«O Artur Jorge disse-me: 'Pá, se ficares aqui vais treinar para a praia'»

26 out 2022, 08:44
Paulo Madeira (Foto Getty)

«Destinos» foi ao encontro de Paulo Madeira, o central que foi campeão do mundo sub-20 e tem uma longa história no Benfica, feita de altos e baixos e muitos momentos marcantes. Olhando para trás, ficam as histórias e as boas recordações

DESTINOS é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias das décadas de 80, 90 e 00s, marcantes no nosso futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. 

Paulo Madeira foi campeão do mundo sub-20, estreou-se na equipa principal do Benfica aos 19 anos e chegou pouco depois à seleção AA, onde fez 24 jogos e esteve na fase final do Euro 96. De Riade à Luz, o antigo central, agora com 52 anos, viveu muitos momentos marcantes.

Alguns são memórias felizes, como o título de campeão nacional em 1990/91 depois da célebre vitória nas Antas - onde o cheiro do balneário «não era normal» - ou a histórica vitória em casa do Arsenal na época seguinte, quando teve pela frente o gigante Alan Smith. Passou por momentos conturbados também, em tempos agitados no Benfica: com Artur Jorge, que ameaçou mandá-lo treinar para a praia, ou mais tarde, quando deu a cara ao lado de João Pinto depois da derrota por 0-7 em casa do Celta Vigo. Também apadrinhou a estreia de Mourinho como treinador e terminou o percurso de uma década na Luz, marcado por várias saídas e regressos, impedido de trabalhar com a equipa.

Deixou de jogar depois de uma passagem pelo Brasil e uma última época no Estrela da Amadora, a pedido das filhas. Depois seguiu uma carreira como empresário. É sobre esse percurso que fala com o Maisfutebol. Com boas recordações, porque são essas que guarda.

Como começou o seu percurso no futebol?

Nasci em Angola em 1970 e vim para Portugal em 1974. Vim para a zona de Coimbra, a zona dos meus avós paternos. Estive lá um ano e meio, depois fui para perto de Guimarães mais dois anos e em 1980 radiquei-me no Algarve com a família. Não comecei a jogar muito cedo. Hoje em dia os miúdos têm muito mais condições e começam muito mais cedo. Eu comecei a jogar com 13 anos, já era iniciado. Na escola muitos dos meus colegas já eram jogadores do Lusitano VRSA e eu fui um bocado influenciado por eles para ir ao Lusitano treinar. O meu irmão mais velho jogava lá. Mas a mim não me puxava muito para o futebol.

Não?

Não ligava muito. A partir do momento em que fui inscrito e comecei a ir é que comecei a levar as coisas a sério. Mas acho que comecei muito tarde.

Começou logo a jogar como defesa?

Não, no início eu não tinha nada a ver com a defesa. Comecei como médio esquerdo, depois fui para médio-centro. Depois, como na altura nos iniciados eu era um bocadinho mais alto que os outros, muitas vezes quando estávamos um bocado a levar «massacre» jogava a central, vinha cá para trás. No Lusitano comecei a jogar como médio-centro, depois é que comecei a recuar para central. O Lusitano entrou no Nacional de iniciados, a jogar contra as equipas grandes na altura. Acabei por fazer o torneio interassociações pela AF Algarve e no fim do torneio era escolhido um leque de jogadores, dos melhores das associações, que no fundo era um bocado o início da seleção sub-16. Houve uma convocatória de 32 ou 42 jogadores, eu fui chamado e fizemos um jogo antes de uma final da Taça no Jamor. A partir daí fui à seleção sub-16.

Ainda estava no Lusitano?

Sim, ainda a jogar no Lusitano. Eu às vezes costumo dizer que não foi preciso jogar nos clubes grandes para ir à seleção sub-16. No ano a seguir já tinha os clubes grandes, neste caso o Benfica, o FC Porto e o Sporting um bocado interessados em que eu viesse cá para cima. Na altura decidi-me pelo Benfica. Vim já em júnior para o Benfica, até nisso foi um bocado tarde. Raramente hoje em dia os clubes grandes contratam jogadores para os juniores, porque é uma filtragem muito grande já muito de baixo.

Porque é que escolheu o Benfica?

Na altura, o que podia escolher era entre Benfica e Sporting, porque eram mais perto de Vila Real e para os meus pais era melhor estar mais perto de casa. Apesar de o meu pai ser um adepto fervoroso do FC Porto, eu na altura escolhi o Benfica mais também pelo aval dele. Quem me foi contratar lá abaixo foi o falecido Peres Bandeira, que é uma lenda da formação do Benfica.

No Benfica chegou rapidamente à equipa principal

Fui campeão de juniores dois anos seguidos e subi aos seniores. Subi com o Paulo Sousa. Na altura éramos inseparáveis. Na altura e até agora. Ele tinha vindo um ano antes para o Benfica, depois estivemos juntos nos juniores. Fomos campeões do mundo também juntos. E subimos a seniores os dois no Benfica. Vivíamos juntos, partilhávamos a mesma casa, tivemos um percurso muito similar.

Nessa equipa de juniores já estava também o Rui Costa?

Estava no meu segundo ano de júnior, no primeiro ainda era juvenil. Ele tem uma diferença, não de um ano de idade, mas de uma época desportiva. Fomos campeões no segundo ano também com ele. Ele quando subiu a sénior não ficou no Benfica, foi para o Fafe, e depois regressou ao Benfica.

O que é que o Mundial de Riade representou para vocês?

Não é estar a puxar a brasa à minha sardinha, mas eu diria mesmo que foi um bocado o virar de página no futebol português, na formação e no facto de o jogador português ser muito bem visto fora do país.

Como é que viveram o Mundial, como é que encararam a possibilidade de ganhar algo tão relevante?

Acho que não encarávamos. Não tínhamos noção nenhuma, na altura. Mesmo após a vitória não tínhamos noção do impacto que aquilo tinha tido. Não tínhamos essa perceção. Não havia os meios de comunicação que há hoje, não havia as redes sociais. Nós para falarmos com a família ou era por telefax ou mandávamos telegramas, ou por telefone fixo, não havia cá telemóveis. A distância era muita.

Era outro mundo, não era?

Não sabíamos o que se estava a passar em Portugal. No fundo, só começámos a ter a perceção que realmente tínhamos feito alguma coisa diferente quando chegámos ao aeroporto, com a receção que tivemos. Hoje em dia é normal, Portugal nos últimos anos em termos de formação e do futebol profissional tem feito história. Mas naquela altura foi um bocado a pólvora para que muitos jogadores começassem, para já, a jogar cedo nos clubes. Eu costumo dizer que fui internacional AA aos 20 anos, a jogar com jogadores de outras gerações de topo. Ainda apanhei o Bento na baliza, jogadores como o João Pinto do FC Porto, o Jaime Magalhães…

Apanhou a transição entre essa geração e a chamada geração de ouro, não foi?

Exatamente. Apanhei essa transição. O próprio Futre, que é um bocadinho posterior a essa geração. Eu estreei-me em 1991 no Estádio das Antas, num Portugal-Malta em que penso que o Futre até marcou um golo e ganhámos 5-0. A partir daí, subi a sénior no Benfica e logo no primeiro ano fiz muitos jogos.

Festejou um título de campeão nacional logo em 1990/91…

Sim, ganhámos o título. Foi o tal daquela época em que fomos ganhar às Antas com dois golos do César Brito.

A que é que cheirava o balneário das Antas, afinal?

Eu não sei, mas que não era um cheiro normal não era….

Depois foi emprestado ao Marítimo. Esteve fora na época em que o Benfica voltou a ser campeão, em 1993/94.

Fiz quatro épocas na equipa principal. Em 1993 também ganhei a Taça de Portugal, na final em que o Futre marcou dois golos (frente ao Boavista, 5-2). Depois fui emprestado ao Marítimo. A época anterior não me tinha corrido muito bem e fui emprestado. Fiz uma boa época no Marítimo, que ficou bem classificado, foi às competições europeias. Depois o Benfica quis que eu regressasse e voltei. A seguir foi aquela época com o Artur Jorge que foi um bocado aos trambolhões.

Como é que foi a história do Artur Jorge e de ir treinar para a praia?

Foi uma situação caricata. O Artur Jorge chamava jogadores com quem estava a pensar não contar na época seguinte e chamou-me também a mim. Eu fui ouvir o que ele tinha para dizer. Virou-se para mim e disse: ‘Eu sei que tu tens contrato e não sei quê, mas eu não quero que tu fiques aqui para o ano.’ Eu disse: ‘Mister, eu tenho contrato, você é que disse há seis meses para o Gaspar Ramos assinar contrato comigo, não faz muito sentido eu agora ser emprestado.’ Depois ele exaltou-se um bocado e disse: ‘Pá, mas se ficares aqui já sabes, vais treinar para a praia.’ Eu levantei-me e saí do balneário. E não houve mais conversa.

Acabou por ir para o Belenenses no fim dessa época.

Eu tinha dois anos de contrato com o Benfica e fui para o Belenenses, na primeira época emprestado e na segunda também. Entretanto há outra coisa caricata, que poucas pessoas se lembram. O Artur Jorge saiu do Benfica à quinta ou sexta jornada, e mais tarde foi para a seleção nacional. E convocou-me para a seleção, como jogador do Belenenses. Obviamente, se eu tivesse um caráter diferente e se fosse mal formado se calhar na altura tinha dito que não ia. Mas, de forma correta, fui à seleção e joguei. Ele pôs-me a jogar.

Falou com ele, para esclarecerem as coisas?

Eu acho que s pessoas muitas vezes sabem que se calhar numa ou noutra situação não se comportam muito bem. Mas eu andei no futebol uma data de anos, não fico magoado com ninguém, não guardo rancor de ninguém. O futebol é o que é, faz-nos crescer muito, faz-nos ter grandes amizades e é um bocado isso que eu levo. Nunca fiquei com rancor de ninguém, nem aziado com ninguém.

E ainda voltou ao Benfica

Regressei mais uma vez, no final da minha segunda época no Belenenses. Aí tinha assinado um contrato de quatro anos, depois ainda renovei mais dois anos, com o Vale e Azevedo. Depois, na minha antepenúltima época no Benfica, as coisas não correram muito bem para o clube e para mim também, obviamente. Os jogadores levam um bocado por tabela e os mais velhos então ainda mais.

Foi a época da derrota por 0-7 com o Celta Vigo, não foi?

Exatamente. Houve ali muitas coisas que correram mal.

Depois do Celta Vigo já era um dos capitães e esteve com o João Vieira Pinto na leitura daquele comunicado a pedir desculpas.

Estive.

Como é que os jogadores viveram isso, o jogo e esse momento?

Isto agora visto à distância… Naquela altura o comunicado foi um bocado… Nós, os jogadores e os treinadores, somos os primeiros a querer ganhar. Um pedido de desculpas parece que é sinal de que nos estivemos um bocado a marimbar para aquilo e que não quisemos nós, jogadores, ganhar. Mas pronto, na altura foi a decisão que tomámos entre todos.

Foi uma decisão também da direção, ou foi do plantel?

Também, foi um bocado também pressão por parte da direção para que tomássemos essa atitude.

Como é que se explica um jogo como aquele?

Eu acho que não há assim muita explicação. Até porque nós nos primeiros 20, 25 minutos estivemos bem. A partir daí foi um bocado o descalabro. Analisando agora, passados estes anos, há momentos nas equipas e às vezes num ou noutro jogador em que acontece isso. Estou-me a lembrar por exemplo do Alemanha-Brasil (7-1, no Mundial 2014), em que se passou um bocado isso. Uma seleção de jogadores top, se calhar qualquer daqueles jogadores da seleção do Brasil jogava em qualquer equipa na Europa, perdeu e levou um baile da Alemanha. Mesmo assim a Alemanha a certa altura tirou o pé do acelerador, se não não sei como ficaria. Portanto, isso acontece, esporadicamente.

Entra-se numa espiral de descontrolo?

É um bocado isso.

Voltando ao percurso no Benfica. Era capitão quando chegou o José Mourinho. Como foi lidar com ele?

Era a primeira vez que ele dirigia uma equipa como treinador principal. Mas já naquela altura, vendo determinadas atitudes, a forma como ele treinava, notava-se que era um bocado diferente dos outros. Era um bocado à frente no tempo.

Como é que ele era com os jogadores?

Tinha um trato bom com os jogadores. Tinha uma particularidade que ainda hoje tem, se calhar agora mais moderado, que é a frontalidade. Tudo o que achava que não era bem feito ou que tinha de ser como ele dizia… Não é que tivesse de ser como ele queria. Mas ele dizia: ‘Epá, se fizerem assim se calhar é melhor para vocês.’ Depois quando não se fazia muito daquilo que ele queria, ele obviamente ficava sempre na mó de cima. Mas já naquela altura se via que ia ser um bom treinador. Aliás, hoje em dia, apesar de haver muita crítica, como há em relação ao Cristiano Ronaldo, eu ainda considero o José Mourinho o melhor treinador do mundo. Os próprios treinadores deviam ter muito mais respeito pelo que ele fez pelos treinadores portugueses e pelo futebol português. Ele abriu um precedente, antes de mais o de fazer as pessoas olharem para o futebol português de uma forma diferente, e depois de levar o nome de Portugal a todo o lado. Ele hoje é uma bandeira. Quem é que não conhece o Special One?

O seu percurso no Benfica terminou nessa época…

O Mourinho entretanto sai, há ali uma transição e depois no final dessa época sou um bocado afastado. Eu tinha sido operado ao joelho mesmo no final da época. E fui dispensado. Fui dispensado mas tinha contrato. Numa primeira fase andei em tratamentos a recuperar da lesão, depois até fui proibido de entrar no balneário principal. Foi uma situação um bocado caricata. Mas eu consegui aguentar até ficar mais um ano e qualquer coisa e depois cheguei a acordo e saí.

Teve muitos treinadores ao longo da carreira. Mourinho, Eriksson, Autuori, Artur Jorge, Manuel José… Qual foi o que mais o marcou?

É difícil fazer essa análise. Quando a gente não gosta deste ou daquele treinador muitas vezes criticamos, mas eu acho que aprende-se sempre com os treinadores, quer seja pela positiva quer pela negativa. Eu apanhei de facto treinadores fantásticos e todos diferentes. Todos tinham coisas diferentes. O Eriksson era um gentleman, uma pessoa com uma educação tremenda. Não falava muito. As pessoas tinham por ele um carinho muito especial e muito respeito. Estou-me a lembrar de um Toni, que tinha uma relação fantástica com os jogadores. Sei lá, tantos… O próprio Artur Jorge via-se que era um treinador com muita experiência e muito batido no futebol. Tínhamos muito respeito por ele na altura também. O próprio Carlos Queiroz foi em termos de formação um treinador fantástico, que conseguiu incutir nas nossas cabeças que podia ser possível, que nada era impossível. Era um treinador muito futurista, que via muito à frente. E o Mourinho, o pouco tempo que fui treinado por ele notei que seguramente ia ser um treinador top, como está a ser.

Em Riade o Carlos Queiroz dizia-vos isso durante a competição, passava a ideia que era possível?

Sim. Ele fez-nos acreditar que era possível. O trabalho que ele fez na altura não foi só ir lá os 15 dias e trazer o troféu. Foi um trabalho de mais ou menos quatro anos, com estágios sucessivos. Uma vez fizemos uma pesquisa e nesses quatro anos estivemos quase um ano em estágios. Era hoje uma semana, daqui a quinze dias mais dez dias… Foi um trabalho que o Queiroz preparou bem. Viu muito à frente. E conseguiu incutir nas nossas cabeças que era possível fazer alguma coisa de diferente do que tinha sido feito anteriormente.

Depois de deixar o Benfica ainda foi para o Brasil. Como foi a passagem pelo Fluminense?

Eu tinha estado muito tempo parado derivado à lesão. O meu grande objetivo era experimentar um campeonato diferente para ver se estava ou não estava bem do joelho, e depois voltar à Europa, que era o que eu queria. Ainda que, na altura em que fui para o Brasil e depois para o Estrela da Amadora, eu tivesse decidido que não jogava mais futebol. Só o fiz por causa das minhas filhas.

Então?

Elas pediram-me muito, que queriam ver o pai jogar, já não se lembravam porque eram pequeninas quando eu jogava. Foi mais por isso que joguei mais uma época. Mas chegou ali a meio da época no Estrela da Amadora, fui ter com o presidente e disse que ia acabar a carreira no final da temporada e não queria jogar mais.

Por causa do joelho?

Exatamente.

Chegou a jogar no Fluminense?

Estive lá seis meses e não consegui ser inscrito, porque o clube tinha uma situação financeira muito grave, não podia inscrever jogadores e eu fui penalizado por isso. Mas foi uma experiência muito positiva em termos pessoais. Para perceber um bocado o futebol brasileiro, para perceber a forma de treinar, a dificuldade que os jogadores e os treinadores têm em jogar com temperaturas altas.

Ao longo da carreira qual foi o adversário mais difícil que defrontou, entre os jogadores que teve de marcar?

Eu apanhei ali uma transição. Quando comecei no futebol profissional, havia o líbero e o central de marcação. Eu comecei a jogar com o líbero, na altura lembro-me que era o Samuel. E o central de marcação andava sempre atrás do avançado. Depois apanhei a mudança de os centrais passarem a marcar à zona, ou seja, onde o ponta de lança caía era o central que marcava desse lado. Quando se joga à zona, a grande dificuldade muitas vezes não é quando o avançado é grande, é muitas vezes a mobilidade que pode ter esse avançado. Se vai muito para a linha média deles, se é um avançado pequenino, se é um avançado rápido, potente. Aí há grandes dificuldades. Mas assim em específico não me lembro de ninguém que se tenha destacado dos outros. Lembro-me sim, por exemplo, do jogo em casa do Arsenal, em que o avançado tinha quase dois metros.

O Alan Smith?

Acho que sim. Eu na altura joguei com o Rui Bento, que ainda era mais baixo que eu… No futebol inglês na altura não era muito normal, como não é hoje, os centrais terem aquela estatura. Mas as coisas acabaram por correr bem comigo a marcá-lo, no fundo era eu que fazia essa marcação e até correu bem. Quando ganhámos por 3-1 em Londres. O senhor presidente fez um grande jogo e acho que foi a partir desse jogo que a Europa ficou de olho nele.

O Rui Costa?

Sim.

 

Essa vitória em casa do Arsenal foi um dos momentos mais marcantes da sua carreira?

Foi muito marcante, apesar de não ter sido um jogo para ganhar um troféu. Foi marcante, não só para mim. Para o Benfica, para as pessoas… De cada vez que se fala em Inglaterra, cada vez que o Benfica vai jogar a Inglaterra fala-se nesse jogo. Eu sou daqueles que me lembro só dos momentos bons. Lembro-me também do jogo do César Brito nas Antas e esse deu quase um título.

Como vê a sua carreira, olhando para trás? Foi acima das suas expectativas, gostava de ter ido mais longe?

Acima de tudo, tenho orgulho naquilo que fiz. Se me perguntarem: ‘Podia ter sido melhor, se fosse hoje podias ter feito com que fosse melhor?’ Se calhar. Hoje há coisas muito diferentes. Hoje em dia há uma grande preocupação com a alimentação, é um dos fatores para a performance dos jogadores ser mais alta. Naquela altura não havia essa preocupação. Se calhar, se houvesse, não só eu mas a maior parte dos meus colegas poderíamos ter sido um bocadinho melhores jogadores. A alimentação hoje em dia num atleta é essencial. E naquela altura não havia essa noção. Eram autênticos banquetes antes dos jogos.

Depois de deixar o futebol dedicou-se à representação de jogadores com o Paulo Barbosa, que era o seu empresário?

Sim, deixei de jogar e comecei a trabalhar com ele. Mas neste momento trabalho sozinho.

Continua a trabalhar como representante de jogadores?

Continuo ligado a isso. A fazer as minhas coisinhas, muito low profile, e a ser um bocado aquilo que fui como jogador, que passa por as pessoas darem-me crédito, ter um bom relacionamento com toda a gente. Isso é essencial para se fazer negócios.

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