Revelados planos da cidade tecnológica “de 10 minutos” em Seul

CNN , Oscar Holland
25 nov 2021, 08:51
Créditos: Courtesy WAX & Virgin Lemon

A ideia de uma "cidade de 15 minutos", na qual os residentes podem estar no trabalho ou em espaços de lazer em 15 minutos a pé ou de bicicleta a partir de casa, ganhou bastante força entre os urbanistas durante a pandemia da covid-19.

Agora, um grupo de arquitetos está a delinear um bairro ainda mais ambicioso na capital da Coreia do Sul, Seul: uma cidade de 10 minutos.

Batizado como "Projeto H1", este empreendimento tem como objetivo transformar um velho estaleiro industrial numa cidade “inteligente” interconectada. Combinando oito edifícios residenciais com escritórios de coworking e áreas de estudo, esta zona com 500 km2 também deverá alojar espaços de entretenimento, centros de fitness, piscinas e até quintas urbanas hidropónicas.

O projeto é composto por oito torres residenciais, bem como espaços comerciais e de lazer. Créditos: Cortesia WAX & Virgin Lemon

Concebido pela empresa de arquitetura holandesa UNStudio e patrocinado pela Hyundai Development Company (uma empresa imobiliária pertencente ao conglomerado do fabricante de automóveis com o mesmo nome), o bairro também será totalmente interdito a carros. De acordo com o comunicado de imprensa relativo ao projeto, "todas as comodidades da cidade" ficarão a 10 minutos a pé, a partir das casas das pessoas.

Num comunicado da UNStudio, o cofundador Ben van Berkel afirma que a “experiência quotidiana” dos residentes é a “principal prioridade” do projeto.

"Fazemos isto graças à inclusão de uma alta densidade de experiências edificantes e com curadoria no local, que fornecem uma extensa gama de opções para a forma como pretendem gerir a sua vida, tempo de trabalho e tempo de lazer, poupando também o tempo necessário para viajar para outros locais da cidade. Com o tempo que poupam, gera-se mais tempo", segundo ele.

Uma representação digital mostra os residentes a passear no bairro de pedestres. Créditos: Cortesia WAX & Virgin Lemon


Um porta-voz da UNStudio confirmou que o projeto já teve luz verde, mas não revelou quando terá início a construção. Por agora, uma série de representações em computação gráfica dão algumas pistas quanto ao aspeto do bairro, com praças, jardins, telhados verdes e "zonas naturais" ligadas por passagens pedonais.

Segundo os arquitetos, essa energia limpa será produzida no local, e estão a ser concebidos sistemas para captar e armazenar chuva, de modo a reduzir o consumo de água.

O conceito da "cidade de 15 minutos" começou por ser proposto pelo académico franco-colombiano Carlos Moreno, em 2016, e mais recentemente tornou-se popular graças à presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, que propôs transformar a capital francesa numa "ville du quart d'heure", ou cidade de 15 minutos, na sua recente campanha de reeleição.

Vista aérea de uma proposta de bairro. Créditos: Cortesia WAX & Virgin Lemon


Alguns críticos sugeriram que o conceito poderia resultar na gentrificação, ao concentrar ainda mais a riqueza nas zonas com mais acessibilidades e comodidades. Em contrapartida, o interesse nos bairros de "15 minutos" poderá resultar em preços de casas proibitivos para as comunidades marginalizadas e com baixo poder aquisitivo.

Mas a pandemia da covid-19 registou um interesse crescente neste conceito. Com pessoas de todo o mundo em teletrabalho, a evitar os transportes públicos, os urbanistas começaram a adaptar as ruas aos pedestres e a reimaginar como as cidades poderão gerir altas densidades populacionais.

Num artigo para a publicação académica Smart Cities, no início deste ano, Moreno escreveu: "O surgimento desta pandemia expôs a vulnerabilidade das cidades... e a necessidade de repensar tudo de forma drástica. Há que personalizar medidas inovadoras, para garantir que os residentes urbanos conseguem enfrentar e prosseguir as suas atividades básicas, e até mesmo culturais, de modo a que as cidades se mantenham resilientes e habitáveis a curto e longo prazo."

Ele acrescenta que: "é agora necessário que haja investigação adicional para mostrar como este conceito e os respetivos elementos podem ser replicados em cidades de países economicamente menos desenvolvidos."

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