Portugal compra sexto KC-390 da Embraer e garante mais dez para vender a países da NATO

16 jun, 10:51
Embraer KC-390 da Força Aérea Portuguesa no aeródromo de Alverca (AP Photo/Armando Franca)

Estado português espera lucrar, pelo menos, 11 milhões de euros por cada aeronave vendida

O ministro da Defesa, Nuno Melo, anunciou esta segunda-feira que Portugal vai comprar uma sexta aeronave de transporte militar KC-390 da Embraer para a Força Aérea Portuguesa (FAP) e garante a opção de compra de mais dez unidades para vender a países da NATO, num negócio que pode vir a beneficiar a indústria de defesa nacional.

"Quantos mais KC-390 são vendidos mais Portugal beneficia. É por isso que, além de uma sexta aeronave, decidimos também garantir também uma reserva de mais dez KC-390 que serão utilizados em relações estado a estado para a venda a países aliados", afirmou aos jornalistas o governante durante uma apresentação no Air Show de Paris.

Nuno Melo revelou que a compra da sexta aeronave será feita através de uma cláusula que estava prevista no contrato de 850 milhões de euros assinado para a aquisição de cinco destes aviões. Esta aeronave, que tem um custo aproximado de 130 milhões de euros por unidade, vai ser adquirida ao preço contratualizado em 2019, bem abaixo do atual valor de mercado. 

O ministro da Defesa português, que que falava ao lado do líder da FAP, o general Cartaxo Alves, não revelou a data de entrega prevista para a sexta aeronave. Atualmente, Portugal tem apenas duas aeronaves, sendo que uma delas se encontra inoperacional depois de ter sido atingida na asa esquerda por um camião, na pista do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Espera-se que as três restantes unidades sejam entregues até 2027.

O presidente da Embraer Defesa & Segurança destacou que esta aquisição da FAP marca a primeira compra adicional feita por um operador do KC-390, o que "demonstra o reconhecimento da qualidade e do resultado operacional que esta aeronave tem conseguido". Para Bosco da Costa Junior, o interesse português em colocar mais dez aeronaves no contrato é a prova de "que mais países ocidentais podem-se juntar muito brevemente a este grupo de operadores".

Portugal esteve envolvido na concepção destas aeronaves de transporte militar em parceria com a fabricante aeronáutica brasileira Embraer e várias empresas portuguesas são responsáveis pelo fabrico de "inúmeros componentes" utilizados no KC-390. Além disso, Portugal é também responsável pelo treino de pilotos de KC-390 a países da NATO. Feitas as contas, o Ministério da Defesa lucra 11 milhões de euros sempre que um KC-390 é vendido.

"Portugal tem um lucro aproximado dos 11 milhões de euros pela venda de cada aeronave. O que significa que quantos mais KC-390 são vendidos no mundo mais lucro reverte para o estado português. Por isso decidimos optar pela sexta aeronave, que era uma opção que estava prevista no contrato e que será feita ao preço da celebração do contrato e não ao preço que a aeronave está a ser vendida agora. Se Portugal quisesse revender, venderia com um enorme lucro", defende Melo.

Nesse sentido, o ministro Nuno Melo destacou também que Portugal vai garantir dez aeronaves para vender diretamente a países da NATO, transformando as necessidades militares de membros da aliança em lucro para o estado português. Isto significa que Portugal vai ser responsável por comercializar diretamente estas dez unidades com outros países.

"Esta parceria entre Portugal e o Brasil através da Embraer, que resulta em imensos lucros para Portugal e reforça as indústrias da Defesa, vai ser agora reforçada por esta opção potencial por outras dez aeronaves, que transformam Portugal num próprio instrumento de venda da aeronave no mundo e na NATO. Recordo que cada aeronave vendida significa 11 milhões de euros para o Estado português", sublinha o ministro.

A parceria entre Portugal e a Embraer tem vindo a ser cada vez mais aprofundada, nos últimos anos. O ano passado, o Governo português aprovou a compra de 12 aeronaves A-29N Super Tucano à Embraer, num negócio com contornos semelhantes ao dos KC-390. O negócio, avaliado em 200 milhões de euros, envolve uma forte participação da indústria portuguesa em aéreas tecnológicas importantes, com a reconfiguração do avião para os padrões e especificações da NATO a ficar a cargo dos portugueses.

País

Mais País
IOL Footer MIN