No final de março havia 380,3 mil pessoas desempregadas, mais 71,9 mil (+23,3%) do que em relação ao mesmo período do ano passado, segundo indicam os dados do INE
A taxa de desemprego no primeiro trimestre fixou-se nos 7,2%, uma subida de 0,7 pontos percentuais (p.p.) face ao último trimestre de 2022 e de 1,3 pp face aos primeiros três meses do ano passado. Havia 380,3 mil pessoas desempregadas de janeiro a março deste ano, mais 37,6 mil (+11%) do que no trimestre anterior e 71,9 mil (+23,3%) do que em relação ao trimestre homólogo do ano passado, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta quarta-feira.
Entre os jovens (16-24 anos) a taxa de desemprego no trimestre foi estimada em 19,6%, menos 0,3 p.p. do que no trimestre anterior e 1 p.p. face ao trimestre homólogo do ano passado.
Nos primeiros três meses do ano, a taxa de desemprego foi superior à média nacional na Área Metropolitana de Lisboa (8,0%) e a Norte (7,6%), igual no Alentejo e Algarve e inferior nas restantes três regiões, com a Região Autónoma da Madeira a registar uma taxa de 6,5%; a Região Autónoma dos Açores 6,2% e o Centro uma taxa de 5,6%.
“Em relação ao trimestre anterior, a taxa de desemprego aumentou em todas as regiões, com exceção da Região Autónoma da Madeira, onde diminuiu 0,4 p.p. O maior aumento foi observado no Alentejo (1,7 p.p.)”, refere o INE.
Na comparação homóloga, este indicador “aumentou em todas as regiões do Continente, destacando-se o acréscimo de 2,2 p.p. na região Norte, e diminuiu nas regiões autónomas (Região Autónoma dos Açores: 0,4 p.p.; Região Autónoma da Madeira: 1,0 p.p.), descreve o INE.
A taxa de desemprego subiu no trimestre, mas o número de pessoas desempregadas subiu mais. No período havia 380,3 mil pessoas desempregadas, mais 37,6 mil (+11%) do que no trimestre anterior e 71,9 mil (+23,3%) do que em relação ao trimestre homólogo do ano passado.
“Para a evolução homóloga da população desempregada contribuíram, principalmente, os acréscimos nos seguintes grupos populacionais: homens (42,1 mil; 29,9%); pessoas dos 35 aos 44 anos (23,8 mil; 47,1%); que completaram, no máximo, o 3.º ciclo do ensino básico (33,7 mil; 28,9%) ou com ensino secundário ou pós- -secundário (35,9 mil; 32,5%); à procura de novo emprego (73,4 mil; 28,1%); e desempregados há menos de 12 meses (75,8 mil; 45,7%)”, aponta o INE.
Até março, 36,5% da população desempregada encontrava-se nesta condição há 12 ou mais meses (desemprego de longa duração), menos 5,5 p.p. do que face ao trimestre anterior e menos 9,7 p.p. do que no trimestre homólogo do an passado.
“A variação homóloga da proporção de desemprego de longa duração foi impulsionada pelas diminuições entre as mulheres (11,0 p.p.), no grupo etário dos 55 aos 74 anos (15,5 p.p.) e entre aqueles com ensino superior (16,6 p.p.)”, refere o INE.
Já o peso do desemprego de muito longa duração (24 ou mais meses) no desemprego de longa duração (62,6%) diminuiu 2,5 p.p. em relação ao trimestre anterior e aumentou 8,9 p.p. relativamente ao mesmo trimestre de 2022.
Mais pessoas em teletrabalho
Os números do INE também revelam um aumento do número de pessoas em teletrabalho. No trimestre, a percentagem de população empregada que trabalhou a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação, foi de 17,9% (881,6 mil pessoas), mais 0,9 p.p do que no 4.º trimestre de 2022.
Contudo o total de pessoas que afirma estar em teletrabalho é superior: Um total de 937 mil pessoas (19%) indicaram ter trabalhado em casa no 1.º trimestre de 2023. “O número médio de dias trabalhados em casa por semana foi de quatro, à semelhança do observado nos três trimestres anteriores”, refere o INE.
“Entre os empregados que trabalharam em casa, 27,0% (252,9 mil) fizeram-no sempre, 31,6% (295,6 mil) fizeram-no regularmente mediante um sistema que concilia trabalho presencial e em casa, 15,2% (142,6 mil) trabalharam em casa pontualmente e 25,7% (240,4 mil) fizeram-no fora do horário de trabalho”, pode ler-se no boletim.
“Comparando estas proporções com as do trimestre anterior, destaca-se o aumento daqueles que conciliaram trabalho presencial e em casa (1,3 p.p.) e dos que trabalharam em casa fora do horário de trabalho (1,0 p.p.), observando-se uma diminuição dos que trabalharam pontualmente em casa (0,6 p.p.)”, destaca o INE.
O sistema de combinação mais comum “foi o que conjuga alguns dias por semana em casa, em todas as semanas (66,9%; 197,9 mil), diminuindo (1,8 p.p.), no entanto, em relação ao 4.º trimestre de 2022.”
“Os empregados num sistema híbrido trabalharam em casa, em média, três dias por semana. Ainda entre os que trabalharam em casa, 94,1% (881,6 mil) estiveram em teletrabalho, ou seja, utilizaram tecnologias de informação e comunicação (TIC) para desempenhar as suas funções a partir de casa. Este regime de prestação de trabalho abrangeu 17,9% do total da população empregada, mais 0,9 p.p. do que no trimestre anterior”, refere ainda o boletim.