Coreia do Norte: adolescente condenado a trabalhos forçados por ver filme sul-coreano

7 dez 2021, 06:50
Ajeossi (Divulgação)

Rapaz terá sido condenado a 14 anos de pena após ter visto apenas 5 minutos de filme da Coreia do Sul. Pais também poderão ser alvo de acusação

Um rapaz norte-coreano de 14 anos terá sido condenado a uma pena de trabalhos forçados por ter visto o início de um popular filme sul-coreano de 2010, “Ajeossi” ("O Homem de Lugar Nenhum", no título português). De acordo com as notícias divulgadas esta terça-feira pela imprensa sul-coreana, o adolescente terá sido condenado a uma pena de 14 anos num campo de trabalhos forçados. Terá sido “apanhado” quando tinha visto apenas os primeiros cinco minutos do filme.

As autoridades da Coreia do Norte têm apertado a vigilância e as sanções, para impedir que os cidadãos tenham acesso a produtos culturais de fora do país, sobretudo da vizinha Coreia do Sul. Nova legislação aprovada em 2020 prevê penas até 15 anos de trabalhos forçados para quem consuma produtos culturais sul-coreanos, seja cinema, televisão, música, mas também livros, desenhos, fotos e quaisquer outros tipos de conteúdo, independentemente do seu suporte.

De acordo com a notícia divulgada em primeira mão pelo Daily NK - um site especializado em informação sobre o que se passa na Coreia do Norte -, o rapaz agora condenado seria estudante no Liceu de Hyesan, uma cidade no norte do país, perto da fronteira com a China. 

Apesar de ser adolescente, terá sido julgado e condenado como se fosse adulto, no que está a ser visto como um aviso das autoridades, para desincentivar o consumo clandestino de produtos culturais estrangeiros por parte dos mais jovens. A mesma notícia, baseada em fontes clandestinas da Coreia do Norte, adianta que os pais do rapaz poderão ser igualmente punidos, de acordo com uma outra lei, que condena a “educação irresponsável”.

Em fevereiro passado, um jovem e os seus pais terão sido deslocados da cidade de Sinuiji para uma zona rural depois de o rapaz ter sido condenado pelo crime de ver pornografia em casa. 

Outro caso foi reportado no mês pela Radio Free Asia, segundo a qual um homem foi condenado à morte por contrabando e venda de cópias da série “Squid Game”. Sete alunos de um liceu terão sido igualmente punidos por terem sido apanhados a ver essa popular série sul-coreana, a mais popular de sempre da plataforma Netflix.

Diversos desertores norte-coreanos têm testemunhado que é prática comum a condenação a pena de morte de quem faça cópias ou distribua séries de televisão oriundas da Coreia do Sul.

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