As novas linhagens estão a causar uma vaga pandémica na África do Sul e a propagar-se para outros continentes, em contraste com um cenário crescentemente otimista a nível global
As linhagens BA.4 e BA.5 da variante Ómicron, cuja virulência ainda está a ser determinada, estão a causar a nova vaga da pandemia de covid-19 na África do Sul, informou esta quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A África do Sul, o país mais afetado pela covid-19 no continente africano, entrou numa nova onda de pandemia, alertou no final de abril o Centro de Inovação e Resposta Epidémica (CERI).
O país, onde menos de 45% da população adulta está totalmente vacinada, tinha registado no início de março um período de 48 horas sem mortes relacionadas com covid-19, o primeiro desde 2020.
"Os cientistas sul-africanos que identificaram a Ómicron no final do ano passado reportaram duas outras linhagens, BA.4 e BA.5, como causadoras de um pico de casos na África do Sul", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa.
Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a BA.5 regista uma frequência crescente em Portugal, tendo atingido os 4% nas amostras analisadas a nível nacional, circulando com maior intensidade nas regiões Norte, Centro e Alentejo. Não foi, por enquanto, detetado qualquer caso BA.4 em Portugal.
"É muito cedo para saber se estas novas subvariantes podem causar formas mais graves da doença do que outras" já conhecidas, mas os primeiros dados sugerem que a vacina contra a covid-19 continua a oferecer uma boa proteção contra formas graves da doença e a reduzir o risco de morte, adiantou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"A melhor forma de proteger a população continua a ser a vacinação, bem como as medidas sociais e de saúde pública comprovadas", reafirmou o responsável da OMS, adiantando que a organização registou mais de 6,2 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia.
Registada a maior descida de casos a nível global desde a variante Ómicron
Tedros Adhanom Ghebreyesus avançou que, globalmente, o número de casos e mortes de covid-19 continua a diminuir, com os óbitos semanais a registarem o nível mais baixo desde março de 2020 - embora Portugal e Espanha continuem acima do limiar europeu.
Os últimos valores indicam uma descida de 17% respetivamente ao número de contágios registados na semana anterior, entre 18 e 24 de abril.
Esta é a sexta semana consecutiva em que se verifica uma descida de casos a nível mundial, longe dos valores recorde registados em finais de janeiro, com mais de 23 milhões de casos de globais identificados por semana.
A Europa continua a ser a região com mais contágios durante os últimos sete dias analisados, com 1,8 milhões de casos – uma descida de 22% em comparação com os dados da semana anterior -, seguida da Ásia Oriental, com mais 1,1 milhões de contágios registados.
No entanto, a OMS insiste que esta redução de contágios deve ser analisada com cautela, tendo em conta a queda de testes realizados ao vírus SARS-CoV-2 em muitos países.
A redução da testagem, alerta o responsável, impede a monitorização da evolução do vírus e obriga a OMS a avaliar "cegamente" a pandemia.
"As subvariantes BA.4 e BA.5 foram identificadas porque a África do Sul ainda está a realizar a sequência genética (do vírus) que outros países deixaram de fazer", reforçou Tedros Adhanom Ghebreyesus.