Ano de 2024 foi o mais quente de sempre. Ultrapassou a barreira dos 1,5ºC

Agência Lusa , AM
10 jan, 06:55
Calor (Associated Press)

Temperatura média global foi de 15,10°C

O ano de 2024 ultrapassou pela primeira vez os 1,5°C (graus celsius) acima do nível pré-industrial e foi também o ano mais quente de que há registos, informou o serviço europeu Copernicus.

Em 2015, na cimeira mundial do clima em Paris, foi alcançado um acordo, o Acordo de Paris, segundo o qual os países do mundo se comprometeram a impedir o aumento das temperaturas acima de 2°C em relação à época pré-industrial, e se possível que esse aumento não fosse acima dos 1,5°C.

As atividades humanas, nomeadamente a queima de combustíveis fósseis, provocam a libertação para a atmosfera de gases com efeito de estufa (GEE), que estão a aquecer o planeta e a destabilizar o clima, provocando as chamadas alterações climáticas. Até agora, depois de 29 reuniões (anuais) da ONU sobre o clima, a situação não melhorou.

Esta sexta-feira, o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S) confirmou que 2024 foi o ano mais quente de que há registo a nível mundial e o primeiro ano civil em que a temperatura média global ultrapassou 1,5 °C acima do seu nível pré-industrial.

Embora tal não signifique que se tenha ultrapassado o limite estabelecido pelo Acordo de Paris, que se refere às anomalias de temperatura calculadas em média ao longo de, pelo menos, 20 anos, a verdade é que as temperaturas globais estão a aumentar “além do que os humanos modernos alguma vez experimentaram”, nota o Copernicus.

Citado num comunicado do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas, o diretor da instituição, Carlo Buontempo, advertiu que a humanidade é responsável pelo seu próprio destino, ao recordar que 2024 foi o mais quente desde o início dos registos, em 1850.

“O futuro está nas nossas mãos - uma ação rápida e decisiva pode ainda alterar a trajetória do nosso clima futuro”, disse.

E no mesmo documento Samantha Burgess, diretora estratégica para o Clima, recordou que “cada ano da última década é um dos 10 mais quentes de que há registo”.

“Estas elevadas temperaturas globais, juntamente com os níveis recorde de vapor de água atmosférico global em 2024, significaram ondas de calor sem precedentes e eventos de precipitação intensa, causando sofrimento a milhões de pessoas”, advertiu.

De acordo com o comunicado as alterações climáticas induzidas pelo homem continuam a ser o principal fator das temperaturas extremas da superfície do ar e do mar, mas outros fatores, como o El Niño (aumento de temperatura no Oceano Pacífico), também contribuíram para as temperaturas invulgares de 2024.

O C3S é implementado em nome da Comissão Europeia pelo Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo, estando envolvidas na monitorização do clima global outras cinco organizações.

Temperatura média global foi de 15,10°C

A temperatura média global de 2024 foi de 15,10°C, o que representa mais 0,72°C em relação à média de 1991-2020, fazendo do ano passado o mais quente de sempre.

Segundo um balanço sobre o ano que passou do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do observatório europeu Copernicus (C3S), as temperaturas foram 0,12°C superior a 2023, o anterior ano mais quente de que há registo.

O valor global atingido é equivalente a 1,60°C acima de uma estimativa da temperatura de 1850-1900 designada como o nível pré-industrial, nota o Copernicus, explicando também que tal não significa que as temperaturas tenham ultrapassado um dos limites do Acordo de Paris sobre o clima, os 1,5°C, porque são necessários vários anos.

A verdade é que, nota o Copernicus, 2024 foi o ano mais quente desde pelo menos 1850 e cada um dos últimos 10 anos (2015-2024) foi um dos 10 anos mais quentes de que há registo.

No ano passado a temperatura média global mensal excedeu 1,5°C acima dos níveis pré-industriais durante 11 meses do ano. Aliás, todos os meses desde julho de 2023, com exceção de julho de 2024, excederam o nível de 1,5°C.

No balanço, o Copernicus (uma componente do programa espacial da União Europeia) recorda que em 22 de julho de 2024 foi atingido um novo recorde de temperatura média global diária e que foi o ano mais quente em todas as regiões continentais (com exceção da Antártida e Australásia) e em partes consideráveis do oceano, e salienta que o inverno, primavera e verão do hemisfério norte foram também recordistas de temperatura.

Todos os meses de janeiro a junho de 2024 foram mais quentes do que os meses correspondentes de qualquer outro ano anterior registado.

Destacando que também na superfície do mar se atingiram temperaturas recorde no primeiro semestre de 2024, o Copernicus diz que o ano passado foi igualmente o ano mais quente na Europa, com uma temperatura média de 10,69 °C (1,47 °C acima da média de referência). A primavera e o verão foram os mais quentes de que há registo na Europa.

No documento de balanço destaca-se ainda que em 2024 a quantidade total de vapor de água na atmosfera atingiu um valor recorde, cerca de 5% acima da média de 1991-2020, que na Antártida também se bateram recordes (mínimos) de extensão de gelo durante grande parte do ano, e que as concentrações na atmosfera de dióxido de carbono e metano atingiram também níveis recorde.

E refere-se que no ano que passou foram observados fenómenos meteorológicos extremos em todo o mundo, de inundações a secas, tendo o aumento da quantidade de vapor de água amplificado o potencial para fenómenos de precipitação extrema e desenvolvimento de grandes tempestades, incluindo ciclones tropicais.

O comunicado do programa da União Europeia nota ainda que as temperaturas elevadas e a humidade podem levar a situações de stress térmico (quando o corpo não dá resposta ao excesso de calor, provocando por exemplo febre, dores de cabeça, náuseas ou tonturas), tendo no ano passado grande parte do planeta registado mais dias do que a média com forte stress térmico, e mesmo stress extremo, quando são necessárias medidas para evitar insolações.

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