Peter Dinklage à CNN Portugal: “Penso sempre fora da caixa daquilo que fiz antes. Cantar é um exemplo disso”

28 fev 2022, 21:30

A história de Cyrano de Bergerac acaba de ganhar uma nova versão no cinema. O protagonista é um dos atores mais populares da série “Guerra dos Tronos”. “Cyrano”, o musical, foi mais uma oportunidade para se reinventar, mas, desta vez, num projeto que começou em casa com uma peça escrita pela esposa na vida real

A sua ligação a Cyrano começou no palco em 2018. Este filme é o ponto alto de um longo processo criativo com a sua mulher?

Isto foi tudo ideia da Erica (Schmidt), há cinco ou seis anos. Ela foi convidada a fazer uma adaptação da peça “Cyrano” que o Edmond Rostand escreveu há cerca de 120 anos. Não foi a primeira adaptação que fez e o que ela faz sempre é perguntar-se qual pode ser a abordagem, como se liga ao original, o que pode manter e o que deve mudar. Duas coisas que ela trabalhou comigo: E se no personagem Cyrano nos livrássemos do nariz que pelo qual ele é conhecido? E se transformássemos os monólogos sobre o amor em verdadeiras canções de amor? Isso foi muito apelativo para mim, como ator. Foi um desafio e acabámos por preservar o coração do que o Rostand criou, mas de uma forma não tradicional. Há um conforto quando as pessoas vão ver algo e sabem o que estão a ver. Mas quando as levantamos um pouco do chão, penso que é emocionante; pelo menos, para mim como elemento do público: pensar que sabemos algo até que não sabemos.

Uma vez que nunca cantou profissionalmente, até que ponto foi desafiante encarnar este Cyrano cantor?

Foi desafiante, mas é isso que adoro naquilo que faço. Não somos sinais de trânsito à beira de uma autoestrada. Somos atores. Por vezes, talvez vivamos demasiado na nossa zona de conforto. Eu procuro sempre coisas que me tirem da minha zona de conforto e desafiem aquilo que sei que consigo fazer. Penso sempre fora da caixa daquilo que fiz antes. Cantar é certamente um exemplo disso. Definitivamente, não sou cantor. Suponho que consigo cantar, mas… Os meus cantores favoritos têm um dom. Um deles é o Matt Berninger, o vocalista dos The National que escreveu todas as letras com a parceira Carin Besser. Essa é uma voz que deu alma a este filme.

Também é interessante ver um filme como este sobre amor, poesia e ligações humanas no meio de uma pandemia. Até que ponto isso é simbólico para si?

Este foi o primeiro filme que todos fizemos desde que a pandemia começou. A rodagem aconteceu há cerca de ano e meio. Esta pandemia não vai desaparecer, já faz parte da nossa vida, nesta altura. Por isso, como nos adaptamos a ela? O que podemos fazer, como gente do cinema, é proporcionar alegria nestes tempos. Podemos entreter todos os que estão a passar por um mau bocado, fazendo-os esquecer o que se passa durante duas horas com canções maravilhosas.

Há algumas semelhanças entre Tyrion Lannister da “Guerra dos Tronos” e Cyrano de Bergerac?

Podemos estabelecer esse paralelo facilmente, porque eles são ambos incrivelmente inteligentes. Mas ao Cyrano falta confiança no amor, ao contrário do que acontece com o Tyrion. Ele tinha claramente a confiança para dizer o que pensava e o que sentia e, por isso, há aí uma diferença.

“Cyrano” já está em exibição nos cinemas portugueses.

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