Exclusivo. Dermatologista do Santa Maria recebeu 407 mil euros por dez dias de trabalho e passou o resto do tempo de baixa

28 mai, 22:52

O presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, Carlos Martins, diz estar à espera de novos dados, mas, caso as respostas não sejam claras, admite afastar todos os diretores que colaboraram nesta polémica

O presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, Carlos Martins, confirmou à TVI, do mesmo grupo da CNN Portugal, que o dermatologista Miguel Alpalhão recebeu efetivamente 407 mil euros em apenas dez sábados de trabalho, mais precisamente, 406.930,06 euros.

O valor foi aliás faturado apenas nos primeiros nove meses de 2024, porque de outubro a dezembro Miguel Alpalhão esteve de baixa.

Cenário que também já se tinha repetido em 2023, quando o dermatologista só trabalhou durante quatro meses. Nos restantes oito, Miguel Alpalhão esteve de baixa.

O absentismo de Miguel Alpalhão torna ainda mais complexo compreender como pode perfazer horas de trabalho suficientes para realizar tantas cirurgias adicionais se em 24 meses apenas trabalhou cerca de metade.

O presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, Carlos Martins, garante que este caso não vai ficar por aqui e está à espera de receber novos dados, garantindo que, caso as respostas não sejam claras, admite afastar os diretores que colaboraram nesta polémica que lesou financeiramente o Serviço Nacional de Saúde.

A TVI/CNN Portugal identificou a rede de cumplicidades entre o auditor, que não detetou qualquer irregularidade na codificação destas cirurgias, e o diretor do serviço de dermatologia, que é o chefe direto de Miguel Alpalhão.

A rede de cumplicidades no maior hospital do país

Paulo Filipe é o responsável pelo serviço de dermatologia do Santa Maria e quem aprovou as cirurgias adicionais ao sábado, porque tudo o que envolve este serviço hospitalar passa por ele.

Em simultâneo, Paulo Filipe é também consultor da Comissão de Farmácia e Terapêutica do Santa Maria, na área da dermatologia. Quer isto dizer que um médico que precise de um medicamento inovador faz um pedido a esta comissão, que, por sua vez, autoriza ou não a dispensa do fármaco na farmácia hospitalar e, como é o responsável, é Paulo Filipe quem decide o que é ou não aprovado.

Todavia, a decisão final é do presidente da Comissão de Farmácia e Terapêutica, Carlos Moreira, que é também responsável pelo gabinete de codificação da Unidade Local de Saúde (ULS) de Santa Maria.

Carlos Moreira é o diretor do Departamento de Medicina e Adjunto da Direção Clínica e foi ele que realizou a codificação feita no ano passado pedida por Carlos Martins e que em nada resultou apesar do diretor clínico, Rui Tato Marinho, garantir que é a pessoa indicada para o fazer.

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