A covid-19 só explica, diretamente, dois destes seis picos de mortalidade
A Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou seis períodos de excesso de mortalidade em 2020, o primeiro ano da pandemia de covid-19, mas a covid-19 não será o único motivo para esse aumento. Na verdade, a covid-19 só explica dois destes seis picos de mortalidade.
Esta é a conclusão do relatório "Mortalidade Geral e por Grandes Grupos de Causas” da DGS, a que o jornal Público teve acesso, o qual indica que, entre 30 de dezembro de 2019 e 2 de janeiro de 2021, foram registados mais 14% de óbitos (15.526) do que seria esperado tendo em conta a média dos seis anos anteriores.
Neste intervalo em análise, a DGS identificou um primeiro período de mortes acima do esperado logo nas primeiras semanas do ano e que é atribuído ao frio e à actividade gripal. Já o segundo período está associado ao início da pandemia, enquanto o terceiro se deve a uma pequena onda de calor e o quarto a um período de temperaturas elevadas. A DGS assume não ter sido possível encontrar uma explicação para o quinto, mas quanto ao último, aquele em que se registou um maior número de mortes em excesso (7.438), e que coincidiu com a maior actividade epidémica da covid-19.
Assim, a covid-19 só explica, diretamente, dois destes seis picos de mortalidade.
De acordo com o jornal Público, este impacto do excesso de mortalidade foi mais evidente nas faixas etárias acima dos 65 anos, sobretudo acima dos 85 anos. Mas a faixa etária dos 15 aos 24 anos também foi afetada, com 15,6% do excesso de mortes, uma “variação relativa” considerada “importante”, apesar de ser “reduzida em termos absolutos”, refere o relatório.
No período em análise, morreram 362 adolescentes e jovens adultos entre os 15 e os 24 anos, mais 49, comparando com a linha de base construída pelos especialistas da DGS. O fenómeno ocorreu em todos os grupos etários, à excepção do das crianças até aos 14 anos - houve menos 24 óbitos, uma diminuição de 6,1%.
