Que riscos acarreta uma gravidez gemelar?

19 abr 2022, 03:21

Especialista ouvidas pela CNN Portugal explicam por que motivo que este tipo de gravidez precisa de uma maior vigilância

Esta segunda-feira ficou marcada pela morte de um dos filhos que Cristiano Ronaldo e Georgina Rodríguez esperavam. A correspondente médica da CNN Portugal, Ana Sofia Baptista, afirmou no programa “CNN Fim de Tarde” que as gravidezes gemelares “são sempre de maior risco".

“Estes casos são raros, sobretudo em gravidezes bem vigiadas, como naturalmente é o caso. No entanto, as gravidezes gemelares são sempre de maior risco, quer durante a própria gravidez, quer durante o parto”, diz.

“O risco é nomeadamente um fenómeno que é a restrição de crescimento fetal - em palavras simples, é um bebé que não está a crescer para o que era esperado para a idade gestacional. Este fenómeno, que pode acontecer em todas as gravidezes, mas em especial nas gemelares, pode ter como consequência uma morte fetal”.

Ana Sofia Baptista afirma, no entanto, que podem ter ocorrido outras complicações.

“Pode ter acontecido algo inesperadamente durante o parto, que tenha causado sofrimento agudo ao bebé. Falta de oxigénio (hipoxia fetal), uma compressão do cordão umbilical, um descolamento de placenta. As hipóteses são muitas e, numa gravidez de gémeos, é sempre maior este risco.”

Sobre se a criança que nasceu poderá ter sofrido alguma sequela, a correspondente médica afirma que tudo depende “da razão da morte do outro bebé”

Marina Mocho, diretora do serviço de obstetrícia do Hospital de São João, partilha da opinião de que estas gravidezes acarretam mais riscos.

“As gravidezes gemelares são sempre especiais. Têm sempre uma vigilância diferente e os riscos de acontecerem percalços são sempre maiores. Eles eram gémeos diferentes, por isso tinham duas placentas, podia algum deles ter alguma alteração de crescimento ou um deles nascer muito cedo e não resistir”, descreve.

“Quando é uma morte in utero, quando as senhoras vêm à admissão porque não sentem o bebé a mexer ou qualquer coisa assim, é uma coisa que apreendem ao mesmo tempo que nós porque veem na ecografia que o coração não está a bater e nós temos de lhes dizer na altura. Quando é perto ou durante o trabalho de parto geralmente são situações cataclísticas”, como o descolamento da placenta, explica Marina Mocho. “São situações de emergência médica e muitas vezes a mãe nem é a primeira a saber, é o pai. Foi operada de urgência, é comunicado primeiro ao pai e depois à mãe.”

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