Hepatite aguda: uma criança morreu e 17 precisaram de transplante de fígado, diz OMS

24 abr 2022, 10:54
Criança

Maioria dos casos foram descobertos no Reino Unido. No entanto, a OMS diz que a causa do aumento do número de casos não é clara

Pelo menos uma criança morreu e 17 precisaram de um transplante de fígado devido ao surto de hepatite aguda em crianças, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Num comunicado divulgado este fim de semana, a organização diz ainda que foram já confirmados 169 casos em crianças com idades entre um mês e 16 anos anos em 11 países.

No entanto, a OMS admite que não é claro se o que está em causa é um aumento do número de casos ou uma maior consciencialização.

"Ainda não está claro se houve um aumento nos casos de hepatite ou um aumento na consciencialização sobre casos de hepatite que ocorrem na taxa esperada, mas não são detetados. Embora o adenovírus seja uma hipótese possível, as investigações estão em andamento para o agente causador", indicou a OMS em comunicado.

A maioria dos casos - 114 - foi registada no Reino Unido. Houve 13 casos em Espanha, 12 em Israel, nove nos Estados Unidos e um número menor de casos confirmados na Dinamarca, Irlanda, Países Baixos, Itália, Noruega, França, Roménia e Bélgica, segundo a OMS. Não há qualquer caso confirmado em Portugal até ao momento.

"Uma hepatite aguda é uma inflamação do fígado, quando um vírus entra pela primeira vez no ser humano e provoca alterações no fígado", disse à CNN Portugal Rui Tato Marinho, o diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direção-Geral da Saúde, depois de a Organização Mundial da Saúde e o Centro Europeu de Controlo de Doenças terem divulgado informações sobre dezenas de casos diagnosticados a nível europeu.

Nos casos agora notificados, sabe-se que as análises feitas às enzimas hepáticas mostravam valores muito alterados, mas os sintomas da doença são "inespecíficos" e muito parecidos com os de outras doenças.

A própria OMS sublinha que uma investigação sobre a causa deste surto precisa focar-se em fatores como "aumento da suscetibilidade entre crianças pequenas após um nível mais baixo de circulação de adenovírus durante a pandemia, o potencial surgimento de um novo adenovírus, bem como SARS-CoV -2 co-infecção".

Organização Mundial da Saúde foi notificada a 5 de abril para 10 casos de hepatite aguda de origem desconhecida na Escócia, em crianças com menos de dez anos. A 8 de abril já tinham sido identificados 74 casos no Reino Unido e as análises em laboratório indicavam que na origem da doença não estavam os vírus normalmente causadores das hepatites: "Os vírus das hepatites (A, B, C, E e D, quando aplicável) foram excluídos após testes laboratoriais e estão a ser realizadas investigações aprofundadas para compreender a etiologia destes casos", informava a OMS num comunicado de 15 de abril. 

Recorde-se que existem seis tipos diferentes de vírus da hepatite: A, B, C, D, E e G. A hepatite A e E resultam da ingestão de água ou alimentos contaminados, a B, C e D exigem contacto do sangue com outros fluídos, transmitindo-se através de relações sexuais, transfusões de sangue, partilha de seringas ou de mãe para filho na gravidez.

A hepatite A é frequente em Portugal e surge normalmente na infância ou juventude, mas não evolui para doença crónica ou cancro, ao contrário das hepatites B e C, e os sintomas são semelhantes aos de uma gripe, raramente exigindo tratamento hospitalar.

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