Quatro gráficos para entender como, num total de quase 96 mil crianças vacinadas, só seis sofreram reações adversas

7 jan 2022, 19:15

Último relatório de farmacovigilância dá ainda conta de que os efeitos secundários alegadamente relacionados com a vacinação contra a covid-19 correspondem a um caso em cada mil inoculações. Dor de cabeça e febre são as reações adversas mais reportadas ao Infarmed

No universo de 95.797 crianças vacinadas contra a covid-19 até ao último dia do ano de 2021, apenas seis (ou 0,006%) dos menores com idades entre os 5 e os 11 anos sofreram reações diversas. É uma tendência que acompanha todas as idades, de acordo com o último relatório de farmacovigilância do Infarmed que adianta que os efeitos secundários correspondem a um caso em cada mil inoculações contra o SARS-CoV-2.

Relativamente ao grupo dos 5 aos 11 anos, os seis casos reportados à Autoridade Nacional do Medicamento incluem um caso de miocardite que já recuperou da sintomatologia. De resto, foram notificados, nesta faixa etária, sintomas relacionados com “arrepios”, “dor no local de vacinação”, “mal-estar-geral”, febre e petéquias (pequenas manchas vermelhas no corpo). No total das mais de 95 mil vacinas administradas, quatro casos foram considerados “graves” e dois “não graves”.

 

 

(selecione a cor verde para ver o número de vacinas administradas)

 

Relativamente aos utentes vacinados com idades entre os 12 aos 17 anos, foram registados 97 casos de reações adversas consideradas “graves”. Sobre isto, o Infarmed afirma que a maioria das situações já estavam “descritas na informação das vacinas”, como desmaios (síncope) e “reações de tipo alérgico, que dependem do perfil individual do vacinado” e que todos estes casos tiveram uma evolução positiva. A Autoridade Nacional do Medicamento refere ainda que, nesta faixa etária, foram registados 13 casos de mio/pericardite, possivelmente associados às vacinas de mRNA em utilização (Pfizer e Moderna). 

Estes 13 casos, de acordo com o Infarmed, “são de gravidade moderada e apresentaram evolução favorável após tratamento adequado em ambulatório ou em ambiente hospitalar”. Ainda assim, o relatório alerta para o facto de não ser assim tão fácil estabelecer uma correlação entre a miocardite e a pericardite com a vacina, já que ambas são doenças inflamatórias normalmente associadas a infeções virais, como a covid-19.

A faixa etária que regista a maior parte das reações adversas por causa da vacinação contra a covid-19 é a dos 25 aos 59 anos - em 5.981.217 vacinas, foram reportados 9.647 casos de efeitos secundários (1,61 por cada mil inoculações). Destas reações adversas, 3.217, ou 33%, foram classificadas como “casos graves”.

 

 

Do universo de casos de reações adversas classificadas como graves, o Infarmed afirma que 85% dizem respeito a situações de incapacidade temporária (incluindo o absentismo laboral) e outras consideradas clinicamente significativas pelo notificador, quer seja profissional de saúde ou utente. 

Todos os casos de morte notificados ocorreram num grupo de indivíduos com uma mediana de idades de 77 anos e, de acordo com o Infarmed, “não pressupõem necessariamente a existência de uma relação causal entre cada óbito e a vacina administrada, decorrendo também dentro dos padrões normais de morbilidade mortalidade da população portuguesa”. 

No total, com o decorrer do programa de vacinação e com quase 90% da população portuguesa inoculada contra a covid-19, o valor tem aumentado, comparativamente com os últimos relatórios de farmacovigilância publicados - em junho de 2021, foram registadas 7.576 notificações de reações adversas, num total de 7.371.032 doses administradas. Até 31 de dezembro, as notificações subiram para 21.595 num universo de cerca de 19.65 milhões de vacinas administradas. 

 

 

Mas o Infarmed explica esta subida expectável: “Ao consideramos o número de casos de reações adversas face ao número total de vacinas administradas, verifica-se que as reações adversas às vacinas são pouco frequentes, com cerca de 1 caso em mil inoculações, um valor estável ao longo do tempo”.

Em relação à frequências das reações adversas sofridas pelos utentes após terem sido inoculados com uma das vacinas contra a covid-19, o maior número de notificações ao Infarmed está relacionado com dor no local da injeção ou febre. Dores de cabeça e dores musculares são igualmente comuns.

 

 

 

De acordo com o Infarmed, na maioria dos casos, o desconforto é “resolvido em poucas horas ou dias e sem necessidade de intervenção médica”.  “Apenas as situações não resolvidas ou agravadas após esse período ou de natureza clínica mais grave poderão requerer atenção médica”, refere o último relatório de farmacovigilância.

Em relação à distribuição de notificação de efeitos secundários por género, é o sexo feminino que regista “maior preponderância de notificação de reações adversas”, uma tendência que acompanha a maioria dos outros medicamentos. Não é claro, mas o Infarmed diz que isto pode dever-se ao facto de as mulheres prestarem “maior atenção à sua saúde, bem como maior interesse por temáticas da área da saúde e bem-estar”.

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