No documento de comunicação interna é pedido que os funcionários da Comissão se abstenham de identificar pessoas como casadas ou solteiras e pediu que os termos ligados ao Natal não fossem utilizados. Troque-se "o Natal pode ser stressante" por "a época festiva pode ser stressante"
A Comissão Europeia foi obrigada a voltar atrás com os planos que tinha para o seu guia de comunicação interna, após ter sido acusada, inclusive pelo Vaticano, de tentar “cancelar” o Natal e de lançar um ataque ao bom senso.
A controvérsia começou depois de o guia, que contém 30 páginas sobre uso de linguagem mais neutra em termos de género, ter sido apresentado por Helena Dalli, comissária para a igualdade, no final de outubro.
Contudo, as páginas do documento chamaram a atenção do tablóide italiano il Giornale, que avançou com uma campanha de oposição, sustentada por um alto funcionário do Vaticano que não quis ser identificado. Em consequência, a comissária voltou atrás.
“Foram levantadas preocupações em relação a alguns exemplos fornecidos nas Diretrizes sobre Comunicação Inclusiva, que, como é habitual com essas diretrizes, é um trabalho em andamento”, disse sobre o assunto, no Twitter, a comissária, reiterando que está a analisar as questões e a preparar um documento atualizado.
Concern was raised with regards to some examples provided in the Guidelines on Inclusive Communication, which as is customary with such guidelines, is work in progress. We are looking into these concerns with the view of addressing them in an updated version of the guidelines. pic.twitter.com/90ZK8rpPb2
— Helena Dalli (@helenadalli) November 30, 2021
Impulsionado pela presidente da Comissão Europeia, este documento está em linha com o objetivo de implementação de uma “União para a Igualdade”, que garanta que “todos sejam valorizados e reconhecidos, independentemente do sexo, raça ou origem étnica, religião ou crença , deficiência, idade ou orientação sexual ”, como descreveu fonte da comissão ao jornal Politico.
Na apresentação das diretrizes, o documento pede aos funcionários que “não se dirijam ao público como 'senhoras e senhores', mas usassem expressões como 'Caros colegas'”.
Também é sugerido que os mesmos se abstenham de usar os termos em inglês relativos a uma mulher casada ou solteira (entenda-se Mrs e Ms, respetivamente). Em vez disso, apela a que os colegas utilizem o “Ms universalmente ”.
Contudo, a parte mais controversa das diretrizes foi a que se lê “evitar presumir que todos são cristãos".
“Nem todos nós celebramos os feriados cristãos, e nem todos os cristãos os celebram nas mesmas datas”, diz o documento que aconselha a equipa a evitar frases como "a época do Natal pode ser stressante" e, em vez disso, a usarem "a época festiva pode ser stressante".