Juana Rivas, a "mãe de Maracena", é vítima ou vilã? Filho mais novo acusa-a de "lavagem cerebral" e o tribunal dá a guarda ao pai

MCP
15 mar 2023, 18:45
Apoio a Juana Rivas (Photo by Oscar Gonzalez/NurPhoto via Getty Images)

A criança de oito anos revelou que a mãe o pressionava para acusar o pai de agressões

Juana Rivas, conhecida como a “mãe de Maracena”, fugiu com os seus dois filhos menores, em junho de 2016, da ilha italiana de Carloforte, na Sardenha, onde vivia com o seu marido, Francesco Arcuri. Desde então, vive uma polémica com vários episódios bastante mediáticos, manifestações e que tem dividido opiniões. Se por um lado foi vítima de violência doméstica por parte do seu ex-companheiro, por outro arranjou várias estratégias para quebrar o vínculo dos descendentes com o pai.

No mais recente capítulo desta história, Rivas perdeu a custódia do filho mais novo, que a acusa de manipulação e chantagem. O menino de oito anos revelou que, durante as férias, a mãe o quis obrigar a dizer que o pai lhe batia e o atirava pelas escadas.

Mas recuemos no tempo, para perceber este caso. Em 2009, Francesco Arcuri já tinha sido condenado por violência de género, mas, em 2013, Juana Rivas decidiu dar-lhe uma segunda oportunidade para manterem o casamento. Não resultou. Francesco terá voltado a agredir Juana e o medo de perder a vida resultou no plano de fuga e sequestro dos filhos para Espanha.

“O meu filho mais velho perguntou-me quanto tempo eu ia aguentar. Os abusos foram sendo maiores, cheguei a temer pela minha vida”, explicou Rivas, em 2017, como cita o El País.

Demonstração de apoio a Juana Rivas, em Espanha (foto: AP)
Demonstração de apoio a Juana Rivas, a 14 de agosto 2017, em Madrid, na altura em que a "mãe de Maracena" estava fugida, com os filhos. (Photo by Oscar Gonzalez/NurPhoto via Getty Images)

Francesco denunciou a ex-companheira e afirmou que esta agiu “por capricho” e negou que alguma vez tivesse batido nela ou maltratado os filhos.

O caso implicou que tanto tribunais de Itália e como de Espanha se envolvessem. Dois tribunais espanhóis -  Tribunal de Primeira Instância e Tribunal Providencial de Granada - decidiram que Rivas deveria devolver os seus filhos ao pai, baseando-se na Convenção de Haia, de 1980, sobre o sequestro internacional de crianças. Mas isso que não aconteceu.

Juana Rivas foi vítima, foi acusada, esteve fugida, participou em manifestações feministas, usou pulseira eletrónica e esteve presa. Plot twist: agora, o filho mais novo acusa-a de fazer “lavagem cerebral” para contar “mentiras sobre o pai”.

A criança terá dito à sua psicóloga italiana que a mãe lhe dizia coisas como: “O teu pai bate-te e atira-te das escadas a abaixo. Se não disseres isso, não te deixo ir mais a Carloforte (onde mora com o pai)”. O menino acrescentou ainda que a mãe o obrigou "a fazer vídeos e a dizer que queria morar lá (em Granada)”, segundo é citado pelo El Mundo.

Com esta ação, Rivas queria acusar Arcuri de violência contra os filhos e garantir a sua guarda. Todas as acusações foram rejeitadas pelos tribunais por falta de provas.


Estes depoimentos são apenas uma amostra do que consta na sentença sobre a custódia do menor, emitida a 22 de fevereiro, e a que o El Mundo teve acesso. Os testemunhos do filho, que o tribunal considerou verdadeiros, terão confirmado que Juana Rivas continua a manipular e a tentar afastar os filhos do pai, que a juíza Maria Antonella Sechi considerou ser “o único progenitor que consegue garantir o bem-estar” dos filhos.

Tal como o filho mais novo, também o mais velho foi alvo desta estratégia. Para os psicólogos italianos, que avaliaram o adolescente de 16 anos, ele concorda com tudo o que a mãe deseja e “mantém-se afastado do pai para corresponder ao ideal materno”. O tribunal entendeu, através de várias evidências, que a mãe conseguiu o seu objetivo com este filho, que também terá tentado manipular o irmão.

Para o advogado de Francesco Arcuri, Enrique Zambrano, “os juízes e tribunais espanhóis e italianos examinaram minuciosamente o assunto e tomaram posições comuns, condenando e punindo as contínuas condutas ilegítimas e ilegais de Rivas, que manipulou os seus filhos e criou falsas e difamatórias acusações" contra o seu cliente.

A justiça concedeu, assim, a guarda exclusiva da criança mais nova ao pai, já que Rivas “atrapalha a serenidade do filho”.

Até ao momento, ao longo dos anos, poucas palavras públicas se ouviram de Francesco Arcuri. Na altura em que era acusado de violência, não deu entrevistas sequer para referir, o que veio a ser comprovado, que sim, ele agrediu Juana Rivas mas, também ela o agrediu. Depois de ter sabido dos testemunhos do filho, abriu-se excecionalmente, numa entrevista ao El Mundo onde comentou várias questões do caso.

“Como pai, não consigo nem imaginar como um progenitor pode permitir, ou mesmo cometer pessoalmente, tal tortura e monstruosidade contra os seus próprios filhos. Considero muito sérias essas ações de manipulação contínua”, responde.


*Artigo atualizado

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