Vários feridos e detidos depois de confrontos entre grupos rivais em Díli

Agência Lusa , AM
6 set 2022, 07:45
Timor-Leste

Confrontos marcaram a tensão que se vive em Díli desde a morte, na sexta-feira, de um jovem de 21 anos que estava detido numa cela da Polícia Nacional de Timor-Leste

Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas, incluindo um efetivo das forças armadas, e pelo menos quatro pessoas foram detidas na sequência de confrontos entre grupos rivais e forças de segurança em Díli, disseram policiais esta terça-feira.

Os confrontos, que envolveram elementos de pelos menos dois grupos rivais de artes marciais, o PSHT e o 77, marcaram a tensão que se vive em Díli desde a morte, na sexta-feira, de um jovem de 21 anos que estava detido numa cela da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) em Díli.

Esse jovem, do grupo PSHT, foi detido na madrugada de quinta-feira depois de agredir violentamente um outro jovem, do grupo 77, que não resistiu aos ferimentos e morreu na segunda-feira à noite, no Hospital Nacional Guido Valadares.

Apesar das investigações iniciais apontarem o suicídio com causa da morte do jovem na cadeia, famílias e elementos do PSHT levantaram suspeitas sobre um possível envolvimento de efetivos policiais na morte, com rumores a espalharem-se nas redes sociais.

Preventivamente, e apesar de ainda estar a decorrer a investigação pela Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e pela Polícia Científica de Investigação Criminal (PCIC), o comando geral da polícia timorense suspendeu os oito agentes que estavam de piquete no dia da morte, sexta-feira passada.

Ainda assim, fontes da investigação explicaram à Lusa que os dados preliminares, incluindo a autópsia ao jovem de 21 anos não apontam ter havido qualquer agressão, confirmando a morte por “asfixia mecânica por meio de enforcamento”.

Perícias e diligências adicionais continuam a ser conduzidas para apurar exatamente as circunstâncias da morte, confirmaram fontes policiais.

Apesar disso, as suspeitas, na sequência do velório do jovem, levaram já na sexta-feira a confrontos no centro de Díli, com a polícia forçada a usar gás lacrimogéneo para dispersar uma multidão.

A tensão manteve-se durante o fim de semana, e, na segunda-feira, depois do funeral, apoiantes dos dois grupos rivais voltaram a confrontar-se, com vídeos amadores a registarem, entre outros momentos, as agressões com murros, pontapés e pedras a um efetivo das Forças de Defesa (F-FDTL), que tentava acalmar a situação

O vice-ministro do Interior, António Armindo, disse à Lusa que a situação causou muita preocupação e descontentamento no Governo, com o primeiro-ministro e ministro do Interior, Taur Matan Ruak, a “pedir desculpa à comunidade por esta perturbação da ordem pública”.

“O primeiro-ministro instruiu-me a mim e ao ministro da Defesa para trabalhar com as forças de segurança para evitar e prevenir mais violência entre estes dois grupos”, disse.

“Hoje de manhã vai haver uma reunião urgente para definir um mapa de operações em Díli a partir de hoje mesmo para garantir a segurança das pessoas em Díli. Entendemos que as perturbações causaram pânico e preocupação e sentimento de insegurança na comunidade, e por isso o Governo tem que atuar de acordo para garantir e repor a ordem e a segurança da população”, afirmou.

Armindo admitiu preocupação que a morte no hospital do jovem vítima de agressão possa ser um novo rastilho de violência hoje, prometendo que as autoridades vão atuar para evitar “mais escalada da violência”.

“Vai ser feita uma declaração conjunta pelos dois comandantes detalhando a operação conjunta que vai ser implementada”, disse, notando que, além das vítimas registadas nos confrontos das últimas 24 horas, foram também causados danos a casas e veículos.

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