Covid-19: autópsia de criança que morreu em Santa Maria está a ser realizada

18 jan 2022, 14:09

O relatório final sobre a causa da morte pode demorar se for preciso fazer análises especiais aos tecidos, para ter a certeza sobre o que aconteceu à criança de seis anos. Especialistas avisam que, tendo em conta as características do caso, a autópsia pode até nem ser conclusiva

O relatório final sobre o que causou a morte do rapaz de 6 anos com covid-19 pode ainda demorar, dependendo do que os peritos encontrarem hoje durante a autópsia. Segundo a CNN Portugal apurou, os exames ao corpo da criança já estão a ser realizados pelos peritos de Medicina Legal, depois de um juiz ter libertado o corpo da criança que faleceu no domingo no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com uma paragem cardiorrespiratória. 

Para a conclusão da autópsia serão feitos exames anatómicos, que são rápidos, mas pode ser preciso também avançar com testes aos tecidos, o que pode demorar mais algum tempo, explicaram fontes médicas. Só depois será possível determinar se a causa teve algo a ver com a vacina, ou com a covid-19, com a junção das duas, ou se foi provocada por outra situação qualquer.

Uma das situações suspeitas é que a paragem cardiorrespiratória tenha sido provocada por uma miocardite, um dos riscos da vacina, mas essencialmente das crianças que são infetadas com covid-19.

No entanto, caso se verifique uma miocardite, a autópsia pode até não ser conclusiva, nota o farmacologista Henrique Luz Rodrigues. “Pode ser difícil definir se, no caso de ser uma miocardite, esta foi provocada pela infeção, ou pela vacina”, diz o especialista, explicando que esta poderá ser uma situação complexa. Segundo vários especialistas, muitas vezes as autópsias não permitem chegar a certezas quanto à causa do óbito, neste caso, uma morte súbita provocada por uma paragem cardiorrespiratória.

O parecer da Comissão Técnica de Vacinação elaborado aquando da decisão de se avançar com a imunização das crianças dos 5 aos 11 anos referia que se podia esperar “que a vacinação tenha como risco um acréscimo de 7 miocardites”, mas avisava que os riscos de sofrer miocardite, ou outros problemas, são superiores nas crianças infetadas com SarsCov 2.

Para Cristina Camilo, médica do Hospital de Santa Maria e presidente da Sociedade Portuguesa dos Cuidados Intensivos Pediátricos, casos como este têm sempre de ser notificados às autoridades, mesmo que depois não se venha a verificar que resulte da vacina. “É importante notificar todos os eventos pois é a única forma de se perceber no futuro se alguma reação pode estar relacionada com a vacinação, com uma maior severidade do vírus ou da junção das duas”, defende a médica.

Entretanto, em exclusivo à CNN Portugal, a diretora de farmacovigilância do Instituto Nacional da Farmácia do Medicamento (Infarmed), Márcia Silva, explicou que o organismo já está a investigar o caso, aguardando pelo resultado da autópsia para depois, com outros elementos, como a avaliação clínica do caso, conseguir verificar se integra uma reação à vacina pediátrica da Pfizer, que é apenas um terço das dos adultos e jovens com mais de 12 anos.

O rapaz de 6 anos foi vacinado no dia 8 de janeiro com a primeira dose, mas depois, durante a semana, foi infetado, na escola, com Sars-Cov-2. No dia 16, e depois de ter testado positivo à covid-19, deu entrada no Hospital de Santa Maria com uma paragem cardiorrespiratória, à qual não resistiu, tendo falecido no domingo.   

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