Os donos destas casas estão a "piratear" as piscinas e relvados para ganhar dinheiro extra

CNN , Samantha Delouya
24 ago, 11:00
Piscina de Michael Kukuk

A primeira vez que Alexis Hammond arrendou a sua casa de Baltimore no Peerspace, um mercado de arrendamento à hora de casas e outros espaços, recebeu uma equipa de filmagem e uma celebridade para filmar um anúncio da Wawa.

“Esteva cá um jogador de futebol americano dos Baltimore Ravens, o que foi muito entusiasmante”, conta Hammond.

Nas primeiras semanas após o anúncio da casa, Hammond, uma psiquiatra, ganhou o suficiente para cobrir o pagamento da hipoteca nesse mês. Desde então, tem arrendado a casa no Peerspace para tudo, desde sessões fotográficas a chás de bebé - a partir de 100 dólares por hora.

A compra de casa tornou-se mais difícil para muitos americanos, mas é considerada uma das melhores formas de construir riqueza. E, nos últimos anos, os proprietários de casas têm sido confrontados com um universo cada vez maior de oportunidades para rentabilizar ainda mais estes ativos existentes: Para aqueles que têm a sorte de os ter, piscinas, quintais, salas de estar ou entradas de garagem subutilizadas podem oferecer riquezas inexploradas.

“É uma espécie de rendimento passivo, tirando algumas limpezas que temos de fazer”, afirma Hammond.

Alexis Hammond na sua sala de estar, que arrenda no Peerspace. “Pensei no Airbnb, mas não queria ninguém no meu espaço durante a noite”, diz. “Quando me deparei com a opção de arrendar à hora, pareceu-me mais interessante.” (Kellie Finch/KFinch Photography)

Ganhar dinheiro com o arrendamento

Há anos que são populares as plataformas de arrendamento tradicional de dormidas, como a Airbnb e a Vrbo. Agora, as ofertas mais recentes permitem que os proprietários arrendem partes das suas casas numa base de prazo ainda mais curto, geralmente por hora.

Uma dessas plataformas é a Swimply, um mercado online para arrendamento de piscinas privadas que foi lançado em 2020, quando a pandemia interrompeu as viagens e mais pessoas procuraram divertir-se localmente.

Michael Kukuk, executivo de uma empresa de petróleo e gás em Houston, anunciou a sua piscina na plataforma por 60 dólares (pouco mais de 54 euros) a hora nos dias de semana e 67 dólares (60 euros) nos fins de semana. Por vezes, consegue quatro a cinco reservas diferentes num único fim de semana durante os meses de verão. Disse que já ganhou 13 mil dólares (11.783 euros) este verão e que o seu melhor ano foi 2022, quando ganhou 26 mil dólares (23.566 euros) com a plataforma.

Arrendar a piscina provou ser uma forma lucrativa de utilizar uma parte da sua propriedade que, de outra forma, poderia não ser muito utilizada, diz Kukuk: “Sempre quis ter uma piscina e não a utilizo com tanta frequência como pensava. O rendimento é ótimo, e também gosto de poder partilhá-la com as pessoas.”

A Swimply lançou recentemente os passes, que permitem aos proprietários cobrar aos utilizadores uma taxa mensal pelo acesso à sua piscina, campo de ténis ou mesmo ginásio em casa, transformando as suas casas em negócios completos.

“Estamos a ajudar a compensar os custos e a gerar receitas”, resume Derek Callow, diretor executivo da Swimply, em declarações à CNN.

A Swimply e a Peerspace são apenas dois dos muitos mercados de arrendamento de muito curta duração que oferecem esta premissa.

 

Mais do que um mercado?

À medida que o custo de ter uma casa aumentou, também aumentaram as oportunidades de a rentabilizar. Surgiram mercados de arrendamento peer-to-peer de todos os tipos: RentMyCourt (arrendamento de campos de ténis e de pickleball privados), SniffSpot (arrendamento de quintais para cães), CurbFlip (arrendamento de entradas e lugares de estacionamento) e Vanly (arrendamento de entradas e chuveiros para pessoas que viajam em autocaravanas ou caravanas).

Os jovens compradores de casa estão bem cientes da oportunidade de compensar as despesas com dinheiro extra. De acordo com um inquérito da Zillow realizado no ano passado, 55% dos compradores de casas da geração Y e 51% dos compradores da geração Z consideram muito ou extremamente importante ter a oportunidade de arrendar parte da sua casa para obter um rendimento extra enquanto vivem nela.

Os mercados estão a beneficiar dessa mudança geracional. O Peerspace existe há uma década, mas as suas listas de residências ativas aumentaram 60% no último ano, de acordo com o fundador Rony Chammas.

Embora o rendimento extra seja o objetivo de muitos proprietários de casas, alguns dos participantes neste setor em crescimento dizem ter encontrado algo inesperado: a comunidade.

Os cães de Leslie Garabedian, Stevie e Eddie, a correr no quintal. Garabedian arrenda o quintal a outros donos de cães através do SniffSpot. (Leslie Garabedian)

Leslie Garabedian diz que normalmente ganha entre 2 mil e 4 mil dólares (entre 1.813 e 3.626 euros) por mês com o arrendamento do seu quintal em West Caldwell, Nova Jersey, para cães e respetivos donos no SniffSpot. Ainda assim, afirma que o círculo de amantes de cães que conheceu com esta experiência foi igualmente valioso.

“O dinheiro extra é ótimo, mas não é o meu único objetivo ao fazer isto”, diz Garabedian, gerente de um consultório dentário. “Adoro o facto de estar a ajudar estas pessoas e estes cães. Isso traz-me muita alegria”, acrescenta.

Garabedian diz que quando um dos seus próprios cães morreu, no último mês de junho, outros donos de cães que arrendam o seu quintal apareceram para a confortar.

“Houve uma efusão de amor e pessoas que me enviaram presentes”, diz, acrescentando que, “quando todos têm o mesmo objetivo, que é o cão, é possível criar relações fantásticas.”

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