Duas ou três recomendações para não apanhar a BA.5 (e não só)

22 mai 2022, 17:00
Covid-19 em Portugal

Com o aumento de casos de covid-19 em Portugal há quem volte a ter receio de se infetar. Especialistas explicam à CNN Portugal quais as melhores formas de continuarmos protegidos quando parte das medidas já caiu

Desde 22 de abril que a utilização de máscaras deixou de ser obrigatória em vários espaços em Portugal. Os únicos sítios em que a proteção continua obrigatória são os transportes públicos, unidades de apoio a idosos ou outras unidades de saúde. Nas semanas seguintes ao fim das máscaras na maioria dos locais tem-se visto um aumento generalizado dos casos de covid-19, o que gera alguma insegurança em várias pessoas. Se a máscara deixou de ser obrigatória em vários locais, como podemos continuar a proteger-nos o máximo possível?

A importância das máscaras (quais e como usar)

O médico de Saúde Pública Bernardo Gomes ressalva que a melhor forma de uma pessoa se proteger é estar em ambientes onde toda a gente tenha máscara. Ainda que tudo seja jogado no campo das probabilidades, o médico destaca que essa é sempre a forma mais eficaz. “A utilização coletiva de máscaras é o que protege mais”, afirma, referindo que é bom que essa regra ainda se mantenha em locais como os transportes públicos.

Mas existem vários fatores a concorrer para o perigo do contágio. Num contexto de uma variante provadamente mais contagiosa, como o é o caso da BA.5, que deriva da Ómicron, Bernardo Gomes aponta que, em situações em que nem toda a gente tenha máscara, será importante garantirmos que utilizamos a máscara e de forma correta.

O médico Jorge Torgal concorda que a utilização de máscara é sempre um fator a ter em conta, “é de facto útil”, ainda que tenha as suas limitações: “Conheço pessoas que utilizam sempre máscara e que mesmo assim se infetaram”, explica, lembrando que o vírus está já muito disseminado. Ainda assim, será diferente consoante as máscaras utilizadas e a forma como isso acontece.

O mesmo é dizer que se deve privilegiar as máscaras do tipo KN95 ou FFP2 em detrimento das cirúrgicas: “Perante variantes mais transmissíveis aumenta a importância de utilizar estas máscaras”, afirma Bernardo Gomes, que aponta várias vantagens: “Além de maior proteção, duram mais. As cirúrgicas são muito mais frágeis”.

Bernardo Gomes volta a lembrar a questão das probabilidades e destaca ainda outro ponto importante: ter as máscaras bem ajustadas. “Se as máscaras estão muito soltas no rosto deixam passar tudo”, nota, frisando que nunca se deve utilizar a máscara abaixo do rosto ou pelo queixo. “Se é para usar máscara é para usá-la de forma conveniente.”

E utilizar duas máscaras?

Bernardo Gomes refere que esta pode ser uma prática a aplicar, referindo que é o que fazem, por exemplo, alguns profissionais de saúde em ambiente hospitalar, onde utilizam máscaras cirúrgicas por baixo de máscaras FFP2. O médico diz que esta prática também pode ser útil em ambientes mais fechados.

Ainda assim, o especialista não vê esta como uma medida totalmente eficaz: “Não é propriamente o ideal porque as máscaras são para serem utilizadas de forma individual”.

Sobre as duas máscaras, Jorge Torgal admite que pode fazer sentido, notando, neste caso, um fator importante: a segurança que as pessoas sentem. “Se a pessoa quer utilizar duas máscaras, que o faça. Se isso lhe dá tranquilidade, faça-o.”

Ventilação e menor exposição

Outros dois fatores importantes na equação do contágio são a ventilação do espaço e o tempo de exposição a pessoas eventualmente infetadas. Bernardo Gomes difere situações em que estamos em locais fechados daquelas em que estamos ao ar livre, numa zona totalmente arejada.

“Num ambiente fechado, com muita gente, mesmo usando máscara temos maiores probabilidades de nos infetarmos”, explica, aconselhando pessoas que possam ter medo do contágio ou que tenham fatores de risco para desenvolverem uma forma de doença mais grave a evitarem este tipo de ambientes.

Como diz Bernardo Gomes, “tudo o que for aumentar o tempo e o número de pessoas e diminuir a ventilação é aumentar o risco”. No fundo, é aquilo a que Jorge Torgal chama “medidas básicas”: “Distanciamento, evitar aglomerações, evitar onde está muita gente”, nomeadamente para as pessoas com maior risco de desenvolver doença grave.“É jantar a dois e não jantar a seis, não ir ao cinema, não ir beber uma cerveja ao fim da tarde”, aponta o antigo subdiretor-geral da Saúde, referindo-se às pessoas que tenham medo ou que se devem proteger melhor. Nestes casos, diz, devem fazê-lo “como se não tivessem vacina”, sobretudo pessoas que tenham realizado um transplante há pouco tempo ou quem tenha sido diagnosticado com um cancro.

A diferença da vacinação (e a fase de endemia)

Todas as medidas acima exploradas são ainda mais importantes em casos de pessoas que podem ter maior vulnerabilidade à doença, como é o caso dos mais idosos ou das pessoas imunossuprimidas.

É por isso que Jorge Torgal distingue entre as pessoas que têm a vacinação completa e aquelas que ainda não a têm: “Se essa pessoa está vacinada, é isso que a protege de uma doença grave e de problemas de saúde graves”.

O especialista em Saúde Pública refere que “a facilidade de ser infetado é muito elevada”, numa altura em que a covid-19 entrou já numa fase de endemia em Portugal, assemelhando-se agora àquilo que todos os anos acontece com a gripe. “Conhecemos muita gente que se infetou ou tem um teste positivo e que não tem sintomas ou não os tem de forma grave. Isto é o mais normal.”

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