Prepare-se: outubro trará a primeira grande pancada nas prestações do crédito à habitação

23 set 2022, 18:00
Habitação (GettyImages)

O próximo mês será o primeiro em que as taxas Euribor subirão mesmo muito em relação ao período anterior, sejam as taxas contratadas a três, a seis ou a 12 meses. Veja as simulações.

São aumentos que, num empréstimo de 150 mil euros, começam nos 85 euros e podem chegar a perto dos 200. É esta a má notícia para os portugueses cujas prestações do contrato de crédito à habitação são revistas em outubro - e que vão ser alvo dos aumentos expressivos das taxas Euribor a três, seis e 12 meses.

Num momento em que o aumento do custo de vida coloca maior pressão às famílias e que a prestação da casa pesa no orçamento familiar, o primeiro-ministro admitiu à CNN Portugal que "é provável que venha a haver" apoios do Governo aos titulares de crédito à habitação, mas até ao momento não esclareceu qual o plano do Executivo.

Certo é que, após o Banco Central Europeu ter começado a subir as taxas de juro, numa estratégia com vista a trazer a inflação para 2%, as taxas Euribor registaram uma subida a pique. E depois de 79 meses consecutivos em que a Euribor a três, seis e 12 meses estiveram em valores negativos, em abril, a Euribor a 12 meses voltou a valores positivos e atualmente já está acima de 2%. Também a Euribor a seis meses já está acima dos 1% e a taxa a três meses aproxima-se desse patamar.

 

 

Com a subida das Euribor, chegaram aumentos nas prestações, que são revistas a cada três, seis ou 12 meses conforme as taxas indexantes contratadas. Quem fizer a revisão da prestação do crédito à habitação em outubro contará a média das Euribor de setembro: é por isso que a aceleração dos preços da prestação vai ser ainda mais saliente do que até aqui. 

Contratos com aumentos de dezenas (ou centenas) de euros 

Os contratos indexados à Euribor a seis meses, que são aqueles que constituem a maior parcela do stock dos créditos à habitação em Portugal, vão sentir pela primeira vez o efeito da taxa em terreno positivo, onde se mantém desde 6 de junho.

Isto significa que, para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread de 1%, e utilizando a média da taxa Euribor para setembro com os valores conhecidos até esta sexta-feira, 23 de setembro (1,529%), o aumento da prestação mensal vai chegar aos 140,95 euros face ao que pagava desde que o crédito foi revisto pela última vez. E esta é já a segunda revisão este ano.

   
 

Prestação em outubro

 

150 mil euros, 30 anos, spread 1%

 

Euribor 6 meses

Está a pagar

454,07

Vai pagar

595,02

Aumento

140,95

Maior será a fatura para quem tem contratos indexados à Euribor a 12 meses e que vai sentir pela primeira vez a subida das taxas de juros em 2022. Como o contrato é revisto de ano a ano, o seu titular vai sentir uma diferença de 193,53 euros na prestação da casa quando pagar os 642,97 euros ao banco. Há 12 meses, pagava 449,44 euros.

Após ter disparado em 12 de abril para 0,005%, pela primeira vez positiva desde 5 de fevereiro de 2016, a Euribor a 12 meses está acima dos 0% desde 21 de abril. A sua média avançou também de 0,992% em julho para 1,249% em agosto. E em setembro a média já está acima dos 2%

   
 

Prestação em outubro

 

150 mil euros, 30 anos, spread 1%

 

Euribor 12 meses

Está a pagar

449,44

Vai pagar

642,97

Aumento

193,53

Nos contratos indexados à Euribor a três meses, o efeito vai ser menor, mas continua a ser significativo. A prestação vai subir para os 551,43 euros, um aumento de mais de 85 euros desde julho. É a terceira revisão para cima deste tipo de contratos este ano, em abril ficaram a pagar mais seis euros e em julho mais 17 euros.

   
 

Prestação em outubro

 

150 mil euros, 30 anos, spread 1%

 

Euribor 3 meses

Está a pagar

466,10

Vai pagar

551,43

Aumento

85,33

A subida das Euribor está umbilicalmente ligada aos aumentos ou descidas das taxas de juro do BCE. Se em fevereiro começaram as subidas significativas, após o início da invasão da Ucrânia pela Rússia e o aumento das tensões inflacionistas, essa tendência foi reforçada. Os mercados começaram a antecipar o que se esperava que o BCE viesse a fazer.

Começa assim em outubro a grande subida das prestações do crédito da casa, que vão chegando aos poucos às carteiras dos devedores. Quem tiver um crédito com Euribor a 12 meses e só revir a sua prestação nos meses seguintes ainda terá algum tempo de prestações “à antiga”, mas acabará por sentir o efeito. Quem paga Euribor a três ou a seis meses já viu a prestação subir este ano, mas verá subir ainda mais.

A tendência do Banco Central Europeu é continuar a aumentar as taxas de juro nas suas próximas reuniões.

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