Covid-19: redução para 7 dias de isolamento só entra em vigor após a passagem de ano, garante Graça Freitas

30 dez 2021, 19:39

Diretora-geral de Saúde defende que as medidas em vigor até 9 de janeiro deverão manter-se e que é preciso perceber como vai evoluir a pandemia nos próximos dias. Regresso às aulas? "Vamos ver"

As novas regras de isolamento devido à covid-19 vão entrar em vigor logo que estejam concluídos os trabalhos que permitam a sua operacionalização e Graça Freitas prevê que tal aconteça na próxima semana.

Em declarações à CNN Portugal, a diretora-geral de Saúde explica que as pessoas que estão infetadas, estão doentes e têm sintomas mantêm o regime que existe até agora. Têm de ficar 10 dias em isolamento.

Infetadas sem sintomas ficam isoladas e ao sétimo dia podem "fazer a sua vida normal" sem necessidade de fazer qualquer teste. "Se não desenvolveram sintomas, isso significa que a carga viral não foi muito grande", explica Graça Freitas, diretora-geral de Saúde.

"Os contactos de alto risco ficam em isolamento", mesmo que não sejam infetados. "São aquelas que coabitam com uma pessoa doente. Essas também só ficam sete dias em isolamento mas para terminarem o isolamento têm de fazer um teste."

As pessoas vacinadas que contactaram com infetados mas não são consideradas contactos de alto risco não têm que fazer isolamento. "Mas devem fazer vigilância dos sintomas e devem ter cuidado no seu relacionamento com os outros."

Porquê reduzir o isolamento de dez para sete dias e não cinco, como outros países já fizeram? "À data, com o que se sabe, sete dias é o que permite maior segurança no regresso dos infetados à comunidade. Pareceu-nos o mais prudente para  encurtar o período mas libertar as pessoas já com segurança", explica Graça Freitas, sublinhando que esta medida pode ser revista em qualquer momento.

Regresso às aulas: "Vamos ver"

Quanto ao regresso às aulas, a diretora-geral de Saúde não se compromente: "Vamos ver", diz. "Se for possível regressar com confiança, serão retomadas as aulas. Se não, serão tomadas as medidas que serão consideradas necessárias", afima Graça Freitas, sublinhando que estamos a assistir a uma subida exponencial no número de casos e que é preciso analisar como é que esta quinta vaga vai evoluir.

Para tal, Graças Freitas mantém o apelo aos pais para que vacinem os seus filhos. Porém, sublinha que as crianças não vacinadas não serão discriminadas.

"Se houver casos positivos nas escolas, seja de adultos ou de crianças, as autoridades de saúde têm de tomar as medidas que consideram necessárias."

E deixa uma explicação a toda a comunidade escolar: "Não é por exagero que se fecha uma turma. É muito difícil que uma criança dê uma história credível de quem foram os seus contactos, além disso as crianças são muito sociáveis e é muito difícil perceber quem foram os seus contactos de alto risco."

"Nós não temos nenhuma simpatia por isolar pessoas, só isolamos quando é necessário para quebrar as cadeias de transmissão", conclui Graça Freitas.

Medidas de contenção deverão manter-se

Perante as previsões de aumento de casos de covid-19 no próximo mês, "é prematuro dizer que as medidas de contenção vão cair todas a 10 de janeiro. Não podemos baixar a guarda perante este vírus", diz a diretora-geral de Saúde, sublinhando que as medidas de proteção pessoal têm obviamente de se manter. "Não me parece uma boa ideia retirar todas as medidas de contenção, porque não queremos concentrar muitos casos no mesmo período. Apesar de a variante não ser muito agressiva, continuamos a ter internamentos e mortes."

"Concentrar demasiados casos em pouco tempo nunca é bom, nem para a gripe sazonal, porque isso tem um impacto nos serviços de saúde."

Graça Freitas considera que "as medidas em vigor atualmente são muito equilibradas no que se pode ou não fazer" e que, por isso, se deverão manter, continuando a apostar na vacinação, na realização de testes e nas medidas de proteção social.

Não estamos, então, perante uma mudança de paradigma como já defendem alguns especialistas? "Nós estamos já a mudar", responde esta responsável. "Contrair o tempo de isolamento e restringir o isolamento apenas a uma minoria de contatos é totalmente diferente do que fizemos para a Delta. Nós temo-nos adaptado e ao longo destes dois anos temos tido paradigmas diferentes."

No entanto Graça Freitas relembra que "ainda estamos em pandemia" e que existe "uma grande rapidez [nas mutações do vírus] e uma grande incerteza", "não sabemos como é que vai ser a próxima variante".

Portanto, os especialistas vão continuar atentos à evolução da Ómicron e ao eventual aparecimento de novas variantes: "Vamos ver como é o impacto na mortalidade e nas hospitalizações. Há sempre um desfazamento entre a doença e as consequências da doença. Temos que estar atentos nos próximos dias."

 

 

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