Pressão para comprar casa. Famílias pedem mais, pagam prestações maiores e fogem da construção

1 jul 2022, 07:00
Imobiliário em Portugal (Getty Images)

Em média, as famílias pediram 186 mil euros aos bancos entre janeiro e junho deste ano. Segundo um estudo do portal ComparaJá, pedem cada vez mais o máximo permitido, de 90% da avaliação do imóvel. O impacto faz-se sentir no valor a pagar a cada mês nos novos contratos, agora nos 575 euros médios. Apenas uma pequena fatia foge às novas restrições do Banco de Portugal e consegue 40 anos de empréstimo. E a maioria vai chegar à reforma com parte da casa por pagar

As famílias estão a pedir mais dinheiro aos bancos para comprar casa e a pagar prestações mais altas. As conclusões são do último barómetro do Crédito à Habitação do portal ComparaJá, partilhado com a CNN Portugal, que assentou a análise num universo de sete mil utilizadores que utilizaram o comparador.

Nos primeiros seis meses deste ano, cada agregado pediu, em média, 186 mil euros à banca. São mais 48 mil euros do que o registado um ano antes, reflexo sobretudo da maior procura por casas mais caras.

Pouco mais de metade (56%) das famílias não vai além dos 175 mil euros na hora de pedir dinheiro aos bancos. Uma em cada quatro fica-se na faixa entre os 125 e os 175 mil euros, representando a maior fatia.

Perante este cenário, o estudo confirma que as famílias estão também a pagar prestações mais elevadas nos novos contratos: no período analisado, a média foi de 575 euros. A escala de prestação mais recorrente está entre os 400 e os 549 euros, sendo uma realidade para praticamente três em cada 10 famílias.

Menos construção (à custa da inflação)

Segundo o ComparaJá, oito em cada 10 créditos foram para a compra de imóvel. Destaque ainda para o facto de haver menos portugueses a pedir crédito para construir casa: no espaço de um ano, essa proporção caiu de 18% para 8%. A subida da inflação, com impacto nos custos dos materiais, ajuda a explicar o cenário.

Nos diferentes fins, as famílias estão a pedir cada vez mais o financiamento máximo permitido. O barómetro dá conta de que quase 67% solicitaram um rácio correspondente a 90% da avaliação bancária do imóvel, que serve de garantia ao empréstimo.

Famílias pedem empréstimo tarde (e só o terminam na reforma)

Em abril, entraram em vigor as novas regras do Banco de Portugal, fazendo com que só tenha acesso a 40 anos de empréstimo quem o peça abaixo dos 30 anos de idade. A análise do ComparaJá mostra que apenas dois em cada 10 créditos são contratados por pessoas com menos de 30 anos. Ou seja, apenas uma fatia pequena escapa às novas restrições.

Praticamente metade recorre aos bancos com este propósito entre os 26 e os 35 anos. Acima dos 40 anos, são 25% dos candidatos.

Quatro em 10 créditos têm uma maturidade entre os 36 e 40 anos, sendo este último o limite definido pelo regulador e que só se aplica agora a quem tenha idade inferior a 30 anos. Só uma ínfima parte (5%) dos contratos têm uma duração curta, sendo pagos na totalidade em menos de 15 anos.

Prazos que levam o portal ComparaJá a avançar que apenas 22% dos portugueses conseguirá amortizar o crédito antes de entrar na idade da reforma. Quase 50%, indica mesmo, “só acabará de pagar o crédito habitação depois dos 70 anos”.

Relacionados

Economia

Mais Economia

Patrocinados