Jorge Silva (Lazio): «Parece que estou a viver um filme»

11 mar 2020, 18:40
Jorge Silva (SS Lazio)

Defesa português de 21 anos, irmão de Fábio Silva, relata ao Maisfutebol como o clube italiano está a lidar com a covid-19. Uma semana em casa e sem treinos. Sair, só para reforço alimentar.

Uma semana sem treinos. Ficar em casa por precaução. Sair só em extrema necessidade de abastecimento alimentar.

Assim está e vai ser, até segunda-feira, o resto da semana para Jorge Silva. O defesa de 21 anos da Lazio é um dos futebolistas portugueses a atuar em Itália, o país europeu atualmente mais afetado pelo surto do novo coronavírus (covid-19), esta quarta-feira declarado como pandemia pela Organização Mundial de Saúde.

A partir da comuna de Formello, província de Roma, onde reside, Jorge Silva falou esta quarta-feira, ao Maisfutebol, de uma situação «nada fácil» para a Lazio, inerente a todo o desporto no país. «Estamos praticamente obrigados a ficar em casa. Só mesmo para necessidades alimentares é que podemos sair. Os treinos foram cancelados até segunda-feira», afirmou o defesa, sublinhando a decisão anunciada pelo clube na terça-feira.

Para contornar a situação, o clube distribuiu pelo plantel do atual segundo classificado da Serie A - campeonato principal de Itália suspenso até 3 de abril - um plano de treino para manter índices físicos. Depois de um jogo amigável contra a equipa de sub-20, no sábado, o plantel não voltou a treinar junto.

«Como somos obrigados a ficar em casa e não podemos apresentar-nos no centro de estágios para treinar - só quem está mesmo lesionado é que pode aparecer para fisioterapia - deram-nos um plano para esta semana, com exercícios para fazer em casa, porque a maioria de nós tem ginásio em casa», afirmou o irmão do avançado do FC Porto, Fábio Silva, ao nosso jornal.

Na terça-feira, antes da decisão de o clube cancelar os treinos, o plantel reuniu para debater o assunto e Jorge Silva sublinhou que a equipa não quer que o campeonato seja definitivamente suspenso. Gostaria de ter viajado até Portugal nesta altura, mas respeitou as indicações do emblema romano.

«Principalmente porque estamos a lutar pelo título, queremos que não suspendam o campeonato. Estamos sempre em comunicação com os outros jogadores, já fizemos algumas reuniões com a equipa técnica, com os diretores, para fazer tudo para que o campeonato prossiga. Se o campeonato for cancelado, é como se o nosso trabalho até aqui fosse inútil. Antes de sair a regra que o clube impôs de ficar em casa, falámos entre nós no balneário. Se me deixassem, tinha ido a Portugal por estes dias, mas disseram que era melhor não. Aos estrangeiros, disseram para não sair do país», explicou, comparando a um «filme» o quotidiano recente.

«É um tédio, porque já estou há três ou quatro dias em casa. Só saio para ir às compras. De manhã acordas, tomas o pequeno-almoço, sentas-te no sofá, vês televisão. Lanchas, sentas-te no sofá. Jantas, sentas-te no sofá, ouves um bocado de música. Temos esse treino específico durante a tarde. Até comentei com o meu pai, parece que estou a viver um filme. Pessoas a correr para os supermercados, supermercados vazios. Compram com medo que as coisas acabem, para não estarem a sair de casa», relatou o jovem formado no FC Porto e no Benfica, que ainda aguarda estreia dada pelo técnico Simone Inzaghi.

«Ainda não joguei, já tive várias convocatórias, mas ainda não joguei por opção. Já estive lesionado, perdi parte da pré-época, rasguei o gémeo e no início da época estive um mês parado. Acredito que, se continuar a trabalhar, a oportunidade vai chegar. Também não é uma posição fácil, primeiro porque em equipa que ganha não se mexe e os jogadores da minha posição são experientes, têm muitos anos da Serie A. Tenho de esperar pela minha oportunidade, sei que vai aparecer», considerou.

Em Itália, há mais de 10 mil infetados com a covid-19 e pelo menos 631 mortos, o que já levou o Governo transalpino a decretar quarentena em todo o país.

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