Vacinação de crianças: “A transparência deve imperar para que os pais possam tomar decisões”

9 dez 2021, 20:07

O médico de saúde pública insiste que a informação disponível garante que as vacinas são seguras e que vai vacinar os seus filhos assim que estas estiverem disponíveis

Vários médicos e partidos políticos exigem que o parecer que levou à decisão da Direção-Geral da Saúde de recomendar a vacinação de crianças com idades entre os cinco e os onze anos seja tornado público. O médico de saúde pública Ricardo Mexia esteve, esta quinta-feira, na CNN Portugal, onde apelou à transparência no processo de vacinação, para que os pais possam decidir vacinar os filhos “apesar do baixo risco que as crianças sofrem”.

“A informação deve ser clara e transparente. Não me parece que haja aqui qualquer secretismo ou que tenha havido aqui qualquer secretismo. Estas decisões são tomadas com pareces de diversas identidades, à escala nacional e internacional, que, perante a evidência disponível, aconselham num ou noutro sentido”, afirma.

O especialista em saúde pública sublinha que as vacinas são seguras, mas “não são inócuas, porque, como qualquer vacina, têm riscos associados”. Apesar de tudo, o médico garante que todos os estudos, nacionais e internacionais, indicam que as vantagens superam os riscos.

“Há vantagem de vacinarmos as crianças apesar do baixo risco que as crianças sofrem. As vantagens superam as desvantagens”,reiterou Ricardo Mexia.

Por esse motivo, os pais devem ter o máximo de informação disponível para tomarem as suas próprias decisões, ainda que a vacina não seja obrigatória. “A transparência deve imperar para que os pais se possam informar de forma tranquila e tomar as suas decisões”, explica.

Questionado acerca da ordem pela qual se deve começar a vacinar os mais novos, Ricardo Mexia diz que devemos seguir critérios semelhantes aos aplicados aos adultos, vacinando numa primeira fase as crianças que “têm doenças existentes” e aquelas que apresentam um maior “risco de desenvolver a doença”.

Sobre a falta de unanimidade em relação a esta matéria, após a contestação de vários pediatras, Ricardo Mexia considera pouco surpreendente que não haja consenso neste tema, uma vez que a bipolarização tem vindo a marcar todas as discussões durante a pandemia. No entanto, o médico acredita que a natureza da pandemia leva a que seja necessário tomar decisões num ambiente de “alguma incerteza”.

“Em relação às vacinas da covid-19 continua a haver vozes que acham que não funcionam e que não servem para nada, quando a evidência está por demais disponível. (…) eu respeito quem tem uma opinião diferente, mas os dados, à data de hoje, apontam para que as vacinas sejam seguras e vantajosas. Se houver quem tenha uma opinião divergente, então que o demonstrem”, rematou.

O médico de saúde pública insiste ainda que não viu informação que aponte no sentido contrário e realça que, enquanto pai, se sente esclarecido em relação à vacina e que vacinará os seus filhos assim que estas estiverem disponíveis.

“À luz do que sabemos hoje, parece vantajoso vacinar as crianças dos cinco aos onze anos”, insiste o especialista.

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