Polícia de Londres que confessou ser violador em série condenado a um mínimo de 30 anos e 239 dias de prisão

7 fev 2023, 12:50
David Carrick (Hertfordshire Police via AP)

A juíza disse que uma "punição justa e proporcional" seria uma sentença de prisão perpétua com uma pena mínima de 60 anos. Ainda assim, perante as várias confissões feitas pelo agressor, concedeu-lhe um desconto na pena de 20% e deduziu o prazo mínimo para 48 anos. Dos 32 anos restante, a magistrada retirou 491 dias - o tempo que David Carrick já passou sob custódia. Contas feitas, o ex-agente vai ter de cumprir uma pena de prisão de 30 anos de 239 dias

David Carrick, o agente da Polícia Metropolitana de Londres que admitiu em tribunal ser um violador em série, foi esta terça-feira condenado a 36 prisões perpétuas, tendo de cumprir um mínimo de 30 anos. 

Na leitura da sentença, a juíza Cheema-Grubb fez questão de dizer que não iria aplicar uma "ordem vitalícia" de prisão perpétua - que faria com que Carrick nunca mais saísse da prisão -, porque o limite para essa punição não tinha sido atingido. Esse tipo de sentenças são geralmente utilizadas em grandes homicídios ou assassinatos. 

A magistrada afirmou, no entanto, que uma "punição justa e proporcional" seria uma sentença de prisão perpétua com uma pena mínima de 60 anos. Ainda assim, perante as várias confissões feitas pelo agressor, concedeu-lhe um desconto na pena de 20% e deduziu o prazo mínimo para 48 anos. Dos 32 anos restante, a juíza retirou 491 dias - o tempo que Carrick já passou sob custódia. Contas feitas, o ex-agente vai ter de cumprir uma pena de prisão de 30 anos de 239 dias. Nessa altura, a pena será reavaliada para perceber se pode ou não sair em liberdade condicional. 

Numa fase inicial, quando lia as evidências da acusação, a juíza referiu que David Carrick se transformava num "monstro" sempre que consumia bebidas alcoólicas, tendo provocado "uma devastação irreparável na vida daqueles que abusou". Para além disso, muitas das vítimas sofreram "danos psicológicos prolongados" e ficaram com a "saúde mental prejudicada". A magistrada acrescentou ainda que algumas destas mulheres sentem que não podem confiar nem nos homens nem na polícia britânica. 

Durante o julgamento, o ex-agente não mostrou qualquer arrependimento ou remorsos pelos crimes que cometeu ao longo de vários anos, o que levou a juíza a dizer que parecia "uma campanha desenfreada de violações contra mulheres". 

Para atenuar a pena, contribuíram ainda outros fatores, nomeadamente todos os traumas de infância. A juíza Cheema-Grubb referiu que os pais de David Carrick eram alcoólico e que o ex-agente foi vítima de abusos durante a adolescência por parte do padrasto.

Carrick declarou-se culpado de 85 crimes

Foi no tribunal de Southwark, no Reino Unido, que David Carrick confessou ter atacado 12 mulheres durante um período de 17 anos (2003-2020). No total, admitiu 85 crimes, entre violações e várias agressões sexuais. Tendo sido suspenso de funções e detido em outubro de 2021.

O agente, de 48 anos, começou a ser ouvido em dezembro e, na altura, a Polícia Metropolitana de Londres pronunciou-se sobre o caso, pedindo desculpa a todas as mulheres que foram vítimas "das terríveis ações criminosas" de David Carrick. 

"Devíamos ter detetado o seu padrão de comportamento abusivo e, como não o fizemos, perdemos oportunidades de o retirar da organização. Lamentamos verdadeiramente o facto de ele ter podido continuar a utilizar o seu papel de agente da polícia e que possa ter prolongado o sofrimento das vítimas."

Carrick estava preso no estabelecimento prisional de alta segurança de Belmarsh, para foi transportado para o hospital psiquiátrico de Rampton, depois de ter tentado suicidar-se.

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