Nasceram todos em Cuba e ganharam as três medalhas do salto em comprimento - mas Cuba não ganhou nada

9 ago, 23:11
Jogos Olímpicos triplo salto - Andy Diaz Hernandez e Pedro Pichardo (EPA/Lusa)

'Hermanos', mas rivais. Dentro e fora de pista. Três atletas nascidos em Cuba partilharam o pódio dos Jogos Olímpicos em Paris. Nenhum por Cuba. Cada um pelo seu país. Jordan Alejandro Díaz Fortún, por Espanha. Pedro Pichardo, por Portugal. Andy Díaz Hernandez, por Itália. Medalha de ouro, prata e bronze respetivamente. O único atleta cubano, com as cores de Cuba, ficou em oitavo lugar

Eles foram os melhores na final do triplo salto. Eles nasceram todos em Cuba. Eles partilharam o pódio, mas não o país. Jordan Alejandro Díaz Fortún conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos que se estão a realizar em Paris, por Espanha. Pedro Pichardo ficou-se pela medalha de prata, por Portugal. E Andy Díaz Hernández, no último lugar do pódio, com bronze, conquistou outra medalha para Itália. Mas entre os oito finalistas havia mais um cubano, este com as cores de Cuba: Lázaro Martínez, que acabou na oitava posição.

Mas vejamos a história destes três homens que nasceram no mesmo país e brilham na mesma modalidade por países diferentes.

Jordan Alejandro Díaz Fortún - Medalha de ouro - Espanha

Jordan Alejandro Díaz Fortún nasceu em Havana, a 23 de fevereiro de 2001. Tem atualmente 23 anos e é o atleta mais novo do pódio. Na camisola tinha as cores de Espanha. Atualmente vive em Guadalajara. Esta sexta-feira saltou 17,86 metros nos Jogos Olímpicos e ultrapassou a concorrência em Paris. Mesmo assim, ficou longe do seu próprio recorde que está nos 18,18 metros e que conseguiu em junho passado.

Durante uma competição em Castellón, Espanha, em 2021, Jordan Alejandro Díaz Fortún desertou e não mais deixou o país vizinho. Começou a treinar sob a orientação de Iván Pedroso em Guadalajara. E no mesmo ano que conseguiu a cidadania espanhola, em 2022, bateu o recorde nacional do triplo salto. Foi autorizado a competir por Espanha a partir de 7 de junho de 2024 e participou no Campeonato Europeu de Atletismo, onde chegou ao ouro com o salto de 18,18 metros. Uma distância que o coloca entre os três melhores de sempre desta modalidade, apesar de ter apenas 23 anos.

Pedro Pichardo - Medalha de prata - Portugal

É o mais velho dos atletas que ocuparam o pódio. Tem 31 anos e nasceu em Santiago de Cuba a 30 de junho de 1993. Chegou a conquistar medalhas internacionais por Cuba, mas a medalha de prata desta sexta-feira, fica para as cores portuguesas. Vive em Setúbal, terra de pescadores. E antes da prata, em 2020, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Japão, já tinha feito ouvir o hino nacional com uma medalha de ouro, que desta vez lhe escapou por três centímetros.

Foi em 2018 que Pedro Pichardo representou Portugal pela primeira vez, mas só em 2019 se naturalizou. Conseguiu a autorização para competir por Portugal a parti de 1 de agosto de 2019. E apesar de português ainda é seu o recorde do triplo salto em comprimento em Cuba, com 18,08 metros. Mas porque agora é cidadão de outro país, o recorde português - 18,04 metros - também é seu. Ou seja, é recordista em dois países.

Andy Díaz Hernández - Medalha de bronze - Itália

Nasceu em Havana a 5 de dezembro de 1995, tem 28 anos e conquistou a medalha de bronze pela Itália. Andy Díaz Hernández vive em Roma. Em 2017 ainda representou Cuba nos Mundiais de Atletismo, tendo terminado na sétima posição. Mas em 2020 nos Olímpicos de Tóquio, recusou voltar a representar Cuba. A melhor marca deste atleta, que se tornou cidadão italiano em 2023, está nos 17,75 metros.

Lázaro Martínez - Oitava posição - Cuba

Este era o único atleta cubano a representar o seu país de origem. Tem 26 anos de idade e nasceu em  Guantánamo, a 3 de novembro de 1997. Atualmente vive em Havana.

A mãe de Martínez era Isabel Contreras, uma especialista na modalidade de 400 metros. Enquanto criança praticou vários desportos, instigado pela mãe, mas nunca se declarou verdadeiramente apaixonado pelo desporto. Só quando lhe foi dito que tinha potencial para ir para uma escola desportiva é que se começou a dedicar aos saltos em comprimento. O seu melhor resultado, alcançado em 2022, é de 17,64 metros.

Se fizermos as contas e pensarmos que a finalíssima do triplo salto tinha oito atletas, temos de reconhecer que, de alguma forma, 50% tinham raízes cubanas.

Polémicas entre os atletas cubanos. 'Hermanos', mas rivais

Todos cubanos, competem na mesma modalidade e até nos mesmos eventos desportivos. Mas aparentemente, nem todos se dão bem. Apesar de esta sexta-feira se terem cumprimentado de forma amigável, Jordan Alejandro Díaz Fortún e Pedro Pichardo tiveram um desentendimento recente, durante os campeonatos Europeus de atletismo, em junho passado.

Segundo o jornal espanhol Marca, os dois entraram em confronto no dia antes da final, no Europeu, com os atletas a ficarem exaltados. Tudo terá começado com um comentário de Díaz, que afirmou que se o seu rival saltasse 18 metros, ele saltaria 18,01. Pedro Pichardo levou o comentário a peito e avisou-o: "É a última vez que falas de mim na tua vida".

O que é certo que é que o atleta espanhol ganhou o campeonato europeu com um salto de 18,18 metros, relegando Pichardo para o segundo lugar (com 18,04 metros). E a troca de mimos não se ficou por aí. O atleta português questionou a legitimidade do salto do espanhol (que não tinha a régua visível) e Jordan Alejandro Díaz Fortún respondeu através das redes sociais: "O atleta profissional ou o adepto que não sabe que a regra é meramente informativa e que [a distância] é medida por um laser está em apuros".

Mas os recados não se ficaram por aqui e mais polémicas. envolvendo o nome dos quatro, surgiram. Há cerca de três semanas, Lázaro Martínez usou uma publicação usando também o nome de Andy Díaz, que agora representa a Itália. “A semana de Paris para protagonizar um pódio cubano [com] Andy Díaz e Jordan Díaz. Pichardo fica de fora”, escreveu Lázaro. Uma premonição de só cubanos no pódio, que apenas falhou nos nomes. Na altura, Pichardo reagiu lembrando atleta cubano que o recorde de Cuba ainda era dele.

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