Se tiver: é aparentemente uma boa notícia
A pandemia de covid-19 infetou milhões de pessoas mas há algumas que garantem nunca terem sido contagiadas. Um estudo vem agora revelar que tal pode ser possível e tudo por causa de um gene.
Publicado na revista Nature, o estudo de uma equipa de investigação do Reino Unido revela que foi identificado um gene específico, denominado HLA-DQA2, que quando presente num nível mais elevado em pessoas analisadas na investigação foi considerado como um marcador de proteção, ou seja, as pessoas não desenvolveram infeção ou infeção grave.
Kaylee Worlock, investigadora em biologia molecular e celular na University College London e coautora da investigação, diz ao jornal El Confidencial que “este é um gene não polimórfico mal caracterizado, o que significa que a maioria das pessoas do público em geral terá o gene/sequência no seu ADN".
"No entanto, a expressão real do gene pode variar, tal como demonstrámos no nosso estudo, em que um nível mais elevado de expressão do gene foi associado à capacidade de combater o desenvolvimento de uma infeção completa", adianta a investigadora.
O estudo envolveu 16 participantes que não estavam vacinados - para não haver a atuação de vacinas - e que foram expostos ao vírus. Após a exposição, acabaram divididos em três categorias: grupo de infeção persistente, grupo de infeção transitória e grupo de infeção abortiva, ou seja, os que não se infetaram.
“Anteriormente, apenas se especulava sobre a infeção abortiva e a infeção transitória tinha sido sempre negligenciada devido ao breve teste positivo”, afirma a investigadora da University College London, acrescentando que a investigação confirmou pela primeira vez que existe um grupo de pessoas que não se infeta.
No entanto, alerta, este "não é um gene bem estudado, pelo que não se sabe muito sobre ele ou sobre a sua função", sendo que os investigadores desconhecem o mecanismo pelo qual o HLA-DQA2 pode proporcionar proteção.
“São necessários mais estudos para investigar especificamente como é que este gene pode proporcionar proteção”, acrescenta Worlock.
A investigação envolveu a University College London, o Wellcome Sanger Institute e o Imperial College London e é considerado o primeiro ensaio controlado do mundo para o coronavírus, ou seja, os voluntários são expostos de forma voluntária à primeira variante do vírus originária de Wuhan.