Greve na CP: sindicato fala em adesão "forte e elevada". Só um quarto dos comboios está a circular

Agência Lusa , AG
2 mar 2023, 10:28

Trabalhadores consideram "inacreditável" que não tenha havido tentativa de desconvocar a paralisação

A adesão ao quarto e último dia de greve dos trabalhadores da ferrovia é elevada, estando a ser cumpridos apenas os serviços mínimos, disse fonte sindical, adiantando que os sindicatos continuam dispostos a negociar, apesar do silêncio da tutela. Isto depois de um dia em que 75% dos comboios estiveram parados, numa situação que levou à sobrelotação de muitas composições, uma das quais acabou por parar no meio da linha depois de um passageiro acionar o travão de emergência.

Os trabalhadores da CP deram início na segunda-feira a mais greves, com a transportadora a alertar para “fortes perturbações”, num protesto pelo impasse nas negociações salariais que também envolve a Infraestruturas de Portugal (IP).

Em declarações manhã à Lusa, António Salvado, do Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA), disse que a adesão tal como nos três dias anteriores “é forte e elevada”, estando apenas a ser cumpridos os comboios dos serviços mínimos (25%).

António Salvado considerou “inacreditável” que durante os quatro dias de greve não tenha havido por parte da tutela uma tentativa de desconvocar a paralisação e de negociação com os trabalhadores.

“Nós fizemos uma greve de quatro dias no sentido de que alguém nos oiça e até agora não tem havido qualquer reação por parte do ministro das Infraestruturas e das Finanças. Não houve até à data e vamos no quarto dia de greve. Não se percebe como é que não há um pequeno esforço das tutelas para chegar a um acordo”, disse.

O sindicalista lembrou que estas greves penalizam os trabalhadores, os utentes e o Estado português, por isso, estranha não haver um esforço de negociação ou propostas por parte da tutela.

“O que tivemos foi uma imposição de aumentos salariais que foi feito num ato de gestão e atribuídos aos trabalhadores e até agora não houve um telefonema no sentido de desconvocar a greve, de negociar. Não estamos a anos-luz de um acordo. Queremos negociar. Pedimos audiências antes da greve e até agora nada”, disse.

Na origem da greve está o "impasse" nas negociações salariais com a administração da Infraestruturas de Portugal (IP) e da CP.

“Os aumentos na IP de 3,9% a média, levaram a 2% de aumentos e o mesmo na CP 1,6% de aumento, que são inaceitáveis numa altura em que os números da inflação são elevados bem como o preço dos bens alimentares. Estas empresas são empresas de salário mínimo nacional. Pessoas qualificadas que tiveram formação específica e ganham ordenado mínimo nacional”, sublinhou.

António Salvado reiterou a disponibilidade dos trabalhadores para negociar, para desbloquear a situação.

A greve foi convocada pelo SINFA, Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), Sindicato Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), Associação Sindical Independente dos Ferroviários de Carreira Comercial (ASSIFECO), Federação nacional dos Transportes, Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), Serviços Técnicos Ferroviários (STF), STMEFE - Sindicato dos Trabalhadores do Metro e Ferroviários (STMEFE), Sinafe-Sindicato Nacional dos Ferroviários Do Movimento E Afins e Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTF).

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