PAN denuncia "maus-tratos" no transporte de animais vivos

19 jan 2022, 00:28
PAN em campanha no Porto de Sines (Tiago Canhoto/Lusa)

Inês de Sousa Real fez uma visita ao Porto de Sines, em Setúbal, onde mostrou as condições que considera inaceitáveis no transporte de animais vivos por via marítima. Hoje, a líder partidária está no canil de Évora

Passavam poucos minutos das 16 horas quando chega ao Porto de Sines, no distrito de Setúbal, um camião com bovinos e ovinos todos amontoados. A observar com ar de desagrado, Inês de Sousa Real vai explicando aos jornalistas: "Não têm sequer espaço para se deitar".

A líder do PAN escolheu este local como ação de campanha porque por ali passam ao longo do dia vários camiões como aquele, cheios de animais, garante. E com esta sua ação, Inês Sousa Real quer denunciar o que diz serem "condições de maus-tratos e de irregularidades" a que são sujeitos os animais durante o seu transporte para países terceiros, sobretudo Israel, por via marítima, para serem abatidos.

Tiago Canhoto/Lusa

Esta foi, segundo elementos da sua comitiva, a primeira ação dedicada à causa animal em período oficial de campanha eleitoral. Mas já estão previstas, pelo menos, mais duas nos próximos dias. A líder do PAN não parece disposta a perder terreno neste tema de defesa dos animais, que lhe deu popularidade e votos nos últimos anos.

Por isso, durante a sua campanha e até às eleições legislativas vai chamar a atenção para algumas questões que envolvem o bem-estar e a dignidade dos animais. Esta quarta-feira vai visitar o Canil Municipal de Évora onde se encontram muitos cães abandonados. O tema do abandono e dos maus tratos aos animais tem sido uma das suas bandeiras.  E esta é também mais uma oportunidade para recordar o papel do PAN na mudança do estatuto jurídico dos animais e na proibição dos abates nos canis municipais.

Já a 26 de janeiro, a candidata vai participar num debate online promovido pelo projeto Causa Animal. Como o roteiro ainda não está definido, muitas outras ações deste genéro poderão, entretanto, ser agendadas.

O assunto que o PAN vai levar ao Parlamento

Nesta terça-feira Inês Sousa Real focou-se na forma como os animais são transportados. "Quero abolir o transporte de animais vivos por via marítima", adiantou à CNN Portugal, acrescentando: "Não faz sentido que um automóvel seja transportado em melhores condições do que um ser vivo". 

Se não conseguir acabar com esta prática, a responsável partidária diz que vai exigir que seja obrigatório a presença de um veterinário durante todo o percurso. Por isso, o PAN vai levar o assunto ao Parlamento na próxima legislatura. 

Ao seu lado nesta sua iniciativa de campanha estava um ativista da Plataforma Anti-Transporte de Animais Vivos - cujo a identidade quer manter no anonimato - que a ajudava a explicar a gravidade da situação. "Esta prática tem vindo a crescer imenso desde 2015", diz, acrescentando que se nesse ano havia nove mil animais nestas condições em 2021 os registos já davam conta de "cerca de 400 mil".

O ativista aproveitou para lembrar que o movimento que integra denunciou várias ilegalidades desde 2017, ano que começou a acompanhar estes embargues.  Ilegalidades essas que, garantiu ainda que resultam em "imagens extremamente violentas", desde "animais mortos, feridos, cegos, com patas ou cornos partidos". "É algo muito frequente", lamenta. 

Porto de Sines diz "desconhecer"

Pouco depois de ter estado com os jornalistas, a comitiva do PAN foi reunir-se com o conselho de administração do Porto de Sines, para falar de todo este problema. Segundo o PAN, os responsáveis disseram "desconhecer" a existência de más condições dos animais e garantiram conseguir "assegurar o envio de animais com contentores refrigerados".

O PAN ainda pediu para fazer uma visita ao interior dos navios, mas foi informado que tem de ser requerida uma autorização ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Um pedido que nos próximos dias seguirá caminho.

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