Mortalidade "muito acima do esperado". DGS regista 659 óbitos em excesso numa semana

16 jul 2022, 21:25

Pico ocorreu na quinta-feira com 440 óbitos num único dia. Lisboa e Vale do Tejo é a região mais afetada

O excesso de mortalidade provocado pela onda de calor agravou-se nos últimos dias. A Direção-Geral da Saúde (DGS) já tinha admitido o problema, mas os números pioraram na quinta e na sexta-feira, colocando a mortalidade, neste último dia, no patamar de "muito acima do esperado". 

Ao todo, numa semana, o sistema de vigilância da mortalidade do Ministério da Saúde conta mais 659 óbitos do que aquilo que seria normal para esta época do ano face à média dos últimos anos, sendo este, no fundo, o chamado "excesso de mortalidade" registado neste período de tempo que ficou marcado pelo início de uma onda de calor que já esmoreceu mas ainda não acabou.

Na sexta-feira, o excesso de mortalidade atingiu quase todas as regiões do Continente (excepto o Algarve), num fenómeno sentido, ao longo de toda a semana, em Lisboa e Vale do Tejo. 

Ainda segundo o sistema de vigilância da mortalidade, este aumento de óbitos ocorre apenas nos mais idosos, especialmente em idades mais avançadas, não afetando idades abaixo dos 65 anos. 

No meio da vaga de calor, a última semana fica marcada por números de mortalidade fora do comum, muito acima daquilo que acontecia, por exemplo, na mesma altura do ano passado. 

440 óbitos num dia

Pelos cálculos da CNN Portugal, entre 9 e 15 de julho de 2021 o país registou 1.990 óbitos, número que disparou 33% para 2.644 no mesmo período de 2022, o valor mais alto desde que existem registos oficiais (2009). 

Aliás, há quatro dias que Portugal bate máximos de mortalidade para esta época do ano e o pico aconteceu na quinta-feira com 440 óbitos num único dia. 

Rui Nogueira, ex-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, explica que as ondas de calor e sobretudo esta que dura há vários dias são particularmente preocupantes para quem tem insuficiência cardíaca, insuficiência respiratória e hipertensão. 

No caso dos hipertensos, o médico de família recorda que não se lembra de outra altura em que tenha visto tantos doentes com necessidade de mudar a medicação devido ao risco de ficarem com uma tensão demasiado baixa por causa do calor em excesso. 

"Temperaturas acima dos 35 graus já são difíceis para as pessoas idosas e doentes, mas acima dos 40 graus, como temos visto, é avassalador", conclui o médico que admite que os efeitos do calor sobre a mortalidade devem continuar a sentir-se nos próximos dias. 

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