Covid-19. O vírus resiste mais tempo em embalagens, queijos, carnes frias ou brócolos mas a probabilidade de infeção é pequena

PP
2 dez 2022, 12:17
Coronavírus

O Sars-Cov-2, que provoca a doença conhecida como covid-19, pode ficar vários dias em produtos vendidos em supermercados ou mercearias, confirmam especialistas do Reino Unido, escreve a BBC

O trabalho agora divulgado foi feito a pedido da Food Standards Agency (FSA), uma agência governamental criada em 2000 e que é responsável pela proteção da saúde pública relacionada com os alimentos. Foram realizados testes introduzindo de forma deliberada o vírus em embalagens e produtos alimentícios como, por exemplo, frutas, doces ou bebidas em garrafas.

A escolha dos artigos levou em consideração bens que poderiam ser levados à boca sem serem cozinhados ou lavados. Apesar das conclusões, o risco para os consumidores é muito baixo. O relatório começa por explicar que “esta introdução do vírus”, feita de forma artificial, “não reflete os níveis de contaminação reais encontrados” nesses produtos. Em grande parte dos artigos houve uma queda muito significativa dos níveis do vírus nas primeiras 24 horas. Mas em alguns casos o vírus sobreviveu cerca de uma semana, concluiu a equipa da Universidade de Southampton, segundo a BBC.

Apesar do baixo risco de contágio, os especialistas consideram que “para um agente altamente infecioso como o Sars-Cov-2, que pode ser transmitido através do toque em superfícies contaminadas, as descobertas são dignas de nota”, defendem. E os consumidores “devem ter interesse em saber que o vírus persiste, de forma infeciosa, em alimentos e embalagens durante vários dias em condições muito comuns”.

Acrescentam mesmo que não há necessidade de precauções adicionais além de se lavar as mãos antes de os preparar e comer ou, ainda, passar os produtos frescos por água para ajudar a remover qualquer contaminação da superfície.

Entre os alimentos escolhidos estavam vários vendidos a granel, vendidos em balcões: padaria, croissants, maçãs, pimentos, queijo, presunto ou azeitonas, entre outros. Já as embalagens testadas incluíam garrafas de bebidas, caixas e latas.

A quantidade de vírus introduzida nos bens tentou simular a quantidade que alguém infetado poderia deixar caso espirrasse ou tossisse perto dos produtos. Todavia, respirar partículas suspensas no ar ainda é a forma principal de contágio para quem fica infetado.

Em declarações à BBC, Anthony Wilson, o responsável do risco microbiológico da FSA, assumiu que "no início da pandemia pouco se sabia sobre como o vírus sobrevivia em diferentes superfícies ou embalagens", por isso a avaliação era feita tendo em conta o "pior cenário".

Esta investigação "dá uma visão adicional da estabilidade do vírus nas superfícies de diversos alimentos e confirma que as hipóteses, colocadas inicialmente foram adequadas, porque a probabilidade de se ficar infetado desta forma é muito baixa".

O que revelam os testes

Frutas e vegetais
O vírus parece durar mais tempo em produtos com superfícies irregulares - brócolos e framboesas, por exemplo - do que em produtos de pele lisa, como as maçãs. No entanto, foram encontrados vestígios em pimentos uma semana depois. Os cientistas revelaram ainda que as maçãs são portadoras de químicos naturais que, numa questão de minutos ou poucas horas, começam a eliminar o vírus.

Bens doces cozinhados
Os doces, ao fim de algumas horas, tinham pouca presença de vírus. Os especialistas da FSA acreditam que um dos motivos pode ser a existência de uma fina camada de ovo na sua preparação, já que o ovo contém ácido araquidônico que pode ter um efeito antiviral.

Itens "delicatessen"
Já o queijo e as carnes frias, com alto teor de proteína e gordura, parecem permitir que o vírus sobreviva por mais tempo - cerca de uma semana.

Bebidas e refeições pronto a comer
O vírus pode sobreviver até uma semana em superfícies plásticas. Em caixas podem ser vários dias, mas em latas de alumínio provavelmente são apenas algumas horas, dizem os cientistas.

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