Criança alemã de oito anos libertada depois de passar a vida quase toda presa num quarto pela mãe e avós

8 nov 2022, 13:59
Estação de Attendorn, cidade onde uma criança esteve fechada em casa durante quase oito anos (Foto: Stefan Flöper / Wikimedia Commons)

Autoridades revelaram que a criança, que estava presa numa casa na localidade de Attendorn, na Alemanha, mal conseguia subir escadas sozinha, apesar de não apresentar sinais de maus-tratos físicos ou desnutrição

Uma criança de oito anos foi libertada pelas autoridades de um quarto na casa dos avós e da mãe, onde viveria fechada desde que tinha menos de um ano. 

Segundo a imprensa alemã, citada pelo The Guardian, a menina tem agora oito anos e terá passado os últimos sete anos e meio da sua vida trancada num compartimento de uma moradia em Attendorn, localidade com cerca de 25.000 residentes a leste de Colónia, na Alemanha. Quando foi libertada, não apresentava sinais de maus-tratos físicos ou desnutrição. Está agora com uma família de acolhimento.

O procurador Patrick Baron von Grotthuss disse ao jornal local SauerlandKurier, que revelou a história, que a criança não terá tido sequer oportunidade de obter um "vislumbre" do mundo exterior. 

A menina foi libertada a 23 de setembro, mas o caso só agora foi divulgado. Em comunicado, as autoridades referem não haver sinais de maus-tratos, mas, quando foi examinada, a criança admitiu que nunca esteve numa floresta, num prado ou mesmo num automóvel. Apesar de ser capaz de falar e de caminhar, a menina de oito anos, que na imprensa alemã é chamada de Maria, "mal era capaz de subir escadas sozinha ou deslocar-se em solo irregular", revelou von Grotthuss. 

Até ao momento, não se sabe por que razão a família da criança a escondeu e trancou durante quase toda a vida. Os avós e a mãe terão recusado responder às questões da polícia mas, segundo o tabloide alemão Bild, a mãe, identificada como Rosemarie G, terá informado as autoridades locais de que ia mudar-se para Itália já em 2015.

Nesse mesmo ano, o pai da menina, que já estava separado da mãe na altura em que a criança nasceu, reportou às autoridades que via frequentemente a filha e a mãe na cidade de Attendorn, ainda que alegadamente já morassem em Itália. Os avós maternos foram interrogados mas informaram que as duas residiam na região italiana de Calábria. 

O caso foi encerrado mas, em julho deste ano, as autoridades voltaram a abrir uma investigação, depois de um casal de uma localidade vizinha ter alertado as autoridades para os rumores que circulavam, sobre uma criança de oito anos que estava presa há anos em casa dos avós.

Familiares da mãe da criança confirmaram à polícia que as duas nunca tinham vivido em Itália e que a mulher estava contactável através de um número de telefone fixo alemão. Também as autoridades italianas, contactadas pelas congéneres alemãs, confirmaram que mãe e filha nunca tinham residido no endereço que tinha sido fornecido pela mulher. 

O tribunal emitiu então uma ordem que permitiu à polícia entrar em casa dos avós da menina e encontrá-la no quarto. Os serviços locais de proteção de menores alegam que nunca houve, até setembro, provas suficientes que permitissem pedir a um juiz um mandado para investigar o paradeiro da criança.

Segundo o The Guardian, o gabinete do procurador da cidade de Siegen está a investigar o caso: a mãe, que terá agora 47 anos, bem como os avós, poderão ser condenados a penas de dez anos de cadeia por sequestro e maus-tratos a menor. 

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