com Manuela Ferreira Leite.

Entre 1996 e 1998 foi Vice-Presidente do Instituto Sá Carneiro.

Foi ainda presidente da Câmara do Porto durante 12 anos, entre 2002 e 2013, e com isso ganhou notoriedade, porque se tornou na personalidade que ocupou este cargo por mais tempo. 

A primeira vez que entrou na Assembleia da República como deputado foi em 1991. Foi deputado durante 10 anos, com especial destaque na Comissão Parlamentar de Economia, Finanças e Plano. Cumpriu as legislaturas VI, VII e VIII.

Em 2017, candidatou-se à liderança do Partido Social Democrata para suceder a Pedro Passos Coelho.

Foi nas diretas de 13 de janeiro de 2018, contra Pedro Santana Lopes, que venceu com 54,37% dos votos e torna-se o 18.º Presidente do Partido Social Democrata.

Depois das últimas legislativas, regressou ao Parlamento como deputado em outubro de 2019. Confessou que a função não o entusiasmava, mas mesmo assim assumiu a liderança da bancada durante alguns meses.

Hoje, casado e com uma filha, Rio teve sempre uma vida pessoal recatada, marcada na infância pela morte do irmão. Agnóstico, tem como ‘hobbies’ as corridas de automóveis, a astronomia e a bateria, instrumento que tocava quando integrou uma banda na sua juventude.

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