Graça Freitas tem más notícias sobre a covid-19: "Estamos longe de ter um verão descontraído e seguro"

13 abr 2022, 11:16

Diretora-geral da saúde faz ainda apelos para a Páscoa, para as crianças nas escolas e para as viagens de finalistas

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, fez esta quarta-feira balanço da situação epidemiológica em Portugal, alertando que "a epidemia mantém uma  transmissibilidade muito elevada", e que os dados indicam que "ainda estamos longe de ter um verão descontraído".

"A epidemia mantém uma transmissibilidade muito elevada, com tendência geral decrescente, é certo, e com RT inferior a 1, mas o número de novos casos de covid-19 reportados nos últimos 7 dias ainda rondou os 60 mil. É um número superior aos picos das curvas epidémicas anteriores, exceto a do último inverno. Estamos longe de chegar a uma atividade basal interondas baixa que nos permita ter um verão descontraído e seguro", começou por dizer, em conferência de imprensa.

Graça Freitas adiantou que "o indicador da mortalidade ainda gera preocupação", assinalando que a mortalidade específica por covid-19 foi de 28,5 óbitos em 14 dias por milhão de habitantes, um número "superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por milhão de habitantes" estipulado pelo ECDC. Salientou ainda a linhagem B.A2 da variante Ómicron é "a dominante" em Portugal (98% dos casos), mas advertiu que estão a ser identificadas outras mutações na variante Ómicron que "podem ou não levar a linhagens diferentes da BA.2".

Atendendo a estes fatores, a DGS apresentou um conjunto de recomendações para as época das festividades da Páscoa, que habitualmente implicam a realização de convívios familiares ou entre amigos. Assim, mantém-se o isolamento de infetados com covid-19, bem como a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços fechados e o distanciamento físico.

“A pandemia não acabou a nível global e em Portugal também não e não sabemos como vão ser os próximos meses e, portanto, toda a proteção que conseguirmos construir será boa proteção para o futuro”, declarou.

Questionada sobre o fim das medidas restritivas que ainda estão em vigor, nomeadamente a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços fechados, Graça Freitas lembrou o "limiar de segurança" estipulado pelos especialistas, de 20 óbitos por um milhão de habitantes, e garantiu que a DGS está a observar o "comportamento da doença" para tomar uma decisão.

"Estamos otimistas que, à medida que a incidência diminui, se registem repercussões na mortalidade. Vamos observar o comportamento da doença nos próximos dias e semanas, e, logo que possível, com segurança e já num valor baixo da atividade deste vírus, libertarmos a sociedade deste vírus", adiantou.

A responsável admitiu ainda que é provável que o número de casos de covid-19 possa vir a aumentar na sequência do período da Páscoa, lembrando a experiência dos últimos meses. "Obviamente que períodos de grande convívio têm sido acompanhados do aumento do numero de casos", acrescentou, apelando por isso ao cumprimento das medidas de higiene respiratória e distanciamento físico.

Questionada sobre o fim das máscaras nas escolas, Graças Freitas explicou que a única recomendação que está agora em vigor para as crianças é a recomendação do uso de máscara nas crianças com idade igual ou superior a 10 anos. É certo que as crianças "têm uma grande proteção imunitária", quer por contraírem a doença - cerca de 51% das crianças entre os 6 e os 17 anos contraíram a covid-19, de acordo com a responsável -, quer pela vacinação.

"Mas ainda há um grande número de suscetíveis do vírus nas escolas. E, se nas crianças a doença é habitualmente ligeira, não podemos esquecer que as crianças são vetores da transmissão da doença", acrescentou, explicando que é aqui que reside a preocupação acerca da covid-19 na comunidade escolar, uma vez que podem propagar a SARS-CoV-2 na população generalizada.

Questionada sobre a necessidade da administração generalizada da quarta dose da vacina, Graça Freitas explicou que a questão a colocar não é se esta é ou não necessária mas "para quem é que será necessária" e qual "o timing" da administração. "Quem nos vai dar essa informação é a evolução da epidemia."

Graça Freitas foi ainda questionada sobre os riscos associados às festas de finalistas no que diz respeito à propagação da doença, respondendo que "obviamente" poderá provocar um aumento do número de casos de infeção, "pela lógica das coisas", tendo em conta os convívios em festas, e deixou um apelo aos finalistas: "Se tiverem sintomas, isolem-se e façam um teste".

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