Marcelo como vigilante de uma maioria absoluta: o cenário preferido de Costa que mais ninguém quer

20 jan 2022, 10:50

A figura do Presidente da República tornou-se central no debate, num cenário que António Costa muito tem pedido

António Costa já deixou bem claro o quer nas eleições: uma maioria absoluta. Para isso, e "sossegando" os portugueses, diz poder contar com Marcelo Rebelo de Sousa. A figura do Presidente da República tornou-se central no meio do debate das rádios. Trazido por António Costa, o chefe de Estado foi mote para o ainda primeiro-ministro voltar a dizer que Marcelo estará a vigiar um eventual passar de "linha" da maioria absoluta. Esta foi uma ideia já referida pelo secretário-geral do PS, na altura após o debate com Rui Rio.

"As pessoas têm receio das maiorias, mas os portugueses elegeram um novo Presidente. Toda a próxima legislatura vai ser exercida ainda sob o mandato do atual Presidente da República, e é um Presidente da República em quem os portugueses confiam plenamente. Aqueles riscos que as pessoas veem... quem acredita que com o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa uma maioria do PS podia pisar a linha?", afirmou, ouvindo-se risos da parte de Francisco Rodrigues dos Santos, que foram notados por António Costa. 

Depois do elogio a Marcelo, com quem espera a manutenção de "boas relações", o secretário-geral do PS aproveitou para dar uma nota sobre ações de Presidentes: "Seguramente, Cavaco Silva não é bom exemplo de Presidente da República para ninguém".

A chamada do chefe de Estado provocou risos na direita, que rejeita a ideia de um Marcelo vigilante perante uma maioria socialista. A Iniciativa Liberal espera que o Presidente da República assuma um papel diferente daquele que teve no primeiro mandato, em que teve "uma enorme falta de exigência", segundo João Cotrim de Figueiredo.

Já o CDS, pela voz de Francisco Rodrigues dos Santos, entende que a figura do Presidente da República não é "um padrinho que cauciona a maioria absoluta".

"Até parece que António Costa vai sentar Marcelo Rebelo de Sousa no Conselho de Ministros, ou tê-lo como deputado", afirmou ainda, questionando o primeiro-ministro porque é que "não apoiou o Presidente da República nas eleições presidenciais".

Para o PAN, "a maioria absoluta não é desejada pelos portugueses". Não falando diretamente no papel do Presidente da República, Inês de Sousa Real lembrou o aviso dado por Marcelo Rebelo de Sousa, que disse várias vezes que um chumbo no Orçamento antecederia uma dissolução da Assembleia da República.

Já o Livre, por Rui Tavares, comparou o que Costa pede a Marcelo em relação à maioria absoluta a uma "válvula de segurança", sublinhando que essa válvula deve ser o Parlamento e defendendo que "as pessoas sabem que as maiorias absolutas colocam perigos que são revelantes".

O Bloco de Esquerda diz que "as pessoas têm má memória de maiorias absolutas" e por "boas razões", lembrando a "permeabilidade" aos "grandes interesses económicos".

Por isso, e voltando ao papel de Marcelo, Catarina Martins sublinha que “seria um erro os partidos quererem que o Presidente da República entrasse na campanha eleitoral”.

O único a ficar de fora das referências ao chefe de Estado foi João Oliveira, a quem a questão não foi direcionada.

Veja também o vídeo: Estou infetado, quando posso votar? Esta e outras respostas num guia para as eleições

Relacionados

Partidos

Mais Partidos

Patrocinados