Perdeu a mulher, a filha, o filho: o Brasil comoveu-se com o homem sem nome. Mais de 100 mortos em Petrópolis

17 fev 2022, 20:57
As impressionantes imagens da tragédia em Petrópolis

Morreram mais de 100 pessoas. Não se sabe onde estão outras 100. A chuva forte está a matar

Ainda sob a ameaça de novo temporal e deslizamentos de terras, as autoridades e a população de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, procuram agora pelos que estão desaparecidos desde terça-feira. Um dos depoimentos que estão a comover o Brasil é o de um homem, que não se identificou, que revelou à Globo ter perdido a mulher e os filhos.

“Levei a minha mulher para a porta de casa, com a minha filha, e ela disse-me ‘vai buscar o Lucas’, que é o meu filho de 21 anos”, disse o homem, que não conseguiu salvar o jovem. “Disse-lhe ‘Lucas, vamos sair que está a descer muita água suja’. No momento em que estamos a descer, olhei para cima e vi algo que parecia neve a vir. Começámos a correr em sentido contrário, ele agarrado à minha mão, mas depois escorregou e escapou-me”.

O homem ainda tentou resgatar o resto da família, mas não conseguiu. “Fui a gritar pela minha mulher pelo meio do mato. Tinha caído.”

Os pais estão vivos ou mortos?

Marissol Fernandes, uma educadora de infância de 42 anos, começou a retirar crianças quando começou a ver o morro perto da creche a cair. “O morro estava a começar a desabar. De dentro da creche vi várias casas a cair. Com a ajuda de alguns vizinhos conseguimos retirar as crianças através de uma grade para um campo ao lado da creche. Tínhamos uma criança com três meses e 20 dias”, contou - é outro dos relatos de sobreviventes.

A falta de internet está a dificultar o contacto com os pais, muitos deles que ainda não foram buscar os seus filhos. “Pelo que sei ainda há crianças numa casa de uma vizinha porque os pais não as vieram buscar. Não sabemos se estão vivos ou mortos”.

“Ele é deficiente físico e não conseguiu sair do autocarro”

Um dos vídeos mais duros desta tragédia mostra várias pessoas a tentar escapar de um autocarro prestes a ficar submerso. As imagens foram vistas com grande aperto pela família do jovem Gabriel, de 17 anos, que o reconheceram quando saiu de uma das janelas do autocarro antes de ser arrastado pela corrente. Em declarações à TV Globo à porta do Instituto de Medicina Legal local, o tio do jovem confessou não ter informações do seu paradeiro desde terça-feira.

História semelhante conta Felipe, um morador de Petrópolis, que afirma que o seu irmão de 42 anos terá morrido dentro de um dos autocarros arrastados. “Enviou-me uma mensagem a dizer que estava a ficar sem bateria no telemóvel e que o rio estava a subir. Mas a água subiu de maneira muito forte e algumas pessoas não conseguiram sair. Ele é deficiente físico e não conseguiu sair do autocarro.”

Para esta noite está prevista chuva forte. O temporal em Petrópolis fez mais de cem vítimas mortais, havendo ainda a registar mais de uma centena de desaparecidos.

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