Pequim recusa encontro entre chefes da Defesa da China e dos EUA em Singapura

Agência Lusa , BC
31 mai 2023, 08:31
Estados Unidos e China (Kiichiro Sato/AP)

Diálogo militar entre China e EUA não deverá ser retomado à margem de um fórum de segurança

Pequim rejeitou um encontro entre os responsáveis pela Defesa da China e dos Estados Unidos, à margem de um fórum de segurança em Singapura, complicando a retomada do diálogo militar de alto nível entre as duas potências.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiro da China Mao Ning culpou os EUA, na terça-feira, ao apontar que Washington deve “respeitar, com sinceridade, a soberania e os interesses e preocupações de segurança da China, corrigir imediatamente as irregularidades, mostrar sinceridade e criar uma atmosfera e condições necessárias para o diálogo e comunicação entre os dois exércitos”.

As tensões entre os dois países aumentaram devido ao apoio militar e à venda de armas a Taiwan pelos Estados Unidos, as reivindicações territoriais de Pequim no Mar do Sul da China, e o abate de um alegado balão de espionagem chinês no espaço aéreo dos EUA.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, vai discursar no Diálogo de Shangri-La, que arranca no sábado, em Singapura. O ministro da Defesa chinês, o general Li Shangfu, vai falar no domingo.

Austin reuniu-se com o antecessor de Li, Wei Fenghe, na edição do ano passado, mas as tensões entre os dois países persistiu.

Na sua intervenção no principal fórum sobre segurança da Ásia, Wei acusou os EUA de tentarem conter o desenvolvimento da China e ameaçou usar a força para reunificar o território de Taiwan com o continente chinês.

O presidente chinês. Xi Jinping. e o homólogo dos Estados Unidos, Joe Biden, também se encontraram à margem da cimeira do G20, em novembro passado, na Indonésia, mas os contactos entre os dois países ocorreram apenas esporadicamente desde então, através de reuniões à margem de outros eventos, em países terceiros.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, cancelou uma visita a Pequim em fevereiro, depois de os EUA terem derrubado um balão chinês que cruzou os Estados Unidos, alegadamente como parte de uma missão de espionagem.

Blinken reuniu-se mais tarde com o conselheiro máximo para as relações externas do Partido Comunista Chinês, Wang Yi, na Áustria.

A China rejeitou um telefonema de Austin para discutir a questão do balão, disse o Pentágono.

O país asiático também ficou indignado com a escala feita pela líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, nos EUA, que incluiu um encontro com o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Kevin McCarthy.

O Exército de Libertação Popular da China realiza frequentemente exercícios militares e envia caças, veículos aéreos não tripulados e navios de guerra para perto da ilha.

A China também protesta frequentemente contra as incursões de navios e aviões militares dos EUA no Estreito de Taiwan e perto de ilhas controladas pelo país asiático no Mar do Sul da China, despachando os seus próprios navios e aviões, o que aumenta a possibilidade de confrontos ou choques.

O Diálogo de Shangri-La reúne todos os anos líderes políticos, militares e especialistas em segurança da região Ásia-Pacífico. O evento é realizado em Singapura e recebe participantes de diversos países, incluindo ministros da Defesa, altos quadros militares, académicos e representantes do setor privado.

O fórum foi iniciado em 2002 pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), que tem sede em Londres.

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