Covid-19: nova onda ameaça Europa, onde a vontade de voltar a ser vacinado está a diminuir. Portugal mantém tendência decrescente

CNN Portugal , HCL
7 out 2022, 20:16
Dia a dia, quotidiano, pessoas, estação de comboios, Lisboa, covid-19. Foto: Jorge Castellanos/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Especialistas alertam que novas subvariantes da covid-19 podem conduzir a uma nova onda por toda a Europa à medida que as temperaturas baixarem. Por agora, segundo o INSA, Portugal parece ser o único país no continente com uma tendência decrescente

Os casos de covid-19 estão a aumentar em vários países europeus, o que está a levar especialistas em saúde pública a admitir que uma nova vaga possa estar a surgir no Velho Continente, ao mesmo tempo que as temperaturas descem e que a fadiga e confusão sobre os tipos de vacinas disponíveis podem prejudicar os esforços de imunização.

Dados da Organização Mundial de Saúde divulgados esta quarta-feira mostram que os casos na União Europeia atingiram 1,5 milhões na semana passada, mais 8% do que na semana anterior, apesar de também se ter verificado uma queda dramática no número de testes realizados. 

Já segundo os dados mais recentes do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), a taxa de notificação conjunta de novos casos de covid-19 na Europa entre pessoas com mais de 65 anos de idade aumentou 14% em comparação com a semana anterior. “Foram observados aumentos em 19 dos 26 países que comunicaram dados sobre este indicador. A taxa agregada tem vindo a aumentar há duas semanas”, afirma o ECDC, sublinhando que foram registados também aumentos na notificação de novos casos em todas as idades “durante três semanas consecutivas”.

Comparativamente, segundo informou o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, Portugal parece ser o único país na Europa com uma tendência decrescente, ainda que a taxa de notificação de novos casos se encontre “elevada”. “No comparativo Europeu, Portugal apresenta a taxa de notificação acumulada de 14 dias entre 240 a 479.9 casos por 100.000 habitantes e um R(t) inferior a 1, ou seja, taxa de notificação elevada e com tendência decrescente. Apenas Portugal se encontra nesta situação”, afirmou o instituto esta quinta-feira. 

Em Portugal, como no resto da Europa, a linhagem BA. 5 da variante Omicron continua a ser dominante, mas novas sublinhagens estão a ganhar terreno e “centenas de novos tipos de Omicron estão a ser analisados pelos cientistas”, garantiram os oficiais da OMS esta semana.

Vontade de vacinação diminuiu

A OMS indica ainda que os números de hospitalizações em vários países da União Europeia aumentaram nas últimas semanas. Um exemplo disso é o caso da Itália. Na semana de 4 de Outubro, as admissões hospitalares de doentes com covid-19 com sintomas saltaram quase 32%, enquanto as admissões em cuidados intensivos aumentaram cerca de 21% no país, em comparação com a semana anterior, de acordo com dados compilados pela fundação científica independente Gimbe.

Durante a mesma semana, os internamentos hospitalares de pessoas infetadas com covid-19 no Reino Unido registaram um aumento de 45% em comparação com a semana anterior.

As vacinas adaptadas à variante Omicron foram lançadas na Europa a partir de Setembro, com dois tipos de vacinas dirigidas ao BA.1, bem como às subvariantes BA.4/5 disponibilizadas juntamente com as vacinas de primeira geração já existentes. 

Em Julho de 2022, face ao ressurgimento das infecções por Covid-19, o ECDC e a Agência Europeia de Medicamentos recomendaram uma segunda dose do reforço da vacina covid-19 para pessoas com idades compreendidas entre os 60 e 79 anos e para pessoas com condições médicas de alto risco. Contudo, afirmam especialistas em saúde pública à agência Reuters, isto tem aumentado a confusão entre os utentes e desgastado a vontade de obter mais uma dose, que pode ser mesmo a quarta ou a quinta para alguns.

"Para aqueles que podem estar menos preocupados com o seu risco, a mensagem de que a pandemia acabou, juntamente com a falta de qualquer grande campanha publicitária, é provável que reduza a vacinação", disse Martin McKee, professor de saúde pública europeia na London School of Hygiene and Tropical Medicine. "Por isso, em balanço, receio que a vontade que as pessoas têm em serem vacinadas seja um pouco mais baixa".

Já Penny Ward, professora de medicina farmacêutica no King's College em Londres disse que há outro elemento que têm perturbado a vacinação: "Uma proporção bastante elevada da população pode também ter tido um episódio de covid nos últimos meses e alguns podem sentir erroneamente que o facto de terem adoecido com covid significa que permanecerão imunes para sempre”.

Desde 5 de Setembro, quando começou o lançamento de novas vacinas na União Europeia, cerca de 40 milhões de doses de vacinas produzidas pela Pfizer-BioNTech e Moderna foram entregues aos estados membros, de acordo com dados do ECDC.

O mesmo orgão indica, no entanto, que as doses semanais de vacinas administradas na UE foram apenas entre 1 milhão e 1,4 milhões durante o mês de Setembro, em comparação com 6-10 milhões por semana durante o mesmo período homólogo, segundo dados do ECDC.
 

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