Será constipação, gripe, covid ou será outra coisa qualquer? Seja lá o que for, há cuidados a ter e procedimentos a adotar antes de decidir se sai ou não de casa
Com o inverno à porta, com as mudanças de temperatura, com o frio e a chuva, provavelmente já acordou com dores de garganta, nariz entupido ou dores de cabeça - porventura até espirrou ou tossiu - e questionou-se: será uma constipação, uma gripe ou covid-19? Faço teste já ou espero mais uns dias? Vou trabalhar ou fico em teletrabalho?
Os sintomas dos vírus respiratórios são muito idênticos e por isso nem sempre sabemos como nos devemos comportar, mas a verdade é que as regras são também elas muito parecidas. Ainda assim, existem alguns conselhos que podem ajudá-lo a orientar-se numa situação destas.
Se acordou com sintomas gripais, a primeira coisa que deve fazer, segundo as recomendações do presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges, é "avaliar se esses sintomas são impeditivos de trabalhar".
"Se forem fortes e limitarem a nossa capacidade de ir trabalhar, não devemos sair de casa e podemos contactar o nosso médico de família ou o SNS24 [através do 808 24 24 24]. Se forem sintomas ligeiros, como por exemplo um pingo no nariz, uma dor de cabeça, uma tosse seca, é possível tomar uma antipirético ou um anti-inflamatório", explica.
No entanto, se for trabalhar, as regras mudaram desde a pandemia de covid-19. Independentemente do vírus que o atingiu, há recomendações que se tornaram universais. "Deve ir trabalhar com uma máscara cirúrgica para minimizar o risco de as pessoas com quem trabalha possam ficar doentes. Deve ainda manter um distanciamento do colegas e não fazer pausas em conjunto com toda a gente, ou seja, nos momentos em que está sem máscara evitar que esteja com aglomerados de pessoas."
E quantos aos testes à covid-19, fazemos logo no primeiro dia, deixamos passar alguns dias ou não fazemos de todo? A 4 de setembro, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou a norma sobre os casos de suspeita ou confirmação de covid-19 e os testes à infeção deixaram de ser recomendados a pessoas sem sintomas.
"A realização de teste para SARS-CoV-2 deve ser integrada no contexto da avaliação clínica e está indicada em pessoas com sintomas de infeção aguda das vias respiratórias", refere o documento da autoridade de saúde.
Perante isto, o presidente ANMSP considera que "não há necessidade de realizar um teste" mas sim "de adotar comportamentos que evitem a transmissão do vírus respiratório e tomar medicação". O testes à covid-19 só deve ser feito se os sintomas forem fortes, persistentes e porventura houver necessidade de recorrer a um serviço de urgências.
Caso esteja a tomar um antipirético ou um anti-inflamatório durante três ou quatro dias e não vir melhoras, pode contactar novamente o SNS24 ou, se existir essa possibilidade, ter uma consulta à distância ou presencial com o seu médico de família, de forma a fazer-se um ajuste à medicação. Em último recurso, também pode dirigir-se a um serviço de urgência para ser avaliado por um profissional de saúde.
Há um outro pormenor do qual deve ter atenção. Mesmo depois de os sintomas já terem desaparecido, deve manter a máscara mais dois ou três dias.
Questionado sobre se os suplementos vitamínicos podem ou não fazer a diferença no inverno, Gustavo Tato Borges explicou que "não há nenhuma vantagem científica 100% eficaz, mas a verdade é a toma destes suplementos não traz nenhum malefícios". No entanto, devem servir como complemento "de uma alimentação saudável e de uma atividade física regular".
