Setor cultural português está a recuperar, mas ainda está longe dos valores de 2019

15 dez 2022, 13:34
Os bailarinos preparam-se momentos antes do início do espetáculo. Crédito: Serhii Korovayny para CNN

Número de espetáculos ao vivo cresceu mais de 60% em 2021, para um total de 24.469 sessões. Os museus atingiram 7,5 milhões de visitantes e o cinema contabilizou 5,5 milhões de espectadores. Apesar destes valores representarem melhorias face a 2020, tanto a receita como o número de espectadores continua atrás dos valores pré-pandemia

O número de sessões de espetáculos ao vivo aumentou mais de 60% em 2021, contando com mais um milhão de espectadores e três milhões de euros de receitas em bilheteira, avança esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Relativamente a 2020, o número de espectadores cresceu 41,8%, enquanto a receita aumentou 12,3%.

Segundo o relatório com as estatísticas da Cultura, divulgado esta quinta-feira pelo gabinete estatístico português, em 2021 realizaram-se 24.469 sessões de espetáculos ao vivo, às quais assistiram um total de 3,6 milhões de espectadores. As bilheteiras venderam 2 milhões de ingressos, gerando uma receita total de 28 milhões de euros. Face a 2020, o número de sessões aumentou 63,7%.

Número de espectadores de espetáculos ao vivo, por modalidade, (2020-2021)

O crescimento económico ao longo de 2021 também se verificou noutros setores da cultura, com os museus nacionais a atingir os 7,5 milhões de visitantes, uma recuperação de 1,8 milhões face ao ano anterior, ou um aumento de 30,7%. Deste valor, 2,8 milhões eram visitantes estrangeiros. No entanto, o gabinete estatístico destaca que, “apesar da recuperação registada no período em análise, o número de visitantes foi ainda muito inferior ao registado nos anos pré-pandemia (19,8 milhões de visitantes em 2019)”.

Já o cinema em Portugal contabilizou 5,5 milhões de espectadores e 30,6 milhões de euros de receita de bilheteira, o que correspondeu a um aumento de 44,1% e 48,9%, respetivamente. Embora esta evolução revele uma melhoria, em 2019, o número de espectadores totalizou os 15,5 milhões contra uma receita na ordem dos 83,2 milhões de euros.

Por sua vez, os jornais, revistas e outras publicações periódicas reduziram a sua circulação total em 12,3%, enquanto o número de exemplares vendidos caiu 10,5%.

Tanto o preço dos jornais e de outras publicações como o preço dos bilhetes de cinema aumentaram 3,1%. No setor livreiro, dados provisórios da Biblioteca Nacional de Portugal apontam para a edição e impressão de 10.873 livros em 2021, o que corresponde a um aumento de 7,2% face ao ano anterior. Deste total, 73,4% (7.978) eram originais, ao passo que 26,5% corresponderam a traduções (2.879). A alimentar este crescimento esteve, sobretudo, o aumento de 17,2% das reedições, bem como de 5,8% das primeiras edições. Em 2020, o total de livros editados e impressos caiu 17,6%.

No que diz respeito à participação cultural online, 81,3% dos utilizadores, entre os 16 e os 74 anos, indicaram ter lido notícias em jornais e revistas online, uma queda de 4,4 pontos percentuais (pp) face ao ano anterior, e 69% ouviu música via internet (queda de 1,1 pp). Por sua vez, 46,1% das pessoas revelaram ter assistido a televisão pela internet, um aumento de 2,7 pp para um total de 46,1%.

A despesa das Câmaras Municipais com a cultura também aumentou, tendo atingido os 491,4 milhões de euros (+4,5% face a 2020). Este aumento da despesa foi mais acentuado nas Artes (mais 12,5 milhões de euros; +13,3%), no Património Cultural (mais 12,3 milhões de euros; +10,9%) e Bibliotecas e Arquivos (mais 5,0 milhões de euros; +6,7%). No ano pré-pandemia de 2019, a despesa com a cultura estava na ordem dos 519 milhões de euros.

Balança Comercial

Ainda assim, o défice na balança comercial de bens culturais agravou-se e passou de um saldo negativo de -183,4 milhões de euros em 2020 para -208,7 milhões de euros em 2021.

As exportações portuguesas aumentaram 18,2% em 2021 (total de 199,5 milhões de euros), e corresponderam sobretudo a bens de artesanato (42,7%), artigos de joalharia (26,8%) e livros (11,4%), sendo que este grupo de bens totalizou 80,9% do total.

No entanto, a importação de bens culturais aumentou 15,9% (total de 408,1 milhões de euros), correspondendo principalmente a artigos de joalharia (20,9%), livros (12,9%), jornais e periódicos (12,8%), bens de audiovisual e média interativa (11,6%) e os instrumentos musicais (11,0%). Este conjunto de bens correspondeu a 69,2% do total do valor dos bens culturais importados.

Estima-se que 187,7 mil pessoas tenham trabalho no setor cultural português, em 2021, representando 3,9% do total da economia. Em média, a remuneração bruta mensal foi de 1.363 euros, um aumento de 4,5% face aos dados de 2020, aponta o INE.

Relacionados

Economia

Mais Economia

Patrocinados