Fez-se história na segunda-feira à noite, quando a sonda do Teste de Redirecionamento Duplo de Asteroides da NASA embateu com sucesso no asteroide Dimorphos. A câmara do DART partilhou imagens dramáticas da superfície do asteroide antes da colisão.
Agora, novas imagens captadas por um companheiro, um satélite cúbico conhecido como LICIACube, revelam como foi o impacto visto por outra perspetiva.
O CubeSat Ligeiro para Imagiologia de Asteroides, fornecido pela Agência Espacial Italiana, tem o tamanho aproximado de uma mala de negócios. Foi lançado pela sonda do DART a 11 de setembro e viajou atrás dela para registar o evento a uma distância segura de 55 quilómetros.
Três minutos após o impacto, o CubeSat voou perto do Dimorphos – que orbita um asteroide maior, o Didymos – para captar imagens e vídeo.
A série de imagens apresenta material brilhante a libertar-se da superfície do Dimorphos após a colisão. Em primeiro plano temos o Didymos.
“Aqui estão as imagens captadas pelo @LICIACube da primeira missão mundial de defesa planetária. Foi precisamente aqui que terminou a #NASA #DartMission. A emoção é incrível, é o começo de novas descobertas”, leu-se num tweet da Argotec Space, a empresa italiana que desenvolveu o CubeSat para a Agência Espacial Italiana.
Here are the pictures taken by @LICIACube of the world's first planetary defense mission.
This is exactly where the #NASA #DartMission ended.
An incredible emotion, the beginning of new discoveries.
Thanks to those who made it possible.@ASI_spazio @mediainaf #LICIACube pic.twitter.com/uPqOXH3azs
— Argotec (@Argotec_Space) September 27, 2022
A superfície do asteroide em forma de ovo, coberta por rochas, era semelhante a Bennu e Ryugu, dois outros asteroides visitados por sondas nos últimos anos. Os cientistas acreditam que o Dimorphos é um asteroide que consiste numa pilha de detritos composta por rochas fracamente unidas.
A equipa da missão está ansiosa por saber mais sobre a cratera de impacto deixada pelo DART, que estimam ter entre 10 a 20 metros de dimensão. Pode inclusive haver pedaços da sonda na cratera.
A colisão intencional, que teve lugar a 11 milhões de quilómetros da Terra, foi a primeira tentativa humana de desviar um asteroide.
Nem o Dimorphos nem o Didymospose constituem uma ameaça para a Terra. Mas a análise da medida em que a sonda do DART conseguiu alterar o movimento do Dimorphos pode dar mais informações sobre as técnicas para proteger a Terra caso uma rocha espacial venha em rota de colisão.
Vai demorar cerca de dois meses até que as observações dos telescópios terrestres determinem se o DART teve sucesso ao reduzir ligeiramente a órbita do Dimorphos à volta do Didymos. Observatórios como o Virtual Telescope Project de Roma já estão a partilhar a sua perspetiva sobre a colisão.
Os astrónomos do observatório Les Makes na ilha francesa da Reunião, no Oceano Índico, também partilharam uma sequência de imagens que mostra o asteroide a iluminar-se com o impacto, e também uma nuvem de material que se libertou da superfície posteriormente. A nuvem deslocou-se para leste e dissipou lentamente, segundo a Agência Espacial Europeia.
O observatório Les Makes é uma estação colaborativa do Gabinete de Defesa Planetária da ESA e o Centro de Coordenação de Objetos Próximos.
Um vídeo das observações partilhadas pelo observatório condensa cerca de 30 minutos de imagens em poucos segundos.
“Algo deste tipo nunca tinha sido feito e não temos bem a certeza do que esperar. Foi um momento emocional para nós quando as imagens chegaram”, disse numa declaração Marco Micheli, astrónomo do Centro de Coordenação de Objetos Próximos da ESA.
À medida que astrónomos de todo o mundo se preparam para estudar as suas observações do sistema de asteroides após o impacto, a missão Hera da ESA prepara-se para uma visita futura ao Didymos e ao Dimorphos.
A Hera será uma missão de acompanhamento, com lançamento previsto para 2024.
“Os resultados do DART irão preparar-nos para a visita da Hera ao sistema binário do Didymos para examinar os efeitos deste impacto daqui a alguns anos”, disse Ian Carnelli, Diretor da Missão Hera. “A Hera irá ajudar-nos a compreender o que aconteceu ao Dimorphos, o primeiro corpo celeste a ser comprovadamente desviado pela humanidade.”