Presidente do Peru demite primeiro-ministro e anuncia reestruturação de gabinete

Agência Lusa , AM
19 dez 2022, 06:09
Dina Boluarte (Associated Press)

Mudança surgiu dez dias depois de Angulo ser empossado como primeiro-ministro e faz parte de uma reestruturação ministerial

A presidente peruana anunciou no domingo a demissão do primeiro-ministro, Pedro Angulo, na sequência da crise política que está a abalar o país e que causou a morte a mais de duas dezenas de cidadãos em protestos.

A mudança surgiu dez dias depois de Angulo ser empossado como primeiro-ministro e faz parte de uma reestruturação ministerial que vai ocorrer entre hoje e terça-feira.

Dina Boluarte indicou que procura uma pessoa que tenha conhecimentos da parte técnica do cargo, mas que seja "um pouco mais político para poder enfrentar" o descontentamento social "e construir pontes de diálogo", noticiou a estação RPP, citada pela agência de notícias Europa Press.

A chefe de Estado peruana disse que o diálogo deve ser uma prioridade no contexto da crise política: "este Governo deve estar de portas abertas para o diálogo nos ministérios com os novos governantes, assim como com o Congresso".

O Peru vive uma crise institucional e social desde que a 7 de dezembro o congresso depôs o até então Presidente Pedro Castillo, depois de este ter anunciado a dissolução do parlamento e a criação de um executivo de emergência, que governaria por decreto, medida interpretada maioritariamente como uma tentativa de golpe de Estado.

A formação do novo executivo pela até então vice-presidente, Dina Boluarte, gerou protestos entre a população.

No sábado, Boluarte descartou renunciar ao cargo e exigiu ao congresso que reconsidere a “votação da antecipação das eleições”, na sequência da rejeição, na véspera, do projeto do executivo de realizar eleições em dezembro de 2023, quando os protestos que persistem no país causaram pelo menos 23 mortos.

No cargo há 11 dias desde que substituiu Castillo, Boluarte anunciou a reorganização do gabinete de ministros, para enfrentar melhor a crise, já depois de dois elementos da equipa governativa se terem demitido.

Uma fação dos manifestantes protesta contra a demissão de Castillo e exige eleições antecipadas e o encerramento do congresso, enquanto outros pedem a renúncia de Boluarte e a libertação de Castillo, detido sob a acusação de rebelião desde que tentou dissolver o congresso, com o qual estava em conflito, na semana passada.

No domingo, o governo de Lima decretou o recolher noturno obrigatório durante cinco dias na província de Huamanga, na região de Ayacucho, depois de os protestos verificados na última semana terem resultado em nove mortos, na sequência de confrontos entre manifestantes e forças de segurança.

Desta forma, Huamanga junta-se à medida de recolher obrigatório noturno que o governo ordenou na quinta-feira para mais 15 províncias de oito dos 24 departamentos que o país possui.

O governo decretou na quarta-feira o estado de emergência a nível nacional durante 30 dias para tentar controlar os atos de vandalismo e de violência cometidos nas manifestações.

Durante o estado de emergência ficam suspensos os direitos constitucionais relativos a inviolabilidade do domicílio, liberdade de circulação no país, liberdade de reunião e liberdade de segurança pessoal.

Os números oficiais dão conta que, até ao momento, morreram 23 pessoas em diferentes zonas do país, tendo o Ministério da Saúde informado que 77 feridos continuam hospitalizadas.

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